Vida plena

 

 “Uma vida é muito longa se for uma vida plena” – Sêneca.
No que consiste uma vida plena? Essa é uma pergunta a ser respondida. Muitos buscam a felicidade com o intuito de achar a plenitude da realização e ouvimos em vários ambientes da sociedade que devemos ser felizes. Presume-se que a felicidade é a experiência máxima dos prazeres humanos e terrenos. Alguns dizem: deve-se experimentar de tudo para que a experiência nos leve para a felicidade.
Outros buscam a vida plena através das ilusões, das drogas, a ilusão das riquezas, a busca desenfreada pela fama e o brilho nas redes sociais. 

Tenta-se ao máximo apagar a realidade da morte, sendo que todos morreremos, não adianta fugir desse terrível aguilhão. O enfrentamento da morte traz à tona a realidade da vida, o fato de termos a possibilidade de terminarmos a nossa existência terrena e nos lançarmos num espaço, onde a confiança em Deus faz toda a diferença. A partir desse entendimento, o ser humano vai identificando aspectos que precisam estar em harmonia com o criador do universo. Numa sociedade agitada e medicada, tentando acalmar suas angústias e até mesmo iludir seus pensamentos, devemos aquietar a nossa alma, esperar no Eterno e lançar nossas angústias para o Criador de todas as coisas.  

A vida plena está relacionada a nossa capacidade de servir ao próximo, o serviço nos identifica com a dor do outro, demonstra nossa humanidade e aponta para caminhos plenos. O serviço é uma graça de Deus e uma maneira de demonstramos que Deus existe e que pode ser percebido por todos que acreditam. 

Alguns fatores são importantes para a vida plena. Amizade, pois se diz que um ser humano sem amigo(a) é incompleto. Nos amigos(as) encontramos apoio para os momentos difíceis da vida, pode-se provar as verdadeiras amizades quando estamos no leito de um hospital, aqueles que te visitam representam seus melhores amigos. Não se pode generalizar, pois alguns, às vezes, estão impossibilitados de te visitar. Nas amigas(os) encontramos apoio para seguir adiante, “diz-me com quem andas que te direi quem és”. Nossas companhias acabam refletindo nossas atitudes. Costumo dizer que os bons se encontram nas jornadas da vida, como também os maus acabam se encontrando para maquinar a maldade. Enfim, uma vida plena sem amizades demonstra que está faltando alguma coisa. 

Outra marca de uma vida plena são as experiências simples, que acabam criando memórias que jamais se apagam, como um passeio em família, uma boa comida, uma viagem internacional, conhecer outras culturas e outras pessoas. Um presente, por mais simples que seja, mas o carinho de quem deu o presente fica evidente. Os momentos de alegria, as festas de aniversário, a compra de um imóvel tão sonhado, a troca de carro ou até mesmo, a aquisição de um veículo. Essas coisas marcam muito! Uma camisa ou blusa que você gosta, um perfume que traz inúmeras lembranças. Enfim, uma vida plena se constrói com fatores muito simples, mas que ficam na lembrança para sempre. 

Para concluir, pode-se afirmar que a felicidade está mais em ser do que possuir. A vida desenfreada em busca de satisfazer os desejos humanos, não representa felicidade, o desenfreado apetite de possuir coisas não traz felicidade, pode-se ter muitas coisas, mas o coração ainda está triste. Então, nos alegremos nas amizades e nas coisas simples da vida. 

*Cicero Bezerra é Doutor em Teologia, Coordenador de cursos no Centro Universitário Uninter