Apesar de raros, agência americana ressalta a importância do acesso à informação entre as pacientes
A agência americana Food and Drug Administration (FDA) emitiu recentemente um alerta para mulheres que possuem ou que desejam implantar silicone nas mamas, comunicando que, apesar de raros, certos tipos de câncer podem se desenvolver no tecido cicatricial de todos os implantes, independente do tipo da superfície – lisa ou texturizada – e se são preenchidos com soro fisiológico ou silicone.
O risco deste câncer já era conhecido por especialistas no Brasil e é chamado de linfoma anaplásico de grandes células, um tipo de nódulo causado pelo sistema imunológico. A lesão foi associada principalmente às próteses com superfícies texturizadas, pois elas causam mais inflamação ao corpo.
De acordo com o médico mastologista do Eco Medical Center, em Curitiba, Rodrigo Bernardi, é necessário ter calma ao abordar o assunto. “É realmente muito importante levar informação a todas as mulheres que têm a escolha de submeter-se ou não a essa cirurgia, mas não é necessário um grande alarde, pois os casos são raros a nível mundial”, afirmou.
Dados do último levantamento da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética apontam que foram realizadas 1,3 milhão de cirurgias plásticas no Brasil, em 2020. Do total, 172 mil cirurgias foram para aumento das mamas – representando 13% – e 105 mil mastopexias, procedimento para reposicionar os seios, que também pode ter a utilização da prótese.
O especialista alerta que o ideal é manter o acompanhamento médico e realizar os exames sempre que indicado pelo especialista. “Não existe uma rotina específica de acompanhamento para mulheres com próteses mamárias, mas é indispensável procurar um profissional em casos de sinais como retração da pele, nódulos ou descarga mamilar. Todas as mulheres devem fazer o exame de mamografia anualmente, a partir dos 40 anos de idade, para as que possuem implantes, indicamos também a ultrassonografia”, explicou.
De acordo com o médico radiologista Lucas Gennaro, da Eco Imagem de Curitiba, o preparo é o mesmo para todas as pacientes e inclui evitar a utilização de cremes, talcos e/ou desodorantes, nas mamas e axilas, que podem interferir nas imagens.
“No momento do exame, quando constatado a presença de implantes, obtemos imagens adicionais utilizando a chamada ‘manobra de Eklund’ na qual excluem-se as próteses das imagens mamográficas, o que melhora a visualização das estruturas mamárias e aumenta a precisão diagnóstica. Além disso, seguindo as recomendações dos fabricantes de implantes, nós reduzimos a força de compressão das mamas durante a aquisição das imagens para evitar danos às próteses”, explica.
Rodrigo Bernardi lembra que outros exames podem ser solicitados. “Também existe a tomossíntese que é ainda mais precisa e indicada de acordo com alguns critérios, em consulta médica”.
Na contramão dos implantes, o Brasil registrou, também em 2020, 25 mil cirurgias para a retirada das próteses de silicone. O número representa um crescimento de 31,6% em relação a 2019, quando a mesma pesquisa apontou 19 mil cirurgias com este fim.