Os devices tecnológicos capilarizam o acesso à saúde, no serviço público ou privado, e ajudam as instituições a atuarem de maneira preventiva
A implementação da telemedicina em instituições de saúde foi tema de painel do Global Summit Telemedicine & Digital Health 2021 organizado pela Tuinda Care, no dia 12 de novembro. A startup tem o propósito de democratizar o acesso a cuidados em saúde de qualidade no Brasil por meio da telemedicina. Participaram a coordenadora do núcleo de Telessaúde do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e pesquisadora da Responsabilidade Social, Daniela Rodrigues; a coordenadora do Serviço de Telessaúde do Hospital Pequeno Príncipe, Rafaela Wagner; e o gerente Médico de Novos Serviços e Telemedicina no Hospital Infantil Sabará, Rogerio Carballo Afonso.
Daniela Rodrigues destacou que o atendimento médico fica mais qualificado com o uso de um kit portátil para exame físico à distância, disponibilizado pelos hospitais e planos de saúde para o atendimento remoto a crianças e adultos, que tem o nome comercial de TytoCare. “A ferramenta fornece dados muito objetivos de exames físicos, de sinais vitais, e isso enriquece e traz muita segurança para o usuário final e para o médico. Traz um arsenal para a mão do profissional muito forte”, afirmou. Segundo ela, “dentro do projeto de telessaúde do Hospital Alemão Oswaldo Cruz a tecnologia tem sido parte da estratégia de expansão do uso de telemedicina no sistema de saúde público”. Entre os projetos estão a implementação da saúde digital na rede de atenção primária do estado do Piauí e instalação de salas de teleatendimento em empresas. “Esses devices capilarizam o acesso à saúde, no serviço público ou privado, e ajudam as instituições a atuarem de maneira preventiva. Eles quebram barreiras”, disse a médica que é pesquisadora da área de Responsabilidade Social do Hospital.
No Hospital Pequeno Príncipe, que tem no DNA a filantropia e a inovação, o serviço de telessaúde foi criado em 2020. “Partimos do olhar das pontas da operação: médico e paciente, com uma questão norteadora de como tornar a tecnologia uma ferramenta que vai transpor as fronteiras e viabilizar o acesso à saúde a todos, apesar dos desafios como a desigualdade social no Brasil”, contou Rafaela Wagner. Em uma instituição tão tradicional e técnica, houve uma preocupação inicial, a implementação ocorre por meio de um programa de educação continuada e acompanhamento seriado, até o domínio do processo. “É muito importante entender quais as demandas da especialidade, como enquadrar o device dentro daquelas doenças específicas e de um perfil específico de pacientes. Usamos uma literatura confiável, de experiências internacionais, e desenvolvemos um manual de telepropedêutica que está em fase final para ser implantado”. Ela salientou que, do lado do paciente, a preocupação foi não segregar mais as populações que têm dificuldade de acesso. “Muitas vezes nós levamos a infraestrutura até eles”.
Já o representante do Hospital Infantil Sabará destacou que um terço das crianças no Brasil são atendidas por não pediatras. “Daí a importância de conseguirmos levar a pediatria para qualquer lugar e para qualquer criança do nosso país. E é só a telemedicina que permite isso”. Rogerio Carballo Afonso relatou que a implantação da jornada híbrida, principalmente nas especialidades que cuidam de crianças com condições clínicas complexas, trouxe muita segurança para os médicos. “Estimulamos a inclusão da telemedicina nas linhas de alta complexidade, principalmente: crianças no pós-operatório de cirurgia cardíaca, reabilitação intestinal, nefrologia e até cuidados paliativos. Conseguimos levar o médico para dentro da casa dos pacientes, inclusive realizando o exame físico”. No caso dos pacientes pós cirurgias cardíacas, eles saem de alta e ficam com o TytoCare por 30 dias. “Muitas crianças de fora de São Paulo se beneficiam, inclusive com a possibilidade da interconsulta. Ou seja, oferecemos cuidado à distância em parceria com o cardiologista local”, finalizou.
A Tuinda Care é distribuidora exclusiva da tecnologia TytoCare no território nacional. Com a ferramenta, o profissional de saúde conduz o paciente na realização de otoscopia; análise de possível infecção da orofaringe; ausculta pulmonar, do coração e abdômen; frequência cardíaca; aferição da temperatura; imagens de lesões na pele com alta resolução; bem como para medir a pressão e o nível de oxigênio no sangue. Pode ser utilizado nas especialidades de pediatria, clínica geral, otorrinolaringologia, pneumologia, cardiologia e dermatologia, entre outras. A startup conta com o apoio dos hospitais Pequeno Príncipe, em Curitiba/PR e Sabará em São Paulo/SP como aceleradores.