Diversidade e clima ainda são desafios para as empresas nas práticas ESG

A transparência é um dos pilares da governança corporativa e as empresas estão indo bem neste quesito, conforme monitoramento do Observatório 2030, iniciativa do Pacto Global da ONU no Brasil.

O levantamento aponta que o número de funcionários treinados em anticorrupção cresceu dentro das organizações de 43,24% em 2018 para 59,90% em 2020. Esse tema foi levado a sério pelas corporações brasileiras e outro indicador importante neste quesito é a adoção, por 97,56% das empresas avaliadas, de um canal de denúncias aberto à sociedade, com garantia de anonimato e de não retaliação.

O que preocupa o Observatório 2030 agora são os indicadores relacionados à diversidade e contribuição com o clima. Nesta última vertente, para se ter uma ideia, apenas duas companhias brasileiras entre as analisadas realizam ações para mitigar a emissão de gases com programas aprovados pela Science-Based Targets Initiative (SBTi). Neste sentido, as métricas apontam que embora o combate às mudanças climáticas esteja em voga no setor empresarial, ele não passa de um discurso vazio, com poucas ações concretas.

Além disso, o compromisso relacionado ao meio ambiente ainda é tímido: apenas 13 empresas analisam o risco de escassez hídrica do ponto de vista tanto da quantidade de água, quanto da qualidade.

Pessoas

Os compromissos de raça e mulheres também não fazem parte da agenda das empresas monitoradas, embora o “S”, de “social”, seja uma das letras que compõem a sigla ESG. Os dados sobre políticas sociais internas ainda são escassos nas organizações, conforme o Observatório 2030.

Entre as 82 empresas analisadas, somente 15 possuem o percentual de colaboradores negros e negras em suas equipes. No que diz respeito à composição das empresas em percentual de mulheres, em todos os cargos (conselho, diretoria executiva, diretoria, gerência e coordenação), o percentual é maior quando as empresas são signatárias dos WEPs (Women’s Empowerment Principles). Contudo, apenas 43,9 % – menos da metade das empresas – aderem ao compromisso (43,9%).

Quanto ao pagamento do salário digno, a conclusão é que há baixa transparência das companhias nos indicadores. A proporção entre o salário da pessoa mais bem remunerada e a média do salário dos colaboradores foi divulgada por somente 14 empresas em 2020 (17,07% da base). Já a proporção de aumento salarial foi divulgada por pouco mais de 8% das empresas participantes.

Metodologia

O Observatório 2030 coleta amostras de 82 empresas com atuação no Brasil, listadas na Bolsa de Valores, que reportam seus resultados nos padrões do Global Reporting Initiative (GRI) e são participantes do Pacto Global da ONU no Brasil. A metodologia inclui a atualização dos dados e é realizada anualmente. O estudo cobre os indicadores dos anos anteriores analisados por duas variáveis: faturamento e setor.

Na contramão

Clodoaldo Oliveira, Diretor Geral da JValerio, empresa associada da Fundação Dom Cabral

Para Clodoaldo Oliveira, diretor geral da JValério Gestão e Desenvolvimento, os dados do Observatório 2030 demonstram que as organizações ainda estão engatinhando no que diz respeito à implementação de práticas de ESG. No entanto, a sigla não é mais uma tendência, mas sim uma realidade, que provocará impactos negativos nas finanças das organizações que a ignorarem, num futuro próximo.

“A sociedade está mudando e, cada vez mais, está preocupada com o meio ambiente e o bem-estar das pessoas. Inclusive, os investidores acompanham essa mudança de comportamento e já preferem investir em empresas socialmente comprometidas. Além disso, diversas pesquisas já comprovaram que os consumidores estão, a cada dia mais, optando por consumir produtos e serviços de marcas sustentáveis. A agenda ESG não pode mais ser ignorada pelas corporações em seu planejamento estratégico e modelo de gestão. Esse é um erro estratégico que poderá ser fatal a médio e longo prazo”, avalia Oliveira.

Na visão do diretor geral da JValério, cada empresa pode adotar as recomendações de ESG que fizerem sentido para sua estrutura, mas o ideal é que realmente se envolvam no processo e que tenham esses princípios como uma missão. “Para aplicação eficiente da agenda ESG na empresa é fundamental definir uma estratégia consistente e ter ciência de que esse é um processo de melhoria contínua”, destaca Clodoaldo Oliveira.

A ESG, inclusive, é uma das pautas do PAEX – Parceiros da Excelência, oferecido pela JValério em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). O programa para médias empresas  possui foco no aumento da competitividade e elevação dos resultados.

A solução educacional contribui com a formação de executivos e equipes de alta performance, elevando os resultados de curto, médio e longo prazos. O PAEX foi desenvolvido para ajudar a potencializar e conquistar a longevidade para esses negócios e as empresas que desejam ser perenes devem começar, o quanto antes, a levar a agenda ESG a sério.

A ESG não é mais uma tendência e, sim, uma realidade –  e um caminho sem volta – pois a sigla já aparece nos balanços financeiros de 2022 e vem com tudo nos dados operacionais já incluindo informações relacionadas aos riscos ambientais, sociais e de governança. O movimento faz parte de uma adaptação que as empresas de capital aberto terão que fazer até 2023.

 

 

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