A funcionalidade é uma das características mais importantes na hora de planejar uma cozinha – sem deixar de lado, é claro, a beleza e o conforto. Um olhar criativo é importante nesse momento, para equilibrar funções enquanto desenha o ambiente. Desde a disposição de utensílios e chaves de luz até espaço para circular pela cozinha enquanto prepara alimentos precisam ser vistos com atenção. A arquiteta e designer Karolinna Venturi, que atua há mais de 15 anos nesta área, dá dicas e comenta as melhores maneiras de aproveitar ao máximo a cozinha, seja grande ou pequena.
O layout é a primeira etapa do planejamento. A cozinha é um ambiente com eletrodomésticos grandes e que precisa de muitas tomadas, então a disposição destes precisa ser bem calculada. “Em espaços maiores, uma regra básica é utilizar o ‘sistema triângulo’, como é chamado. Pia, geladeira e fogão ficam dispostos em três paredes diferentes, facilitando a organização e divisão”, comenta. Para espaços menores, a dica é outra: “O mais indicado é utilizar o ‘sistema linear’ com uma única parede agrupando os itens. Neste caso, é importante posicionar os eletrodomésticos do lado oposto do fogão, evitando que o calor danifique aparelhos”. Nos dois casos, há uma dica igual: a geladeira deve ficar o mais próximo da pia.
A mobilidade das pessoas na cozinha é outro passo essencial. “É impossível projetar uma cozinha sem imaginar a rotina dentro dela”, Karolinna discorre. “Além de levar em consideração os movimentos humanos, deve-se analisar todas as possibilidades relacionadas a abertura de portas de eletrodomésticos e armários. Tudo isso precisa constar no projeto para garantir uma circulação perfeita”.
Bancadas de cozinha são ótimas para funcionalidade e ainda criam a ambientação agradável, porém precisam ser muito bem pensadas. A designer de interiores afirma que as medidas ideais para bancadas de trabalho, em média, são 60 cm de profundidade e instaladas a uma altura entre 83 cm e 90 cm. “O indicado é que as bancadas sejam instaladas 5 cm abaixo da altura do cotovelo da pessoa que mais utiliza a área”, define. Já uma bancada de alimentação pode ter profundidade menor, entre 30 e 45 cm, para apoio de pratos e travessas. A altura leva em consideração as banquetas ou cadeiras – que precisam ter um espaço de aproximadamente 30 cm de distância da bancada. “A dica é testar muito antes de finalizar o projeto”, Karolinna conta.
Materiais e revestimentos
Durabilidade e resistência são dois fatores primordiais na hora de escolher os materiais e revestimentos para a cozinha. As pedras continuam sendo a melhor escolha para bancadas e cozinhas – e, no caso de área molhada que tenham contato direto com água, é bom que tenham rodapia (ou rodabanca) na parede. “O destaque fica para o granito. Os mármores são mais porosos e absorvem líquidos, manchando com facilidade”, revela a arquiteta. Uma tendência é a bancada de concreto polido, mas estas precisam ser impermeabilizadas.
Materiais lisos são os mais indicados para pisos e paredes, pela facilidade de manutenção. “Aqui também tratamos de materiais mais tradicionais, como porcelanatos, porcelanas e pedras”, explica.
A iluminação também demanda atenção especial. A designer comenta: “Por ser um espaço de trabalho que envolve utensílios e práticas que exigem certo cuidado, é muito importante que bancadas, pias e áreas utilizadas para corte de alimentos sejam muito bem iluminadas, com lâmpadas frias”. Ela indica ainda luzes direcionadas, focadas em determinadas superfícies que aumentem a iluminação dos espaços e evitando sombreamentos.
A escolha de armários vai além de aspectos estéticos. “Antes de tudo, trabalhe com profissionais especializados”, alerta Karolinna. Para armários superiores, por exemplo, é preciso pensar na ergonomia. “É indicado que a base do armário seja posicionada com altura de aproximadamente 1,45 m do chão, com um espaço de 50 cm a 60 cm entre a bancada e o começo da marcenaria. E para evitar batidas de cabeça, é ideal que o móvel tenha recuo de no mínimo 20 cm do início da bancada inferior”.
Quem pretende instalar prateleiras, versáteis e práticas, precisa pensar em quais itens serão armazenados nelas. “A partir daí, você pode pensar nas medidas ideais para instalar prateleiras e comportar tais utensílios”, explica a arquiteta. Ainda que a praticidade seja um ponto relevante na escolha entre armários ou prateleiras, a parte estética também é decisiva na hora de planejar a cozinha. “As pessoas têm aprendido a apreciar cada vez mais esse ambiente, a explorar mais a prática gastronômica, então combinar a funcionalidade com o conforto e beleza dá maior destaque à cozinha, estimulando a apreciação da arte de cozinhar”, completa Karolinna.