Empatia e resiliência: essas são as duas principais características que um paramédico precisa ter, segundo a opinião de Marcelo Bini. Paramédico de guerra formado pela Escola de Saúde do Exército dos Estados Unidos e especialista em Atendimento Pré-Hospitalar e Medicina de Guerra, Marcelo ressalta a capacidade de se adaptar e ter raciocínio rápido em momentos difíceis e tensos durante um atendimento.
“Nenhuma guerra é igual, nenhum dia é igual, e todo paciente é diferente. A partir do momento em que você está atendendo um paciente, tudo muda. São situações extremas quando envolvem vidas e decisões que levam, na maioria das vezes, menos de 1 segundo para serem tomadas, e isso não se aprende em sala de aula”, conta Marcelo, que atualmente é investigador federal nos Estados Unidos.
Segundo o especialista, é necessário saber ‘mudar de marcha’ rapidamente em situações que envolvem níveis de adrenalina máximos.
“Em um momento você está atendendo um trauma: a vítima está com hemorragia massiva, você tem que fazer intervenções rápidas e eficazes, monitorar essa vítima – e em alguns casos são múltiplas vítimas. E daqui a pouco só é esperado de você trocar a luva e partir para a próxima ocorrência, que pode ser um idoso, uma criança com febre ou um episódio de insuficiência respiratória. Então, é necessária essa resiliência e muita capacidade emocional para diminuir seu nível de adrenalina rapidamente e depois conseguir atender o próximo paciente da melhor maneira possível”, avalia Marcelo.
No front de guerras
Como paramédico, Marcelo já trabalhou em vários conflitos, mas um dos que mais o marcou foi o na fronteira da Coreia do Norte e Coreia do Sul. Apesar de existirem épocas em que a região está mais pacificada, o conflito ainda existe.
“É uma região muito tensa porque a gente lida com muitas pessoas que fogem da Coreia do Norte buscando uma vida melhor no Sul. Por muito tempo meu trabalho foi fazer a triagem dessas crianças e adultos que fugiam. Fazíamos exames laboratoriais em adultos, vindos da Coreia do Norte, e o laboratório não conseguia detectar alguns marcadores porque eram similares a crianças recém-nascidas, vinham com desnutrição, isso me marcou muito”, relembra Marcelo.
Paramédico nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, existe o paramédico de guerra, cuja formação é pelo Exército americano, e o paramédico civil, que trabalha na área do pré-hospitalar e nas ambulâncias.
Cerca de 90% da capacidade médica do Exército americano é de paramédicos: é aquele profissional que vai para o front, que patrulha e que está exposto a combates.
Marcelo conta que na formação dentro do Exército, o paramédico de guerra tem que fazer toda a parte civil – os mesmos protocolos que qualquer um que fosse civil faria. Depois de aprovado na parte civil, o profissional faz a parte de paramedicina de guerra.
“O curso é bem intenso, normalmente está aberto a qualquer um, respeitando a idade. Aqui nos Estados Unidos, em alguns lugares, a paramedicina já é considerada até curso superior. Não é uma profissão dentro da enfermagem, nem dentro da medicina em si. Nos EUA, quem opera as ambulâncias são os paramédicos. O paramédico administra medicamentos, faz intubação, faz manobras consideradas até invasivas, porque ele tem o treinamento e o preparo para isso”, explicou.
Aqui no Brasil, o termo ‘paramédico’ significa um profissional da área da saúde que auxilia os serviços médicos, mas não pertence ao corpo médico. São considerados paramédicos os técnicos em emergências médicas, enfermeiros, técnicos e fisioterapeutas.
Responsabilidade nas intervenções
Marcelo também ressalta sobre a liberdade que o paramédico nos EUA tem para fazer as intervenções necessárias na área do atendimento pré-hospitalar.
“Temos muito estudo e treinamento. E com essa liberdade, a responsabilidade cresce muito em cima do paramédico. Em média, o paramédico carrega 75 tipos de medicações diferentes dentro de uma ambulância. Ele está pronto para atender desde um bebê que acabou de nascer a um trauma mais grave, por exemplo”, acrescentou o especialista.
Paramedicina: dedicação à profissão
Atualmente na função de investigador federal nos Estados Unidos, Marcelo não esconde a paixão e o zelo que tem pela paramedicina.
“Fui policial de rua por muitos anos, e agora estou numa função de investigador federal. Mas a paramedicina não sai de mim, então me envolvo em projetos como o Tactical Medicine Academy (TMA), que conta com uma equipe de instrutores cuja missão é salvar vidas. Fazemos capacitação para policiais em resgate, controle de hemorragia com o uso de torniquetes, treinamento para policiais, entre outros. Acabei entrando na paramedicina por um acaso, aprendi a amar a profissão e, de certa forma, me mantenho conectado a ela”, finalizou.
Sobre Marcelo Bini
Marcelo Bini é paramédico de guerra formado pela Escola de Saúde do Exército dos Estados Unidos. Serviu em conflitos com potencial uso de armas nucleares, na fronteira entre a Coréia do Norte e Sul, e é especialista em Atendimento Pré-Hospitalar e Medicina de Guerra. Também foi policial no Estado do Texas (2016-2020), com experiência em unidades de elite e situações com atiradores ativos. Atualmente, Marcelo é investigador Federal dos Estados Unidos.
Marcelo nasceu nos Estados Unidos, mas aos dois anos veio para o Brasil. Ficou por aqui até os 27 anos e depois retornou ao país de origem. É casado e tem um filho.
Ainda neste ano, Marcelo vai lançar uma autobiografia contando histórias do Exército e das polícias, além de falar sobre o estresse pós-traumático, problema muito comum que afeta os veteranos de guerra nos Estados Unidos e os policiais no Brasil.
Sobre Tactical Medicine Academy (TMA)
O Tactical Medicine Academy conta com uma equipe de instrutores cuja missão é salvar vidas. Os treinamentos contam com os mais modernos protocolos em treinamentos e equipamentos, oferecendo soluções que fazem a diferença para aqueles que enfrentam o perigo em prol da sociedade. O TMA oferece certificação internacional e é destinado a especialistas em saúde e emergências.
Mais informações sobre o TMA e os produtos, acesse: https://tacticalmedicine.com.br/pt-br/.
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