Fabio Carneiro*
A tecnologia trouxe inúmeros avanços para a sociedade. O mundo ficou mais divertido, prático, informativo e muito mais veloz. Vivemos no século da velocidade – e essa revolução não poupou classe econômica, ideologia ou idade.
Em um passado não muito distante, o aparelho celular era sinal de status – e muitos eram até rotulados como exibidos e prepotentes ao falar em público, mas essa realidade mudou, e hoje é impossível encontrar alguém que não faça parte desse mundo conectado. Esse formato de comunicação é utilizado em inúmeras funções, como relacionamentos, notícias, atualidades, trânsito, entretenimento, trabalho, reuniões, entre outras tantas utilidades que os smartphones nos trazem. Tudo está na palma da mão e o aparelho deixou de ser questão de luxo, virou necessidade, e entender os limites da sua utilização ainda é algo nebuloso. Estamos sendo testados, mas os resultados já estão aparecendo. O que seria mais importante do que ver aquele vídeo pelo WhatsApp, responder uma mensagem, atualizar-se nos perfis do Instagram, contemplar os nossos assuntos preferidos ou ainda mostrar na rede como estamos felizes e degustando determinada experiência?
Pois é, parece que esse novo “amigo” nos toma todas as atenções durante grande parte do dia. Executamos ações com o celular sem mesmo nos darmos conta do que estamos fazendo. Deixamos de falar com um filho para responder uma mensagem vinda pelo WhatsApp (“Espere filho, só um pouquinho”). Uma filha tentando expressar seus sentimentos enquanto os seus pais conversam olhando para o celular (“Vai falando filha, estou ouvindo”). Desligamos com o filho para atender outra pessoa ou uma ligação mais “importante” (“Filho, vou desligar porque estão me ligando aqui”).
Não nos damos conta o quanto entorpecidos estamos e, como um verdadeiro dependente, buscamos justificar o injustificável. Os celulares são “invasores” de urgência e a atenção aos filhos tem sido trocada pelo nosso interesse. Parece que a rede social não é tão social como o próprio nome sugere. Mas, qual é a mensagem que chega aos nossos filhos?
Em uma rápida análise, a leitura é: “Eu não sou importante, meus pais têm outras prioridades, não tenho apoio justamente nessa hora que eu tanto necessito”… Esse é um dos motivos que fazem crianças e adolescentes buscarem amigos, colegas, professores e até desconhecidos na internet para relatar os seus medos, anseios e dificuldades, de igual para igual. Mas para toda ação, existe uma reação. A resposta está aí, dentro de nossas casas, pois não é incomum encontrarmos pais reclamando que seus filhos não saem do celular, um reflexo de um espelho educacional aprendido dentro dos lares com os próprios pais.
A situação se agrava quando muitos pais ausentes, repentinamente, decidem orientar seus filhos e exigir a atenção. Bom, o resultado é certo: “Agora não posso pai, só um pouquinho”… E assim os filhos se foram, se perderam, é tarde. Tchau pai, tchau mãe.
*Fabio Carneiro é professor no Curso Positivo.