Em dezembro, o exame final para revalidar diplomas médicos expedidos por instituições estrangeiras acontece no Brasil; Associação Médica ressalta lutas para a não flexibilização das provas
No mês de dezembro, acontece a segunda etapa do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) 2021. As provas serão aplicadas nos dias 18 e 19 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A iniciativa busca subsidiar a revalidação, no Brasil, do diploma de graduação em Medicina no exterior.
Diante da proximidade da aplicação do exame, a Associação Médica de Ponta Grossa (AMPG) reforça a importância da realização da prova para assegurar a qualidade do atendimento aos pacientes e ressalta a luta médica para a manutenção das provas. Em 2020, um projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) pretendia criar o Revalida Paraná. As ações propostas no documento, porém, descontentaram a classe médica do estado, que viu na iniciativa uma forma de flexibilizar a prova, facilitando a revalidação dos diplomas que eram expedidos no exterior.
De 2020 para cá, a Associação Médica de Ponta Grossa atua para orientar os médicos e acadêmicos sobre o perigo da flexibilização do exame, tanto para a classe médica, quanto para a sociedade. Na proposta apresentada na Alep, quatro instituições que possuem curso de Medicina ficariam responsáveis pela revalidação: Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro) e Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Na ocasião, após ouvir médicos e docentes da UEPG, a AMPG manifestou ser contrária ao projeto de lei que pretendia criar o Revalida no Paraná e levou a discussão a âmbito estadual, por meio da Associação Médica do Paraná (AMP). A AMP acolheu a manifestação e se juntou a outros órgãos, como o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), para fortalecer as discussões em prol da não aprovação do projeto.
Diante da avaliação da proposta, a AMPG procurou o presidente da Associação Médica do Paraná (AMP), Nerlan Tadeu Carvalho, que junto com outros diretores, entraram em contato com os deputados estaduais para debater os riscos caso o projeto de lei fosse aprovado. Diante da pressão exercida pela classe médica e também pelos reitores das universidades estaduais, a Alep retirou o caráter de urgência do projeto, não sendo votado até hoje.
De acordo com o presidente da AMPG, Francisco Pereira Barros, a manifestação para impedir o avanço da criação do Revalida Paraná, foi uma das marcas da Associação nos últimos anos. “A AMPG preza pela formação de qualidade em Medicina. Consideramos injusto flexibilizar a realização do Revalida, pois sabemos da luta que muitos acadêmicos travam para ingressar em uma universidade brasileira e se manter firme durante os seis anos, independentemente de ser uma instituição pública ou privada. Temos conhecimento também que países vizinhos ofertam o curso de Medicina com menos exigências do que no Brasil, o que faz com que muitos optem por esse ensino”, sustenta Barros.
Segundo Barros, caso haja a flexibilização para exercer a profissão no país, os atendimentos aos pacientes podem ser precarizados, já que nem todos tiveram uma formação de qualidade em universidades do exterior. “Diante da nossa avaliação sobre a proposta, conversamos com a AMP, que se reuniu com os deputados para debater os riscos caso o projeto de lei fosse aprovado. Acredito que tenha valido a pena, pois outros médicos e órgãos se juntaram nessa causa”, complementa.
A proposta de lei apresentada na Alep pelo deputado Emerson Bacil (PSL) e outros coautores previa simplificar o processo com oferta de complementação em universidades brasileiras. A Associação Médica do Paraná se posicionou afirmando que o projeto “representa ameaça à adequada avaliação de competências, habilidades e atitudes no exercício da Medicina por parte de detentores de títulos obtidos no exterior”.
Conforme o presidente da AMPG, a intenção da Associação é fortalecer cada vez mais a classe para as lutas que envolvem a formação médica de qualidade. “O papel da AMPG é defender os médicos da região. Essa defesa também precisa levar em conta todos os acadêmicos que lutaram para chegar aonde estão. Prezamos isso porque queremos que a categoria seja valorizada e atenda com qualidade os pacientes. O objetivo da AMPG, nesse sentido, é buscar estreitar os laços com os médicos e universitários para que possam contar conosco também em várias outras causas que sejam de interesse da classe”, finaliza Barros.
Muito mais do que uma associação
A Associação Médica de Ponta Grossa é a entidade que defende a classe nos Campos Gerais. Os associados têm acesso a orientações jurídicas e possuem maior facilidade para aderir ao Sistema Nacional de Atendimento Médico (Sinam). Além da representatividade perante os interesses dos profissionais da região, a AMPG também fornece aos associados condições especiais em estabelecimentos comerciais e instituições de ensino parceiros, além de realizar um trabalho com mídia que permite a divulgação do trabalho dos membros nas redes sociais. A diretoria atual é composta por: Francisco Pereira Barros Neto (presidente), Gilmar Nascimento (vice-presidente), José Artur Sgarbi (tesoureiro) e Mário Montemór Netto (secretário). As principais frentes da AMPG são Relacionamento Comunitário, Convênios e Científico & Cultural.Para mais informações, o telefone de contato é o (42) 3224-2261. A AMPG localiza-se na rua Júlia Wanderley, 473.