Programas focados em saúde mental são os novos aliados para atrair talentos de todas as gerações

Relatório da OMS aponta que 15% dos adultos sofrem de algum tipo de transtornos de ordem mental, grande parte motivados pelo ambiente de trabalho, o que indica gastos da ordem de 1 trilhão de dólares à economia global em dias de trabalho perdido

Segundo o Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS, publicado em junho deste ano, já em 2019, 15% dos adultos no mundo todo, em idade laboral, sofriam com algum transtorno mental. Devido a essa questão, a pesquisa estima que anualmente 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por causa de depressão e ansiedade, o que indica um custo de 1 trilhão de dólares à economia global. Esses dados confirmam sobre a importância das empresas investirem em ações preventivas, garantindo assim a saúde de seus colaboradores.

            O consultor de carreira da ESIC Internacional, Alexandre Weiler, afirma que a saúde mental começa a se tornar um dos temas importantes na atualidade que impactam sobre os resultados organizacionais e que também por isso, passa a ser tratado como prioridade pelas empresas. “A busca pela manutenção e fomento de um ambiente de trabalho equilibrado está se tornando um dos temas importantes da atualidade, sendo redescoberto como um importante componente que deve ser parte das diretrizes e ações das empresas, especialmente daquelas que buscam resultados positivos sustentáveis”, afirma.

            Alexandre conta que as empresas que enxergam seus colaboradores de forma integral/360, olhando também sua saúde mental como um ativo importante dentro das corporações, são as que mais se destacam e têm uma melhor capacidade de reter talentos e promover um ambiente de qualidade favorável à produtividade, além de obterem resultados acima da média. “O mercado é formado por pessoas, as empresas também são feitas por pessoas e se elas não estão bem, se não são bem tratadas no ambiente de trabalho, certamente terão seu rendimento afetado e não darão conta dos compromissos, agendas, projetos e metas de forma eficiente/eficaz. Um ambiente de trabalho saudável passa por ações mentalmente saudáveis”.

Geração Y e Z, os talentos das novas gerações

Uma pesquisa recente, realizada pelas empresas TalentLMS e BambboHR, coletou informações de cerca de 1,2 mil jovens estadunidenses entre 19 e 25 anos, que estiveram por pelo menos seis meses em um único emprego. Desses, 42% disseram que se demitiriam caso sofressem sintomas de burnout ou sentissem que não estão conseguindo ter o equilíbrio como estilo de vida. “Essa nova geração é ainda mais sensível à saúde mental, principalmente depois da pandemia onde se abriu a possibilidade de trabalhos mais flexíveis, algo que para essa geração passou a ser primordial, uma vez que possibilita um equilíbrio maior entre família, casa e trabalho”, conta  Alexandre.

            Além disso, estudos indicam que a geração Y e Z é muito mais criteriosa e crítica com relação à realização pessoal. É o que indica a pesquisa realizada pela consultoria em recrutamento Randstad, que ouviu 35 mil pessoas em 34 países, em 2022, e descobriu que um a cada dois indivíduos da Geração Z preferem ficar desempregados a estarem presos a um trabalho que não gostem. “É fundamental que as empresas entendam que a saúde mental é fundamental para todo o ecossistema, desde os estagiários até à presidência. Sendo que as ações desenvolvidas devem ser profundas e de longo prazo e realizadas de forma coordenada e constante. Algo de fachada não adianta e é logo percebido pelos colaboradores”, finaliza o especialista.

Ações que podem ser desenvolvidas pelas empresas para fomentar a saúde mental de seus colaboradores:

– Trabalhe ações coerentes de liderança autêntica e adequada mitigação/gestão de conflitos.

– Coloque em ação um programa de saúde mental: primeiramente analise a realidade da sua empresa, verifique as necessidades e crie um conjunto de iniciativas com objetivo de melhorar a qualidade de vida dos profissionais.

– Ofereça benefícios: vá além do plano de saúde (algo primordial quando o assunto é saúde) e busque ações de conversas ativas com os colaboradores, incentivando dessa forma, que eles olhem para a própria saúde.

– Viabilize e incentive a realização de atividades físicas: ofereça descontos em academias, gympass, ou ainda disponibilize serviços de exercícios laborais e atividades recreativas dentro da empresa.

– Apoie os colaboradores: deixe claro que seus colaboradores são importantes para a empresa, por meio de recados, mensagens ou conversas. Ações que incentivem a participação da família são sempre boas opções também, assim como as que motivam a criação de amizades dentro da empresa, promovendo dessa forma a conexão entre todos e evitando as “panelinhas”.

– Substitua Feedbacks por Feedforwards: mantenha feedbacks constantes com seus colaboradores, reforçando as realizações dos times e troca de ideias sobre possíveis melhorias no ambiente de trabalho e, paulatinamente substitua-os por feedforwards antecipando possíveis pontos de erros e stress, tomando medidas para saná-los antes mesmos que venham a ocorrer.

– Incentive a despressurização: fomente momentos alegres como happy hours, cafés e eventos internos, além disso, ter um espaço na empresa onde as pessoas possam descansar e relaxar é fundamental.

– Foque no desenvolvimento e empoderamento das lideranças éticas: gestores precisam saber lidar com situações adversas sem comprometer a saúde mental das equipes. Além disso, gestores são pessoas que recebem muita pressão e, portanto, devem contar com programas específicos para eles.

– Fique atento às responsabilidades de cada um dos times: as funções dos funcionários devem ser bem divididas, evitando a sobrecarga e o estresse individual.

– Promover eventos específicos focados em saúde mental também podem ser aliados: realizar eventos sobre o tema, de forma rotineira e constante, ajuda a promover a saúde mental. Para isso podem ser feitos dias de massagens, yoga coletivo e alongamentos.

– O ser humano se realiza integralmente quando considerado em todas suas dimensões e âmbitos, portanto o equilíbrio entre vida pessoal e profissional se dá quando é considerado todos os seus aspectos: físico, racional, emocional e espiritual.

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