Atualmente, em um mercado de trabalho tão competitivo, mentir no currículo passou a ser um tiro no pé. E mentir entenda-se exagerar ao mencionar conhecimentos como informática e idiomas, inclusive algum curso inacabado ou prolongar o tempo em cargos anteriores sem que isso de fato tenha ocorrido. Pode ser uma tentação aumentar um ponto ou acrescentar alguma qualificação, mas o candidato precisa ter em conta que o objetivo não deve ser encontrar um emprego, mas mantê-lo depois da contratação.
De nada adianta ser contratado se, ao ingressar no cargo, não puder demonstrar essa formação ou experiência, como explica Eliane Catalano, Coordenadora de Recrutamento e Seleção na RH NOSSA:
“A pessoa poderá sofrer demissão por justa causa e perder qualquer outra oportunidade naquela empresa. As chamadas softskills, que incluem valores, atitudes e competências não técnicas como honestidade, confiança ou integridade, são cada vez mais valorizadas pelas empresas que procuram não só profissionais capazes de realizar uma tarefa, mas também pessoas em quem confiar.”
Consequências de um currículo falso
Simples e direto: o profissional pode perder o emprego. Imagine que uma das habilidades listadas no currículo é dominar o Excel, mas na realidade esta pessoa nunca trabalhou com essa ferramenta ou tem conhecimento muito básico. Ao receber sua primeira tarefa e não conseguir realizá-la, ou demorar muito mais do que o desejado, a empresa se dará conta da informação falsa que, possivelmente, motivou a contratação:
“Quando se descobre que o colaborador realmente não possui o domínio que alegou ter, a empresa poderá dispensar seus serviços. É uma violação da boa-fé do contrato que prejudica inclusive a imagem deste profissional.”
Catalano lembra que cada experiência de trabalho é uma oportunidade de ouro para conhecer novas pessoas e ampliar sua rede de contatos profissionais. Se em um futuro esta pessoa tiver uma oportunidade de seguir para outra empresa que por acaso pedir recomendações, certamente as informações serão negativas:
“Mentir no currículo não prejudica apenas o atual emprego, mas deixa uma mancha incômoda que pode fechar portas para futuras oportunidades profissionais”.
Destaque outras facetas
Ter algum treinamento, mas não a experiência suficiente. Neste caso, vale focar no currículo quais são os potenciais destaques para a posição que está se candidatando sem se esquecer de destacar as softskills: adaptabilidade, espírito de equipe e resiliência, por exemplo, são detalhes que podem destacar qual o espírito deste colaborador.
Currículo sem referências de tempo
Caso o candidato tenha passado por um longo período de inatividade em algum momento de sua carreira profissional, Catalano aconselha não detalhar cada cargo com referências temporárias. Por exemplo, se o último trabalho foi há oito meses, o ideal é mencionar o ano e não o mês em que terminou a atividade:
“Uma boa ideia é fazer um currículo funcional, destacando funções que você poderia desempenhar de acordo com sua formação e habilidades. Vale enfatizar as motivações no currículo, caso não tenha experiência, que levaram a se candidatar a essa vaga, bem como seu desejo de aprimorar habilidades e aprender” completa a especialista.