Compostagem caseira é excelente prática para conservação do solo

Larissa Warnavin e Nicole Witt (*)

De todos os recursos extraídos da natureza, talvez o solo seja o mais negligenciado deles. Como um organismo vivo, o solo necessita de saúde para que possa ser fértil e continuar oferecendo nutrientes à produção de alimentos e para manter a biodiversidade.

 

Uma boa prática de gestão de resíduos sólidos, que contribui com a fertilidade do solo, é a compostagem. Ela é uma forma de aproveitamento de resíduo orgânico para formação de adubo. Os métodos para construção e manutenção de uma composteira doméstica são muito simples, existindo na web inúmeros vídeos e manuais contendo os procedimentos e cuidados necessários.

 

Resumidamente, o processo envolve o armazenamento de cascas de frutas e restos de vegetais crus que iriam para o lixo comum, em um recipiente com tampa. Não devem ser utilizadas comidas cozidas ou restos de alimentos de origem animal para evitar a formação de vermes.

 

Além disso, é necessário misturar algum material seco como: folhas secas, cascas de árvores ou papelão. Eles são importantes para dar substrato ao composto, o qual, após 60 dias, estará pronto para ser utilizado como adubo para terra em vasos e hortas.

 

Na canção Cio da Terra, composta por Chico Buarque e Milton Nascimento em 1977, é retratado o solo como fonte de fertilidade para o cultivo de alimentos, como o trigo e a cana. Permita-nos interpretar uma das estrofes da música: “[…] Afagar a terra / Conhecer os desejos da terra / Cio da terra a propícia estação / E fecundar o chão”, se trata de uma menção ao preparo do solo para realizar a semeadura e os conhecimentos necessários para o cultivo agrícola. Como um ser vivo, no momento de maior fertilidade do solo, as sementes são germinadas na nova estação de plantio. Para isso, a compostagem é tão importante.

 

Do ponto de vista biológico, o solo precisa ser visto não somente como o “chão” onde pisamos, plantamos ou construímos algo, mas sim, como um sistema vivo e autorregulado. Composto por minerais derivados das rochas, água, ar, matéria orgânica e organismos vivos, o solo, para manter a biota (seres vivos) saudável,  precisa ser mantido em equilíbrio.

 

De acordo com o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 2, proposto pela ONU para 2030, intitulado Fome Zero e Agricultura Sustentável, as práticas agrícolas devem ser ao mesmo tempo, produtivas, sustentáveis e resilientes, de forma a manter a diversidade genética de sementes e espécies cultivadas e selvagens, bem como, garantir a soberania e segurança alimentar dos povos. Diante disso, são sugeridas práticas voltadas à agroecologia e sistemas agroflorestais, os quais estão pautados no não uso de produtos ou fertilizantes químicos, tendo como pilar o consórcio entre diferentes espécies e o cuidado com o solo.

 

Desta forma, a compostagem, sugerida no início deste artigo e uma ferramenta importante de conscientização, contribui para o “cio da terra”, tanto com a diminuição de lixo orgânico residencial lançado em aterros sanitários, quanto com o aumento da fertilidade do solo.

 

 

 

Larissa Warnavin é geógrafa, mestre e doutora em Geografia pela UFPR. Docente da Área de Geociências, dos cursos de bacharelado e licenciatura em Geografia, do Centro Universitário Internacional Uninter.

 

Nicole Witt é bióloga e especialista em Educação, Meio Ambiente e Desenvolvimento pela UFPR. Docente da Área de Geociências, dos cursos de bacharelado e licenciatura em Ciências Biológicas, do Centro Universitário Internacional Uninter.

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