O evento ligado a navegação, infraestrutura costeira e portuária e meio ambiente está programado para os dias 22 e 23 de maio, em Balneário Camboriú (SC)
O cenário atual e as tendências para a navegação marítima serão apresentadas pelo especialista Leandro Guimarães Carelli Barreto durante o Portos & Costas Brasil – 2023. Leandro, é consultor e sócio fundador da Solve Shipping Intelligence e, é considerado uma das principais autoridades quando o assunto é navegação. Sua apresentação integra a programação do primeiro dia do evento, na temática navegação e hidrovias. O Portos & Costas Brasil – 2023 acontece nos dias 22 e 23 de maio, no Hotel Mercure, em Balneário Camboriú.
O assunto em pauta ganha notoriedade no momento em que se discute a necessidade da ampliação na utilização do modal marítimo no comércio internacional, que ainda sofre impactos da pandemia do COVID-19, somado ao cenário de guerra no leste europeu, ao arrefecimento da economia global e às pressões inflacionárias.
O especialista alerta ainda que tem passado um pouco despercebido o potencial impacto da resolução mandatória da Organização Marítima Internacional (IMO) que prevê o controle das emissões de carbono por milha/tonelada transportada. “A exemplo dos selos de eficiência energética que vemos em nossos eletrodomésticos, os navios serão cobrados por sua eficiência, como um primeiro passo para chegar a uma redução de 50% nas emissões até 2050 [em relação a 2008, quando a capacidade da frota global era cerca da metade da atual]”, pontua Leandro.
Ele diz que para atingir esse objetivo os armadores deverão sucatear navios mais velhos, reduzir a velocidade (slow steaming), manter os navios o mais cheios possível e operar navios menores em rotas regionais e na cabotagem, deixando os grandes cargueiros apenas para rotas longas. “Ao fim e ao cabo, na prática, essas medidas poderão beneficiar, e muito, a gestão da oferta dos armadores.”
Infraestrutura aquaviária
O consultor alerta ainda para uma renovação da frota dos navios que navegam hoje nos oceanos do planeta, o que deve impactar em investimentos na infraestrutura dos portos brasileiros. Leandro, diz que atualmente 2/3 da frota de full containers que operam no Brasil situam-se na faixa de 8,5 mil a 12 mil TEU (Twety-foot Equivalent Unit – unidade internacional equivalente a um contêiner de 20 pés). “No entanto, sabe-se que essa categoria de navios não tem mais muitas encomendas, pois eles são ineficientes nas rotas longas e grandes demais para as rotas regionais, feeder e cabotagem. Isso nos leva a crer que quando a frota atual terminar sua vida útil [dentro de cinco a 10 anos], os navios deverão ser substituídos pelos chamados New Panamax, com capacidade de 12 mil a 15 mil”, destaca.
Contudo, segundo o consultor, para esses navios operarem a plena capacidade eles demandam um calado de 16 metros, coisa que nenhum porto brasileiro oferece atualmente. “Portanto, há um grande trabalho a ser feito para preparar nossa infraestrutura de acesso marítimo para receber essa nova geração de navios, tanto em calado, adequação de canais e bacias de evolução, bem como no reforço dos berços e aquisição de novos guindastes.”
Para Leandro, “seja qual for o caminho que o governo decida trilhar, é preciso ter em mente que a mudança na navegação, notadamente o crescimento em comprimento, largura e calado dos navios, não irá aguardar a adequação dos portos brasileiros, dada a busca incessante dos armadores por economia de escala e redução das emissões de carbono, para cumprir com as novas exigências internacionais, leia-se IMO 2023.”
O congresso
O Portos e Costas Brasil – 2023 está em sua segunda edição e é realizado pela MTCN Soluções Sustentáveis em Dragagens, Portos e Costas. Irá reunir em dois dias de congresso os principais nomes relacionados a engenharia e infraestrutura portuária e costeira, meio ambiente, transporte marítimo e hidroviário, portos e terminais, dragagens, marinas e cruzeiros.
“O objetivo é a discussão e disseminação de conhecimento técnico e experiências práticas com uma programação ampla e abrangente, afinal, são setores que vivem em constante movimento e o mercado precisa responder a essas mudanças de forma dinâmica e com segurança”, destaca o oceanólogo e consultor Mauricio Torronteguy, curador do evento.
O especialista complementa que esses temas, sempre atuais nas esferas técnicas e governamentais, precisam ser constantemente revistos e atualizados. “Foi para manter viva essa discussão que criamos o Portos & Costas – Brasil”, acrescenta Mauricio, responsável pela curadoria do evento.