Para retirada de tumor cerebral, paciente realiza movimentos de braço e perna durante cirurgia em hospital SUS

Técnica cirúrgica com paciente acordado ajuda a preservar área responsável pelas funções motoras

“O momento é de fazer novos planos”. A frase define o sentimento de Daiane Poulmann, 30 anos, após passar por uma neurocirurgia para retirada de tumor no cérebro. Durante o procedimento realizado no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), foi preciso que a paciente ficasse acordada. “Lembro deles me pedindo pra fazer algumas funções motoras durante a cirurgia e, também, perguntando como eu estava”, conta Daiane.

A descoberta de um glioma no cérebro, próximo às vias responsáveis pelos movimentos do corpo, veio um ano após o primeiro episódio de paralisia no rosto, que aconteceu dias depois do nascimento do seu terceiro filho. O que poderia ser um período único de felicidade e encantamento com o bebê se tornou um turbilhão ainda maior de emoções até descobrir o diagnóstico. Foi apenas em maio de 2022, que uma convulsão generalizada a fez buscar por respostas em exames de tomografia e ressonância.

Como é feita a cirurgia

Foram 45 dias entre a descoberta e a cirurgia no hospital de atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O neurocirurgião Carlos Alberto Mattozo foi o responsável pelo procedimento de Daiane. Ele explica que o complicador do tumor em casos como o da paciente é a posição, no trato piramidal, responsável pelos movimentos. Por isso, a cirurgia acordada e o apoio de um neurofisiologista são a melhor opção. “Fizemos a composição de uma estrutura e equipe preparada para aumentar a segurança do procedimento”, complementa.

Nesses casos, o paciente é sedado e dorme na primeira parte da cirurgia, enquanto são realizadas a incisão e a abertura do osso do crânio. Após essa etapa, a medicação é diminuída e ele é despertado. A partir daí, o operado fica apto a responder a todos os questionamentos do médico durante o procedimento cirúrgico e executar comandos, como movimentar os braços e as pernas, por exemplo. “Enquanto o paciente realiza a ação, fazemos estimulações elétricas para ver se existem implicações que possam causar algum tipo de sequela na função motora”, explica o médico.

A cirurgia para retirada do tumor de Daiane durou cerca de 6 horas e, depois de três dias, ela já estava se recuperando em casa. Para a paciente, a operação cirúrgica foi o ponto de partida para uma nova chama de esperança de cura. “Não desanimei em saber que tinha um problema e passaria por uma cirurgia no cérebro. Numa hora dessa, temos que ser fortes e lutar. Agora, meu propósito é viver da melhor forma possível e curtir ao máximo minha família e filhos”, conclui.

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