Em 2009, o Paraná registrou o primeiro procedimento em homens, com captação de espermatozóides para fertilização in vitro devido a câncer no testículo
A preservação da fertilidade ganhou destaque no último Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida, realizado no início de setembro. O primeiro caso de gravidez após a remoção dos ovários foi registrado no Brasil, em uma paciente de 34 anos. O procedimento foi realizado por meio de uma fertilização in vitro com óvulos coletados após a remoção dos ovários, devido a presença de um câncer. Segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 6.650 novos casos de câncer no ovário devem ser diagnosticados até o final deste ano no Brasil. Agora, a fertilização in vitro, junto com esse novo procedimento, traz esperança para as mulheres que têm o sonho de serem mães e encontram dificuldades pelo caminho.
Em 2009, um procedimento parecido já havia sido realizado em um homem de 33 anos no Paraná: o primeiro caso de gravidez com espermatozóides coletados após a remoção dos testículos devido à presença de um câncer.
O procedimento aconteceu na Clínica Ricardo Beck Reprodução Humana, em Curitiba, com a participação do especialista em reprodução assistida, Dr. Ricardo Beck. Segundo ele, o principal objetivo era preservar a fertilidade do paciente diante da presença de um câncer no testículo. “Em câncer de testículo, com o contralateral atrófico ou inexistente e azoospermia, a abordagem da preservação da fertilidade, além de ser um desafio, deve ser de forma imediata devido à velocidade do crescimento neoplásico. A alternativa que encontramos foi a coleta de espermatozóides testiculares a fresco para injeção intracitoplasmática (ICSI), por meio da fertilização in vitro”, explica.
Ao relembrar o caso, a embriologista Elisângela Bohme diz que o paciente e sua noiva optaram pela estimulação ovariana imediatamente no próximo ciclo menstrual devido a extrema dificuldade quanto à preservação da fertilidade. “O procedimento de aspiração folicular para a fertilização in vitro foi realizada no mesmo dia da extração do testículo. Foram aspirados 10 oócitos, resultando em 3 embriões transferidos. Logo na primeira tentativa a esposa ficou grávida de um menino saudável”, diz.
“Para nós é uma alegria imensurável! Esse caso foi um grande desafio para toda a equipe, e serve como esperança para tantos casais que sonham em ter um filho, mas não conseguem. Infelizmente, o câncer nos ovários e nos testículos é uma realidade na vida de milhares de brasileiros e, para nós, especialistas em reprodução humana, é muito gratificante saber que podemos manter a chama da esperança acesa e ainda contribuir para a realização de tantos sonhos”, finaliza Ricardo Beck. Maria Claudia Batista