Glaw Nader homenageia Baden Powell com EP “Canto de Xangô”

Glaw Nader (Crédito: Lucca Mezzacappa)
Glaw Nader (Crédito: Lucca Mezzacappa)

A cantora e compositora Glaw Nader faz da sua arte um caminho para ressignificar a música afrobrasileira e trazer de volta o protagonismo para artistas negros relegados ao segundo plano. Em seu lançamento musical de estreia, o EP “Canto de Xangô”, Glaw apresenta quatro canções de Baden Powell, instrumentista e compositor negro imortalizado até então, principalmente, por vozes brancas. O lançamento antecipa o álbum “Tempo de Amor” e chega com um clipe para a faixa-título.

Assista a “Canto de Xangô”: https://youtu.be/ro–6XgKTQc 

Ouça “Canto de Xangô”: https://tratore.ffm.to/cantodexango 

O EP dá destaque às canções presentes no icônico disco “Os Afro-Sambas de Baden e Vinicius” (1966), que consagrou essa parceria marcante na música brasileira. Além de “Canto de Xangô”, o compacto de Glaw Nader reúne “Tristeza e Solidão”, “Tempo de Amor” e “Canto de Ossanha”. Não por acaso, o trabalho seminal nos anos sessenta se destacou por incorporar elementos da música afro à MPB.

“A inspiração musical e estética desse lançamento está intimamente ligada ao trabalho da minha carreira, que é o de reverenciar a música afrobrasileira, bem como os compositores negros e através da minha voz, reivindicar o lugar de protagonismo. A escolha pela obra de Baden Powell vem exatamente desse desejo de dar uma voz negra para suas composições, que foram consagradas em vozes brancas, como a de Elis Regina”, resume Glaw. 

“‘Os Afro-sambas’ foi aclamado pela crítica da época, considerado o disco que enegreceu a música popular brasileira. Curiosamente, o elemento negro do disco é Baden Powell e tudo o que ele traz em seu violão. Outra coisa importante na minha escolha em começar os lançamentos do meu tributo a Baden Powell com esse EP, tem a ver não só com o que o disco representa para a música popular brasileira e para a própria carreira de Baden, mas traz também o meu desejo de abrir caminhos”, completa a artista paulistana, atualmente radicada em Belo Horizonte.

A realização do projeto celebra, com novas cores, um repertório tão intimamente conhecido pela cantora, desde que estudava os afro-sambas para o Duo  Alma e Raiz, formado ao lado do violonista Wagner Raposo a partir de 2016. Agora, em 2022, Glaw mergulha ainda mais profundo na obra de um dos instrumentistas e compositores mais importantes da música brasileira, mas faz isso sob a perspectiva de uma intérprete que valoriza a história do autor e a sua própria, sua pele e sua voz. O EP “Canto de Xangô” será seguido de um segundo EP, em setembro. O disco está previsto para outubro. 

“Tempo de amor” será o debut de Glaw Nader, com um repertório que coloca a negritude em primeiro plano – não só a de Baden Powell, como a da própria cantora. Nos arranjos, surge a presença marcante de  instrumentos de percussão e um violão modal que remete ao estilo tão característico do próprio homenageado. Além das quatro faixas já reveladas no EP “Canto de Xangô”, o disco trará outras 10 canções, tudo interpretado pelo vocal potente de Nader e  pela banda  formada por metais, percussão, violão, baixo, bateria e teclado. Os arranjos são do guitarrista Samy  Erick e incluem clássicos como “Cai dentro”, “Lapinha”, “Labareda” e “Deixa”.

Ficha técnica

Voz: Glaw Nader

Arranjos e violão: Samy Erick

Violão: Samy Erick

Baixo: Ivan Corrêa

Bateria: Gladston Vieira

Teclado: Samuel Ekel

Percussão: Daniel Guedes

Sax tenor: Breno Mendonça

Trompete: Ulisses Luciano

Trombone: João Machala

Sax soprano em “Canto de Ossanha”: Cléber Alves

Flautas em “Tristeza e Solidão”: Mauro Rodrigues

Gravação, mix e master: Rafael Dutra (Estúdio Motor)

Selo: Grão discos

Foto: Lucca Mezzacappa

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