Arquiteta Júlia Guadix dá dicas para deixar residência com ares descolado e moderno através do estilo industrial
Nos idos da década de 60, em Nova York, artistas e escritores começaram a ocupar antigos galpões, onde antes eram fábricas, para transformá-los em ambientes para trabalhar e morar ao mesmo tempo. Assim surgiram os famosos studios e lofts com pilares, vigas, instalações elétricas e hidráulicas aparentes e a decoração rústica e descolada que hoje caracteriza o estilo industrial e é uma das maiores tendências da decoração mundial. Aqui no Brasil, junto com a essência arrojada, o décor vem firmando seus adeptos agregado a dois quesitos: praticidade e economia.
Em linhas gerais, quem opta por esse caminho decorativo aprecia a integração dos ambientes e um toque mais ‘imperfeito’, evidenciado pelo efeito único de elementos estruturais do concreto presentes nas lajes e pilares aparentes, o tijolinho visível, bem como as tubulações de elétrica.
“O estilo industrial está super em alta desde a última década e veio para ficar! Não à toa, muitos empreendimentos imobiliários possuem conceitos característicos dos galpões que deram origem ao estilo. Hoje em dia, já assimilamos muito essa ideia de integrar os ambientes – tornando-os multifuncionais –, de ter a planta do imóvel mais livre, assim como apostar em janelas maiores. Por si, esses pontos já fazem parte deste tipo de decoração”, comenta a arquiteta Júlia Guadix, à frente do Studio Guadix.
Por onde começar?
Para quem pretende decorar com o estilo industrial, o primeiro passo é analisar o espaço que se tem e tomar partido de elementos estruturais aparentes da residência. Se o local não tem materiais interessantes para deixar aparente, pode-se aplicar texturas de cimento queimado ou tijolinhos bricks, que criam uma boa base para o espaço. No capítulo iluminação, a instalação de pendentes com elementos metálicos e lâmpadas com filamento reforçam o clima industrial. A arquiteta sempre recomenda a iluminação branco quente (temperatura de cor entre 2700K e 3000K), para deixar os ambientes mais agradáveis e acolhedores. “Eu gosto muito de deixar os materiais aparentes e manipular a cor em detalhes, porque deixa a decoração bem versátil. Sempre falo para os meus clientes que esse estilo é super atemporal, pois há séculos o tijolo, concreto e vidro não saem de moda”, afirma Guadix.
Um décor para todos os ambientes
Além de residências, o tom industrial pode retratar a concepção de projetos comerciais e corporativos. E nas casas, não há ressalvas: todos os ambientes podem incorporar o décor. “No projeto, buscamos manter os ambientes mais amplos e integrados e trazer materiais mais rústicos com concreto, tijolo, aço e madeira para trazer a linguagem industrial”, explica a arquiteta. Ainda segundo ela, em apartamentos, o industrial é muito presente em salas de estar integradas com as cozinhas, assim como nos demais cômodos da ala social que podem estar conectados.
Mobiliário
Na escolha dos móveis, as peças multifuncionais e modulares são deliberações que harmonizam bem por conta da versatilidade. “Móveis como sofás modulares, camas rebatíveis, carrinhos e mesas laterais permitem uma flexibilidade de uso que tem tudo a ver com a integração do espaço trazida por esse estilo. E elementos em metal, concreto, vidro e madeira reforçam a linguagem industrial no mobiliário”, ressalta Julia.
Materiais e cores
Existem diversos materiais e revestimentos que podem ser utilizados para dar um tom industrial. Os mais comuns são o concreto ou os porcelanatos que simulam o efeito, bricks que emulam diferentes acabamentos do tijolinho aparente, o subway tile e pisos de madeira ou cimento queimado, entre outros componentes.
Partindo da premissa de que o projeto começa a partir da base neutra do cinza do concreto, é possível criar ambientes mais aconchegantes apostando nos tons terrosos dos tijolinhos e madeiras. Em relação às cores, tons sóbrios e escuros deixam os elementos mais elegantes e masculinos e cores mais vibrantes conferem descontração e ousadia. “É preciso escutar os clientes e conhecer sua personalidade para definir o caminho que vai representá-lo melhor na decoração.”
Para tirar um pouco o frio do industrial, a arquiteta aponta sua predileção por destacar a madeira na concepção da marcenaria dos móveis. Para tanto, o portfólio de MDF amadeirado auxilia no intuito de propiciar aconchego e atenuar a ação provocada pelo acinzentado do concreto.
Os azulejos em formatos menores também são queridinhos – bons exemplos são os modelos de 10 x 10 cm ou 20 x 20 cm –, que suscitam um ‘quê’ de retrô. “Nos projetos que executo, não abro mão da madeira e também da presença da natureza com uma seleção de plantinhas. Nesse décor, decisões que tragam vida e bem-estar são fundamentais. Uma toalha fofinha, o toque do rose gold em pendentes e objetos decorativos… um mundo de escolhas!”, finaliza.