A pandemia de COVID-19 piorou o controle pressórico da população? A dúvida também é o tema da palestra do cardiologista Wilson Nadruz Junior, que acontece durante o Congresso da SOCESP– Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, esta semana, em São Paulo. A aula será baseada na pesquisa Impacto da pandemia de COVID-19 no controle da pressão arterial: um estudo nacional de monitoramento de pressão arterial em casa, concluído com cerca de 51 mil pessoas e coordenado pelo próprio especialista, entre outros colegas de área.
Em função da pandemia, alguns fatores de risco cardiovasculares foram estimulados. “Estima-se que o isolamento predispôs ao sedentarismo, aos hábitos alimentares menos saudáveis, ao stress provocado pela falta do ir e vir e pelo próprio receio da contaminação pelo vírus”, diz Nadruz Junior. Além disso, o cenário estava propício para a descontinuidade de tratamentos medicamentosos e para a falta de acompanhamento médico devido ao “fica em casa”. “Tudo levava a crer, portanto, que a pandemia estaria ligada ao descontrole pressórico da população em geral e dos hipertensos em particular.”
Mas não foi bem assim. Contrariando tendências, mas em consonância com estudos internacionais cujos resultados foram similares, de acordo com os dados coletados, a pressão do brasileiro parece não ter sofrido impacto negativo. “Não encontramos grande influência adversa da pandemia no controle da pressão arterial em uma grande amostra nacional”, diz o cardiologista. “Apesar de ir contra o que se imaginava a princípio, entre as hipóteses para justificar o resultado está o fato de as pessoas, principalmente os hipertensos, terem ficado com receio de evoluírem mal, caso fossem contaminadas pelo novo coronavírus, e então redobraram os cuidados com a saúde.”
Demais achados do trabalho Impacto da pandemia de COVID-19 no controle da pressão arterial: um estudo nacional de monitoramento de pressão arterial em casa também serão debatidos nesta plenária.
Hipertensão no Brasil
A hipertensão é caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial (PA). Em adultos, é usualmente diagnosticada pela medida adequada da PA, quando os valores estão igual ou maior que 140 mmHg (PA sistólica também chamada de máxima) e a mínima (PA diastólica) igual ou maior que 90 mmHg de forma persistente (ou seja, em pelo menos duas ou mais ocasiões diferentes do dia).
De acordo com dados da SOCESP, cerca de 65% dos brasileiros acima dos 60 anos apresentam hipertensão, sendo que as mulheres são as mais acometidas. A doença está associada a 45% das mortes cardíacas e a 51% dos óbitos por doenças como o Acidente Vascular cerebral (AVC).
Serviço:
42º Congresso de Cardiologia da SOCESP
Data do evento: 16 a 18 de junho 2022
Local: Transamerica Expo Center, São Paulo/SP
Informações: http://socesp2022.socesp.org.br/