Gravidez de Alto Risco: estatísticas indicam uma constante preocupação por parte de profissionais da área com essa realidade e a necessidade de abordar questões de prevenção. Para que se tenha uma ideia, a Organização Mundial de Saúde (OMS), registrou cerca de 303.000 óbitos maternos no mundo em 2015. A cada óbito ocorrido suspeita-se que 20/30 das mulheres apresentaram alguma comorbidade materna. No Brasil, estima-se que 10% a 20% das gestações sejam de alto risco, sendo a diabetes e a hipertensão as causas mais comuns.
A ginecologista Amanda Kanaciro Correa Cruz, membro corpo clínico e plantonista do Grupo Neocenter/Belo Horizonte, explica que a gestação é um fenômeno fisiológico e a maior parte dos casos se dá sem intercorrências. “Porém, em pequenas parcelas das mulheres pode haver complicações, ou por alguma doença materna ou mesmo patologia do bebê”. Conforme explica, “uma gravidez de alto risco é aquela que gera algum risco de morbidade ou mortalidade ao binômio feto-mãe”
Causas – Segundo a médica, as causas principais são: doenças maternas prévias à gestação, como a hipertensão, a obesidade, o diabetes, as doenças tireoidianas, as doenças autoimunes, as doenças hematológicas e a asma. Conforme ela explica ainda, dentre as doenças maternas que surgem na gravidez e que entram para o grupo de alto risco, “podemos citar a hipertensão que surge na gestação, podendo culminar na pré-eclâmpsia, o diabetes – que também pode surgir somente na gravidez, as doenças infecciosas, por exemplo, a toxoplasmose, as implantações inadequadas de placenta, como a placenta prévia, além de histórico ruim de gestações anteriores, como aborto de repetição e partos prematuros prévios. Algumas intercorrências fetais também entram neste grupo. Entre elas podemos citar bebês que crescem pouco intra útero, as más formações fetais e gestações múltiplas”.
Sobre os extremos de idade das mães, a ginecologista do Grupo Neoocenter informa que são fatores de risco para as doenças gestacionais. “Os principais riscos para a mãe/feto, estão a mortalidade materna e do bebê. Algumas causas da gravidez de alto risco são evitáveis e “outras, infelizmente, não, pois são inerentes à gestação”, alerta.
Pré-eclâmpsia – Está entre as principais causas da gravidez de alto risco. Conforme a Dra. Amanda explica, a pré-eclâmpsia é uma condição da paciente caracterizada pela elevação de pressão arterial após 20 semanas de gestação, associada à perda de proteína na urina e/ou outras alterações laboratoriais que indicam lesões em órgãos como, o rim e fígado, ou crescimento inadequado do bebê.
“Muitos são os mecanismos de surgimento da pré-eclâmpsia, mas, especialmente, a placentação inadequada que por vezes pode estar ligada a fatores genéticos e hereditários”. Entre os fatores que podem levar à pré-eclâmpsia, estão: histórico da gestante, como se tiver algum fator de risco conhecido como pré-eclâmpsia em gestação anterior, se já for hipertensa, se for obesa, se tiver mais de 40 anos ou tiver alguma combinação de fatores genéticos e alterações ultrassonográficas. “Com esses dados podemos usar medicações e suplementações. Mas o diagnóstico e o acesso à informação aos serviços de saúde são como na maioria das doenças, melhor forma de prevenção”.
Entre as formas de controlar a pré-eclâmpsia está o controle da pressão arterial, a avaliação cuidadosa dos exames laboratoriais e avaliação fetal regular, e, por vezes, até mesmo interrompendo a gestação. Mesmo que algumas vezes, prematuramente”.
A médica do Grupo Neocenter destaca que após o parto a maioria das mães que vive o risco de pré-eclâmpsia volta a ter uma saúde normal. “É uma excelente oportunidade de indicarmos um saudável estilo de vida, com alimentação adequada e a prática de exercícios físicos”, pontua.
Avanços – Quanto aos avanços do tratamento, a Dra. Amanda destaca que “as pesquisas hoje são promissoras e estão sempre trazendo novas descobertas. Estudos para entender melhor as características das doenças e suas formas de prevenção, ou mesmo controle precoce dessas doenças, avançam constantemente, haja vista o que se sabe hoje sobre a prevenção de pé- eclampsia, o uso de AAS, a suplementação de cálcio e os rastreios genéticos”, mas, o mais importante, alerta a médica, é que assim que diagnosticada a gestação, a futura mãe deve procurar rapidamente o médico de sua confiança para que ele estratifique o risco da gestação e, caso necessário, a encaminhe ao pré-natalista de alto risco“, conclui.
Gravidez de Alto Risco: pré-eclâmpsia é uma das principais causas
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