Câncer no olho do bebê pode passar despercebido

O retinoblastoma ou câncer no olho pode ficar encoberto e não ser detectado no primeiro “teste do olhinho”. Entenda.

Câncer no olho do bebê pode passar despercebidoSe você está se perguntado por que o retinoblastoma ou câncer no olho da filha dos jornalistas Leifer e Daiana não foi diagnosticado logo no início, saiba que esta é uma doença traiçoeira. No Brasil a situação é grave. Dados do Ministério da Saúde mostram que só 50% das crianças passam pelo “teste do olhinho” indicado para detectar as doenças que mais causam a perda da visão na infância: câncer, catarata e o glaucoma congênito.  A falta de acesso ao exame por todos os recém-nascidos é um dos fatores que explica a maior incidência de retinoblastoma nos países menos desenvolvidos apontada por um estudo global, recentemente publicado na revista científica, The Lancet.

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, no Brasil logo após o nascimento as maternidades realizam o “teste do olhinho” nos recém-nascidos com um oftalmoscópio, equipamento que emite uma fonte de luz no olho do bebê. Quando a pupila responde com um reflexo vermelho contínuo indica saúde. Se o reflexo for descontínuo ou esbranquiçado sinaliza doença.

O especialista ressalta que a maioria dos pais só leva a criança ao oftalmologista quando atinge a idade escolar. O problema é que o retinoblastoma, catarata e o glaucoma congênitos podem ficar adormecidos no olho e se desenvolver nos primeiros anos de vida quando não são descobertos no nascimento do bebê.  Por isso, a recomendação do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) do qual o especialista faz parte é de que o “teste do olhinho” seja repetido três vezes ao anos até a idade de três anos. Neste período, ressalta, deve passar pelo primeiro exame oftalmológico completo quando atinge 1 ano de idade ou se surgir alguma alteração no “teste do olhinho”.

Queiroz Neto afirma que poucas crianças seguem este protocolo. “Já operei um menino com catarata congênita, doença responsável por 40% da perda de visão na primeira infância, que tinha passado pelo “teste do olhinho” na maternidade, mas  ficou anos sem um único exame nos olhos. Isso é mais frequente do se possa imaginar. Pode acontecer também com o retinoblastoma que nem sempre surge logo após o nascimento.  A maioria dos diagnósticos de câncer no olho ocorre até 18 meses, salienta. A doença resulta de uma alteração genética nas células da retina que se reproduzem descontroladamente, mas só 10% têm um caso na família. Repetir a cada três meses o “teste do olhinho” até a idade de 3 anos, e submeter a criança com 1 ano a uma consulta oftalmológica completa faz a chance de cura chegar a 90% e preserva a vida da maioria das crianças”, ressalta. O diagnóstico tardio pode cegar e até levar à morte por uma metástase do câncer no cérebro. Por isso se você tem uma criança com menos de 5 anos em casa deve seguir estes protocolos.

Sintomas

Queiroz Neto afirma que o principal sintoma do retinoblastoma é a leucocoria também conhecida como olho de gato, um reflexo branco na pupila. A alteração é percebida sob luz artificial e em fotos tiradas com flash. Nas duas situações os olhos saudáveis emitem um reflexo vermelho como acontece no teste do olhinho. Outros sintomas do retinoblastoma são: estrabismo (olho torto), glaucoma, vermelhidão e baixa visão.

Tratamentos

O oftalmologista afirma que o tratamento geralmente requer uma equipe multidisciplinar e pode ser feito por diferentes técnicas. Uma delas é a terapia focal via destruição térmica, congelamento, laser e ou braquiterapia.  Outra é com quimioterapia sistêmica, intravítrea ou intra-arterial e nos casos muito avançados por enucleação, cirurgia que retira o globo ocular para preservar a vida do bebê. Hoje, uma das técnicas mais utilizada é a quimioterapia intra-arterial. Consiste em injetar na artéria da retina o medicamento, diminuindo desta forma os efeitos colaterais sistêmicos que podem ter reflexos na saúde por toda vida.  Em 70% dos casos salva a vida e a visão, conclui.

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