De acordo com a Associação Nacional de Restaurantes (ANR), a participação média do delivery no total de faturamento dos restaurantes aumentou de 11% para 21% entre o início da pandemia e dezembro de 2020. Com a necessidade de passar mais tempo em casa, muitas vezes trabalhando, cuidando da educação dos filhos e administrando uma rotina estressante, as pessoas acabam optando pela comida entregue por aplicativos ou pelos próprios restaurantes. Com isso, nasceu a necessidade de lidar com diferentes empresas e formas de entrega e, consequentemente, de padronização.
Além disso, quando os restaurantes não aderem a um hub de delivery, convivem com uma grande quantidade de equipamentos para gerir pedidos das plataformas, o que torna a operação muito complicada. Caso optem por um hub, precisam lidar com a dificuldade de se integrar a vários parceiros. O desenvolvimento dessa engrenagem é lento, o que acaba se tornando um impedimento para a entrada de novos players.
Por esses motivos, o advento do Open Delivery é muito bem-vindo! A iniciativa foi idealizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL), que tem acesso direto aos estabelecimentos e um relacionamento direto com as software houses e marketplaces.
No geral, a ideia do “OPEN” tem crescido em diversos setores a partir das iniciativas do mercado financeiro com o conceito de Open Banking. Com ela, há uma quebra de barreiras tecnológicas para a criação de um ecossistema colaborativo que possibilita a inovação em uma velocidade surpreendente. Ainda existem certas reservas de mercado, mas também há a percepção de que este movimento é inevitável.
E vantagens não faltam! Com a padronização da comunicação entre os participantes do mercado, sobra mais tempo e dinheiro para investimento nos demais aspectos dos negócios. Isso torna o ambiente empresarial mais apto a gerar inovação. Além disso, fica mais simples a entrada de novos players, o que fomenta a concorrência e traz benefícios tanto para os estabelecimentos quanto para o consumidor final.
Porém, criar um padrão que atenda diferentes empresas e negócios é sempre um grande desafio. Já temos tecnologia para isso, mas esta uniformização deve ser construída com tempo, pois surgem novas necessidades todos os dias e o Open Delivery deve realmente ser “aberto” para atender a todas elas. Essa construção deve ser contínua e democrática, uma vez que a força da iniciativa está justamente na adesão do maior número de participantes possível ao negócio.
Nesta fase inicial, marketplaces e software houses deverão aderir rapidamente. Tecnicamente falando, essas empresas vão implementar uma integração utilizando a nova forma de comunicação. A partir desse ponto, espera-se que outros participantes cheguem.
Do ponto de vista do negócio, restaurantes buscarão sistemas de automação aderentes ao Open Delivery e assim terão mais opções para vender seus produtos. Para o consumidor final, haverá a liberdade de escolha de novos marketplaces. Empresas de logística terão a mesma facilidade de se integrar a marketplaces e sistema de PDV, tornando assim o negócio mais simples do ponto de vista de tecnologia.
Toda essa movimentação facilita o surgimento de marketplaces, o que fomenta a concorrência e dá asas ao mercado para que novas iniciativas floresçam. Em breve, teremos integrações que poderão ser ativadas com apenas um clique e nunca terá sido tão fácil criar canais de vendas para produtos. Finalizando, a união do Open Delivery com o PIX deve revolucionar o mercado de restaurantes e ser um dos grandes saltos tecnológicos do setor em muitos anos.
Estamos apenas no começo de uma grande revolução!
*Marcelo Bianchini é diretor de Produtos e Negócios da E-Deploy.
Perfil Marcelo Bianchini – E-Deploy
Aos 39 anos, o diretor de Produtos e Negócios da E-Deploy, Marcelo Bianchini, se mostra consciente de que a Tecnologia da Informação vai além e está presente em todos os âmbitos de uma empresa e das nossas vidas. Talvez por isso, sua ascensão na empresa tenha sido tão rápida, quase meteórica. Hoje, aos 39 anos, após atuar como programador e líder técnico, ele passou a dar suporte técnico ao diretor comercial. Neste ponto, sua atuação era preponderante, pois mediante sua experiência com TI, conseguia compreender as reais necessidades dos clientes e transmitir à equipe. E não demorou muito para que ele assumisse a área Comercial, como titular.
Neste caso, sua história serve de base para ratificar a ideia de que a área oferece inúmeras oportunidades e deixou de ser um mero apoio para se tornar pilar do negócio. “A TI está presente em todas as áreas: do marketing chegando ao financeiro. E isso faz com que as empresas ofereçam inúmeras oportunidades para profissionais que tenham uma visão ampla, ou horizontalizada”.
Mas, segundo ele, nem sempre foi assim. “O interessante é que há um tempo, não se tinha conhecimento ou era muito raro um CIO se tornar CEO de uma empresa que não é baseada em tecnologia, mas que vive da tecnologia. Com esta maior abrangência, é plenamente possível”.