Caetano Brasil traz novo olhar para a obra de um dos maiores compositores brasileiros no álbum “Pixinverso – Infinito Pixinguinha”

Clarinetista, saxofonista e compositor, Caetano Brasil está em um dos principais momentos de sua carreira que já tem mais de uma década de estrada. Após ser indicado pelo álbum “Cartografias” na categoria de Melhor Álbum Instrumental para o Grammy Latino 2020, ele volta não só às suas raízes como a de toda a música brasileira para buscar um olhar para o futuro. “Pixinverso – Infinito Pixinguinha” é um disco focado em estreitar os laços entre o choro, o jazz contemporâneo e a world music, relendo composições que fazem parte da vida de milhões de pessoas.

“Este é meu terceiro álbum como bandleader, o primeiro deles dedicado exclusivamente a releituras. Pixinguinha é talvez o compositor que há mais tempo e de forma constante faz parte do meu repertório. Quando criança, frequentei uma oficina de música no bairro em que morava e lá, por intermédio do coordenador Marcelo Gonçalves, pude conhecer a magia do choro. Fui tocado de uma maneira intensa e profunda, como se eu tivesse vindo ao mundo para esse encontro. O choro e sua ancestralidade nunca saíram de mim. Na verdade, é como se ele fosse comigo desde que eu existo”, relembra Caetano. “Ser um homem preto LGBTQIA+ tocando a música de outro homem preto que atravessou os séculos me empodera e me enche de orgulho e esperança. Com “Pixinverso”, desejo falar ao coração das pessoas como a música de Pixinguinha falou ao meu ainda na infância”, completa.

O projeto começou a ser gestado durante a produção de “Cartografias” (2019), último álbum do artista, quando ele chegou a gravar uma versão de “Um a Zero”. A música, lançada como single em dezembro de 2020, fez parte do repertório apresentado no Prêmio BDMG Instrumental e no Prêmio Nabor Pires Camargo, eventos nos quais Caetano foi eleito como Melhor Instrumentista e premiado em 1º lugar, respectivamente. Ver a sua versão única para algo tão clássico inspirou Caetano a ir mais a fundo. 

“A ideia de gravar um álbum só com músicas de Pixinguinha é antiga. Precisava mesmo era o passar dos anos para que a realização fosse madura, para que eu soubesse dar forma a este desejo. Em ‘Pixinverso’ eu proponho um olhar muito particular para a obra deste grande símbolo que é Pixinguinha – sim, um símbolo, para muito além do homem e do gênio. Pixinguinha é o ‘Brasil de verdade’, é a mais perfeita tradução da nossa gente em forma de som, da raiz ao fruto. Com sua obra generosa e infinita em possibilidades, Pixinguinha escancara a cada nota ao que de fato precisamos estar conectados do que, muitas vezes, a gente se esquece”, resume o artista.

Os arranjos presentes em “Pixinverso – Infinito Pixinguinha” têm características muito dinâmicas – quase camerísticas – em que os quatro instrumentos principais (clarinete/saxofone, piano, baixo e bateria) se revezam em suas funções de solista e acompanhador, surpreendendo o ouvinte a cada esquina, mesmo nas melodias que já têm lugar cativo no imaginário popular do brasileiro. Essa visão inovadora marca seus dois primeiros álbuns: “Caetano Brasil” (2015) e o já citado e indicado ao Grammy “Cartografias”.

Nas 10 faixas de “Pixinverso”, que se dividem em dois lados – como o A e o B de um vinil -, Caetano Brasil buscou inspiração no afrojazz de Moacir Santos e Letieres Leite, na música impressionista de Debussy e Ravel, nos ritmos tradicionais do Oriente e em tudo o que atravessa o seu tempo e espaço. Na primeira metade do álbum, traz recriações de grandes clássicos como “Carinhoso” e “Rosa”. Na segunda, tesouros garimpados pouco conhecidos inclusive entre os chorões, como a inédita “Quebra-cabeça”, que tem aqui sua primeira gravação.

Gravar “Pixinverso – Infinito Pixinguinha” foi um projeto que, desde a primeira sessão de estúdio até o lançamento, levou cerca de 3 anos, processo esse dilatado pela pandemia da Covid19. “E ele só é o que é porque envolveu profissionais super gabaritados, uma equipe que não mediu esforços para chegarmos ao melhor resultado. Isso sem falar nas participações da poeta Laura Conceição, de quem sou muito fã; do Leandro Domith, acordeonista com quem tive uma banda de música instrumental no início dos anos 2010; do Quarteto Scherzo, que já tinham gravado de forma brilhante arranjos meus para outros projetos; e do Pedro Paes, que é minha maior referência como compositor e um grande amigo. É incrível ver minha mensagem amplificada por mãos tão exímias no que fazem”, agradece Caetano. 

“Pixinverso – Infinito Pixinguinha” já está disponível nas principais plataformas.

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