Devido à pandemia, durante os últimos dois anos, a grande maioria das pessoas ficou mais tempo em frente às telas, trabalhou e conversou com seus familiares por aplicativos de videochamada, aumentando, assim, a exposição da própria imagem.
Nas redes sociais, o uso de filtros para selfies e o ideal de beleza disseminado principalmente por famosos e influencers ressaltaram a busca pela perfeição.
Segundo o otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba, Dr. Gustavo Sela, com a pandemia houve um aumento no número de cirurgias no nariz, principalmente pelo chamado “efeito zoom”, quando houve uma preocupação maior em relação à beleza do rosto, em especial a do nariz.
“A popularização das mídias sociais fez com que as pessoas buscassem pela beleza perfeita. Em muitos casos, as selfies acabaram revelando algum desconforto facial, principalmente com o nariz, o que acabou diminuindo a autoestima do paciente. Por isso, muitos deles recorreram a cirurgias plásticas faciais como a rinoplastia para se sentirem mais bonitos e confiantes”, avaliou o Dr. Gustavo.
Devo ou não fazer cirurgia no nariz?
Pacientes que fazem a rinoplastia por impulso ou modismo têm grandes chances de ficarem insatisfeitos com os resultados. A cirurgia, de acordo com o Dr. Gustavo, deve ser feita por necessidade ou indicação médica.
“Muitos pacientes buscam pela beleza perfeita, mas ela não existe, cada paciente é único. Sempre que recebo pacientes no consultório e eles me perguntam se devem fazer a rinoplastia, eu devolvo com outra pergunta: se, de fato, eles estão querendo fazer a cirurgia por eles ou por outras pessoas. O paciente deve estar ciente sobre isso. As selfies que se tornaram tão populares acabam mostrando diferentes ângulos, distorcendo a imagem real. Muitos chegam aqui querendo uma mudança estética, mesmo quando não precisam”, reflete o otorrino.
Em abril de 2019, o estudo Effects of social media use on desire for cosmetic surgery among young women, publicado no Current Psychology, mostrou que a visualização de imagens de mulheres que passaram por aprimoramentos estéticos afetou o desejo das mulheres jovens por cirurgias estéticas, especialmente se passaram uma quantidade significativa de tempo nas mídias sociais, seguindo muitas contas.
A partir de qual idade é indicado realizar a rinoplastia
A cirurgia no nariz pode ser realizada a partir de 15 e 16 anos nas meninas, desde que já tenham tido o estirão do crescimento e menstruado há mais de dois anos. Entre os meninos, por volta dos 17 e 18 anos, também considerando que já tenham passado pelo estirão do crescimento.
Contraindicações da rinoplastia
A rinoplastia é contraindicada em pacientes que não têm condições clínicas de realizar o procedimento cirúrgico – paciente que tenha alguma doença que contraindique a anestesia.
Outra contraindicação é para aquele paciente que tenha dismorfismo corporal, ou seja, que não se aceita ou se vê com um defeito exagerado. “Nesses casos, o ideal é que ele passe por uma avaliação psicológica e, após estar consciente de que aquele defeito que ele enxerga não é tão grande quanto ele imagina, aí sim ele pode se submeter à rinoplastia”, comentou o médico.
Mitos e verdades sobre a rinoplastia
O doutor Gustavo aproveitou e esclareceu alguns mitos e verdades sobre a rinoplastia, confira:
Toda rinoplastia resulta em um nariz padrão.
Mito. Cada nariz é diferente e tem a sua estrutura. É preciso avaliar o tipo de rosto, o tipo de cartilagem e o tipo de nariz mais adequado àquele formato de rosto.
Existe relação entre o pós-cirúrgico e o aumento da rinite.
Mito. O pós-cirúrgico imediato, na primeira e segunda semanas, faz com que o nariz fique mais congestionado por causa do edema da cirurgia, não é que aumenta a rinite.
Rinoplastia melhora a rinite.
Mito. Muitos acham que se operar o nariz, a rinite vai melhorar. A rinite é uma doença inflamatória que está no sangue e que a cirurgia em si não melhora os sintomas alérgicos. A rinite é um fator imunológico e, portanto, não cirúrgico.
Posso escolher o formato do meu nariz.
Em partes. É preciso individualizar o paciente. O paciente escolhe um tipo de nariz e o médico tenta entender o conceito de nariz que ele quer (mais curvado, mais arrebitado, mais definido, etc.). Vai depender de vários fatores, como formato do rosto, tipos de cartilagem que o paciente tem, as variações anatômicas do nariz, entre outros, para ver se é possível chegar na forma mais próxima que o paciente quer.
Diretor Técnico do Hospital Otorrinos Curitiba: Dr. Ian Selonke – CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia