Caos e coletividade como força artística: π Teco Martins se inspira em tradições medievais e no Sala Espacial para novo single

Desde o século XIII, na cidade italiana de Siena, uma tradição incomum surgiu: o Palio di Siena, uma corrida de cavalos caótica em volta de uma enorme praça onde vence o primeiro cavalo, mesmo que o seu jóquei tenha ficado pelo caminho. Inspirado por essa tradição que ele viu pessoalmente, πTeco Martins criou a faixa “Siena”, um jazz cigano envolvente – tal qual uma força que leva a dançar, sem amarras. Esse processo de se entregar à arte e testar novos caminhos faz parte da trajetória singular do artista, principalmente de um capítulo de sua vida que ele quer colocar em destaque neste lançamento: a big-band performática e de influência circense Sala Espacial.

 

“O Sala Espacial surgiu em uma casa que a gente alugou e moramos juntos, todos artistas. Um dia, aconteceu uma tragédia incendiária e essa casa pegou fogo. As pessoas que ficaram, além de dispostas a reconstruir a casa, formaram uma banda. Chegamos a lançar um disco chamado ‘Casa Moxei’, em 2015, mas o show era o que o projeto tinha de mais marcante. Chegamos a ter 16 membros, com performance circense, pirotécnica e musical, indo do jazz ao forró, da música africana ao punk, do eletrônico ao erudito”, conta Martins.

 

Com duas décadas de uma carreira eclética e multicultural, π Teco Martins coloca sua vida e arte como um prisma sendo tocado pela luz e dissecado em cores para seu novo álbum, previsto para o ano que vem. “Espectro Solar” vai trazer o rock, a MPB, os tons mântricos, eletrônicos e eruditos em faixas auto-biográficas, cada uma representando uma faceta do artista e uma das cores do espectro visual. Destaque da cena independente brasileira desde o começo deste século, Teco traz em sua trajetória única a participação como vocalista, compositor e violonista na Rancore, banda que caminhou entre o hardcore e o rock alternativo e se tornou símbolo de uma cena. Para o novo single, ele escolheu o índigo como símbolo.

 

“A cor índigo representa a expansão de consciência e eu sinto que o Sala Espacial foi esse momento para mim como artista. Depois de 14 anos fazendo rock com o Rancore, me envolvi nessa banda que expandiu demais minha consciência musical”, conta ele, que além do projeto solo, ainda produz músicas voltadas a rituais xamânicos e trabalhos espirituais no CEU Luz Ametista, com quem já produziu três álbuns. “Falando sobre “SIENA”, apesar de ter essa coisa da disputa dos condados, o Palio era uma celebração de todos que se uniam nesse momento. E refiro essa canção a minha fase com o Sala Espacial pois lá tínhamos o encontro de pessoas de todas as etnias, gêneros e raízes para em união fazermos algo único”

 

Uma espécie de bardo contemporâneo, πTeco Martins viaja em turnê pelo Brasil desde 2009 no formato voz e violão. Já foram mais de 1000 shows realizados em parques e praças de todas as regiões, incluindo a ousada turnê Oiapoque ao Chuí, com 111 shows indo de um extremo ao outro do país. 

 

O artista transforma sua própria vida em uma manifesto político, tendo abandonado grandes centros após o fim do Sala Espacial para se dedicar aos esforços de consumo consciente e sustentável através de agroflorestas, a arte que faz plantar água e alimentos orgânicos ao recuperar ecossistemas. Ele se casou com uma das vocalistas do grupo e hoje tem um filho, mas o Sala Espacial teve um caminho muito incomum após o seu fim. Parte voltou para o punk e para o hardcore, parte largou a música; teve gente que abriu restaurante, outros formaram família; ainda tiveram aqueles que acabaram presos, outros largaram tudo e seguiram o caminho da religião. Entre os membros da numerosa banda, houve inclusive um falecimento.

 

“O Sala Espacial acabou muito cedo. Era muita gente e não era algo sustentável financeiramente. Além disso, chegou um ponto que essa variedade que tornava algo único começou a ser palco de muitos conflitos de ideias, de fés e de caminhos. Eu nunca desisti do projeto, o fim me afetou pois sentia que poderíamos ir muito além. E acabou que não tivemos um registro sonoro tão forte quanto os shows. Essa música é minha busca de fazer isso”, conta Martins, de modo sincero.

 

Todas as bandeiras, crenças, sorrisos, lágrimas, cicatrizes e histórias acumuladas na estrada da vida de um artista estarão no biográfico álbum, previsto para 2023. A nova música se une aos já lançados singles e clipes “Entrelaçados” (com a cor azul), “Plante A Sua Comida!” (com a cor verde), “Pedras no Mar” (com a cor laranja), “Meu Filho, Ouro da Vida” (com a cor amarela) e “Do Oiapoque ao Chuí” (com a cor vermelha). 

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