Um estilo de vida saudável é muito importante para prevenir a doença. Quanto mais cedo mudar um hábito, mais fácil minimizar e até evitar o problema
No mês de conscientização do Alzheimer, doença que acomete cerca de 1,2 milhão de brasileiros segundo dados do Ministério da Saúde, a médica cooperada da Unimed Curitiba especialista em geriatria, Débora Lopes, alerta sobre alguns cuidados preventivos no dia a dia, especialmente em casos de histórico familiar.
A doença que se apresenta como perda de funções cognitivas (memória, orientação, atenção e linguagem) possui um curso progressivo e incurável. Sintomas comuns são perda de memória recente, dificuldade para encontrar palavras, desorientação ou até dificuldade mais evidentes como esquecimento dos nomes das pessoas e incapacidade realizar tarefas simples do dia-a-dia.
Confira as dicas da geriatra para prevenir e evitar a doença:
- Estimule o cérebro com atividades intelectuais e conexões sócias
De acordo com a especialista, estudos indicam que conservar fortes conexões sociais e manter-se mentalmente ativo à medida que envelhecemos pode diminuir o risco de declínio cognitivo e Alzheimer. Faça atividades diárias como aprender ou aperfeiçoar um idioma, tocar um instrumento, ler, fazer palavras cruzadas ou memorizar uma lista de compras.
- Exercite-se com regularidade
A prática de exercícios físicos regulares pode ser uma estratégia benéfica para diminuir o risco de Alzheimer e demência vascular, pois beneficia diretamente as células cerebrais, aumentando o fluxo de sangue e oxigênio no cérebro. Por isso, a OMS recomenda, no mínimo, 30 minutos de atividade física leve e moderada 5 vezes por semana ou 50 minutos de exercícios intensos 3 vezes por semana. Além de fortalecimento muscular, alongamento e exercícios de equilíbrio são recomendados após os 60 anos. Escolha uma atividade que goste e pratique-a com regularidade. Pode ser natação, tênis, caminhada ou outra. O importante é ter constância.
- Adote dieta rica em nutrientes para o cérebro
Consumir vegetais, peixes e frutas, inserir peixes rico em ômega 3, como salmão, atum ou sardinha, e ter sempre à mão alimentos ricos em selênio, como castanha-do-pará, ovo ou trigo, são importantes para a prevenção do Alzheimer e da demência. Ingerir vegetais e folhas verdes todos os dias e evitar alimentos ricos em gordura, como embutidos e industrializados, também são uma boa forma de prevenção.
- Durma bem e evite excessos
Uma noite bem dormida ajuda a regular o funcionamento do cérebro, aumentando a capacidade para pensar, guardar informação e resolver problemas. Eliminar cigarro e excesso de bebida alcóolica também são cuidados importantes para prevenir o surgimento da doença.
- Controle a diabetes, a pressão arterial, obesidade e colesterol
Diabetes, hipertensão e colesterol são problemas comuns e podem aumentar o risco de Alzheimer e de outros tipos de demência em até 50%. Manter o peso saudável, com o IMC abaixo de 25, ajuda a evitar complicações como sobrepeso, obesidade, pressão alta e diabetes.
- Acompanhe a perda auditiva no idoso
De acordo com a especialista, a perda auditiva pode aumentar o risco de desenvolvimento do Alzheimer, pois provoca redução do estímulo bilateral que pode aumentar o risco de degeneração dos neurônios e demência. O diagnóstico precoce e tratamento com uso de aparelhos auditivos pode prevenir o Alzheimer ou atrasar o seu desenvolvimento.
Quando procurar um médico?
Dificuldades para cozinhar, cuidar da casa, fazer compras e cuidar da higiene pessoal são alguns sinais de alerta para a doença, que surge geralmente em pessoas acima de 65 anos. Em fases mais graves, pode-se observar o prejuízo gravíssimo da memória, dificuldade de alimentar-se, incontinência urinária e fecal e prejuízo motor, interferindo na capacidade de locomoção. Como consequência das perdas cognitivas e funcionais, ocorre uma progressiva necessidade de cuidados e supervisão, chegando nos casos mais avançados a dependência total da ajuda de terceiros para alimentação, higiene, cuidados.
Portanto, assim que perceber episódios de falta de memória recente ou confusão recorrente, o familiar deve procurar um médico especialista, geralmente geriatra ou neurologista. Os médicos fazem um levantamento do histórico familiar e pessoal do paciente e alguns testes cognitivos para excluir a possibilidade de outras patologias mentais. Exames de sangue e urina também são utilizados.
Genética e futuro
Sabe-se que o risco da doença é baseado na genética e, portanto, o estudo genético pode ser uma ferramenta importante na descoberta da incidência da doença.
Recentemente, o Instituto de Pesquisa de Demência na Universidade de Cardiff, no Reino Unido, descobriu 42 genes ligados ao desenvolvimento da doença de Alzheimer. “Estudos sérios de genes bem estabelecidos que estão relacionados ao Alzheimer incentivam a continuidade das pesquisas. As descobertas recorrentes nos ajudarão a detectar a doença com mais precisão. Esperamos, num futuro próximo, trabalhar em conjunto com médicos para análise de diagnóstico. Hoje, o Alzheimer ainda é desenvolvido de forma muito particular em cada indivíduo”, afirma a doutora em genética Roberta Dutra, que atua na UniGenne, área especializada em diagnóstico genético molecular da Unimed Laboratório.
Até o momento, os testes genéticos disponíveis permitem a penas a identificação do fator de risco para o Alzheimer. “O único fator de risco genético claramente identificado para a doença é a apolipoproteína E, que influencia a idade de início da doença, mas não é suficiente para o desencadeamento da patologia”, comenta o médico cooperado da Unimed Curitiba e diretor da Unimed Laboratório, Mauro Scharf. “Não há um exame genético definitivo e a melhor forma de evitar a doença é a prevenção”, finaliza.