Pesquisa mostra que entre 1/3 a 50% dos diabéticos ficam sem tratamento. No Brasil 9% da população adulta têm a doença.
Em 14 de novembro é celebrado o Dia Mundial do Diabetes, uma das doenças crônicas que mais cresce no mundo segundo pesquisa realizada em 41 países pela Federação Internacional do Diabetes, IDF, na sigla em inglês. A pesquisa também revela que entre 1/3 e metade dos diabéticos só descobrem a doença em estágio avançado e ficam um bom tempo sem tratamento. Segundo o oftalmologista, Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier, devem redobrar a atenção pessoas com idade acima dos 50 anos, quem tem casos na família, colesterol alto, sobrepeso e tem vida sedentária. Os sinais da doença mais frequentes são micção frequente e sede excessiva.
O atlas do IDF estima que hoje a prevalência global do diabetes na população de 20 a 79 anos seja de 537 milhões, e prevê que em 2030 passe para 643 milhões. Dados do Ministério da Saúde divulgados este ano mostram que a partir dos 18 anos na população feminina o diabetes é mais frequente e 9% dos brasileiros com 18 anos ou mais são diabéticos.
25 vezes mais risco de perder a visão
Queiroz Neto explica que 10% dos casos de diabetes são do tipo 1, uma hiperglicemia de causa autoimune que diminui a produção de insulina pelo pâncreas. Em 90% dos casos, explica, o diabetes é do tipo 2, caracterizado pela resistência das células à insulina que leva ao acúmulo de glicemia na corrente sanguínea. Com o tempo esta resistência afeta as células do pâncreas e a produção de insulina cai. O oftalmologista afirma que manter o diabetes controlado não é suficiente para proteger a saúde dos olhos. Isso porque, o sangue do diabético é mais viscoso, dificulta a circulação no globo ocular. Com o tempo pode causar retinopatia diabética e edema macular, duas causas de perda permanente da visão. O problema é que a pesquisa do IDF indica que 31% dos diabéticos desconhecem estas doenças causadas pela má circulação na retina.
Catarata mais cedo
Não é só a retina que sofre com o diabetes. “A hiperglicemia dobra o risco de contrair catarata segundo um estudo realizado no Reino Unido com mais de 50 mil pessoas”, afirma. O oftalmologista explica que isso acontece porque os depósitos de glicemia nas paredes do olho somados às constantes oscilações dos níveis glicêmicos aumentam a formação de radicais livres e aceleram o processo de envelhecimento do cristalino, lente interna do olho. O especialista afirma o adiamento da cirurgia é contraindicado porque torna o procedimento mais perigoso e porque a catarata avançada impede o bom acompanhamento de alterações na retina causadas pelo diabetes. Por isso, pode levar à perda irreparável da visão. A hiperglicemia, observa, também pode causar complicações cardiovasculares, insuficiência renal, amputação e danos nos nervos decorrentes da má circulação.
Tratamento
O oftalmologista afirma que no mundo todo o edema macular e retinopatia diabética são tratados com duas terapias combinadas: aplicação de laser e de injeções anti-VEGF. A boa notícia é que os planos de saúde cobrem estes tratamentos há alguns anos.
O único tratamento para catarata é o implante de uma lente intraocular que substitui o cristalino, lente interna do olho. Rápida e indolor a cirurgia e feita com anestesia tópica e tem bons resultados em 90 dos casos.
Prevenção
Queiroz Neto ressalta que para prevenir danos aos olhos e aos rins é importante praticar atividades físicas regular e prolongadamente. Isso porque, quando movimentamos nosso corpo melhoramos nossa circulação, o funcionamento dos órgãos abdominais e liberamos a irisina, um hormônio que tem o poder de proteger nossos rins. “É possível ter qualidade de vida sendo diabético, depende de como você se cuida”, conclui.