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Doenças crônicas alteram olhos, diz pesquisa

Pesquisa do Ministério da Saúde aponta aumento de 3 doenças crônicas que alteram a saúde dos olhos. Entenda.

Doenças crônicas alteram olhos, diz pesquisaA pesquisa Vigitel 2021 divulgada este mês pelo Ministério da Saúde, uma iniciativa anual que visa estabelecer no País políticas de saúde pública baseadas em evidências, mostra aumento no ano passado entre brasileiros do sobrepeso, hipertensão arterial e diabetes. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas, o levantamento indica que a população deve estar mais atenta à estas doenças crônicas que podem alterar a saúde dos ocular e fazer exames oftalmológicos anuais. Isso porque, estas alterações podem causar graves danos à visão.

Efeitos da sobrepeso e obesidade nos olhos

Para ele o isolamento e o maior sedentarismo na pandemia explicam o resultado da Vigitel 2021. Para se ter ideia, 48% dos 27.093 participantes com 18 anos ou mais, não exerceram atividade física suficiente durante o ano todo. Entre mulheres o sedentarismo atingiu 55,7% e entre homens 39,3%. Resultado: 57,25% dos entrevistados estão com sobrepeso ante 42,74 na primeira edição da Vigitel em 2016.

A recomendação da OMS é manter o IMC (Índice de Massa Corpórea) abaixo de 25. O sobrepeso corresponde ao IMC entre 25 e 29,9. A obesidade ao IMC igual a 30 ou maior. Para calcular o IMC basta dividir o peso em quilos pela altura ao quadrado em metros.

Queiroz Neto explica que o sobrepeso diminui a capacidade do nosso organismo combater os radicais livres, substâncias formadas pelo oxigênio, que dificultam a regeneração das células. O aumento dos radicais livres danifica as células da retina sensíveis à luz. Por isso, dobra o risco de contrair degeneração macular seca. A doença é irreversível e reduz a visão em 90%.

Outro efeito do excesso de radicais livres é antecipar a formação da catarata nos maiores de 50 anos”, afirma. A doença torna opaco o nosso cristalino, lente interna do olho. “O único tratamento é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído pelo implante de uma lente intraocular.  No mesmo dia o paciente recebe alta e a maioria já sai da cirurgia enxergando”, salienta.

O especialista afirma que as pessoas com IMC superior a 30 que representavam 20,27% da população adulta em 2019, passaram para 21,55% em 2020 e  22,35% em 2021 e têm mais chance de ter alterações na circulação. Por isso, o risco de oclusão da veia central da retina ou de seus ramos que causa cegueira permanente é 4 vezes maior. Queiroz Neto afirma que a alteração ocorre quando a pessoa tem elevação do colesterol na corrente sanguínea. “O colesterol alto pode provocar o espessamento e enrijecimento das artérias da retina, explica.Isso resulta na obstrução da veia central ou de seus ramos  e no extravasamento do sangue que dificulta a visão

Diabetes

Os relatórios da Vigitel mostram que o diabetes saltou de 5,66% em 2016 para 7,14% em 2019 e 9,14% no pano passado. O oftalmologista ressalta que a doença dobra o risco de desenvolver catarata e em 10 anos surge a retinopatia diabética que pode causar cegueira irreparável. Estudos demonstram que nas pessoas com IMC acima de 30 têm 10 vezes mais chance de contrair diabetes do tipo 2, e para IMC superior a 35 o risco aumenta 80 vezes. O médico destaca que após 10 anos de diabetes a maioria das pessoas desenvolve retinopatia diabética. A doença é caracterizada pela formação de neovasos que dificultam a nutrição da retina. A boa notícia a destruição precoce destes neovasos com aplicação de laser, restabelece a visão em 90% dos casos.

Retinopatia por hipertensão arterial

A Vigitel mostra que no ano passado a hipertensão arterial aumentou 20% quando passou de 24,52%  dos brasileiros em idade adulta  para 26,34%. O especialista explica que pessoas acima do peso tem maior propensão à hipertensão arterial que altera os vasos da retina. Esta alteração é conhecida como retinopatia por hipertensão arterial. Resulta do descontrole da pressão que pode causar vazamento nos vasos e cegar.

Prevenção

Queiroz Neto afirma que a maioria das doenças oculares passa despercebida nos estágios iniciais. Por isso, a recomendação é consultar um oftalmologista a cada 2 anos para quem tem até 59 anos e anualmente a partir dos 60 anos. “É muito comum pacientes descobrirem que têm diabetes ou hipertensão arterial durante exame de fundo do olho em que são diagnosticadas alterações nos vasos da retina. Ele ressalta que embora as pessoas acima do peso tenham maior propensão, às alterações sistêmicas que causam doenças na retina também ocorrem em quem tem baixo peso. Por isso, os exames periódicos são indicados para todos.

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