Coração feminino é diferente do masculino. Estresse e estilo de vida merecem atenção
As cardiopatias, doenças relacionadas ao coração, respondem por um terço das mortes de mulheres no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as brasileiras, as cardiopatias chegam a representar 30% das causas de morte, a maior taxa da América Latina. Estima-se que, a cada 12 minutos, duas mulheres morrem no Brasil em decorrência de doenças cardiovasculares.
Os números são preocupantes e apontam para a necessidade, por parte das mulheres, de um cuidado cada vez maior com a saúde do coração. Apesar de haver mais consciência, os esforços ainda precisam avançar, afirma a cardiologista Bianca Maria Prezepiorski, Diretora Médica do Hospital Costantini, de Curitiba.
“Por muito tempo, houve a crença, equivocada, de que os homens, pelo estilo de vida, estariam mais propensos a doenças cardiovasculares. Isso não é verdade”, afirma Bianca. “A mulher paga um preço alto pela dupla e até terceira jornada, no trabalho, cuidando da casa, dos filhos, da família”, diz Bianca, ao lembrar que o estresse é um dos grandes fatores de risco para o coração. O sedentarismo, o sobrepeso e o tabagismo também aumentam os riscos.
As doenças do coração da mulher podem se manifestar de forma diferente, pelas características do órgão em comparação com o masculino. O coração da mulher é menor (pesa 60 gramas menos, em média), as coronárias são mais finas, as mulheres têm maior tendência a doença microvascular, tendem mais à taquicardia e são mais propensas a desenvolver coágulos.
“O coração da mulher pesa menos, tendo em vista que o corpo feminino tende a ser menor que o dos homens. Isso faz com que a circulação coronariana também seja diferente, já que as artérias são mais estreitas”, explica Bianca. “Cuidado e atenção são sempre necessários, mais ainda após a menopausa, quando cai a produção de estrogênio”. Esse hormônio é um aliado do coração, estimula a dilatação dos vasos e facilita o fluxo sanguíneo. Com a menopausa, o nível de estrogênio diminui, o que aumenta o risco do desenvolvimento de doenças.
Para reduzir riscos e cuidar do coração, a doutora Bianca ressalta os pilares da saúde: alimentação saudável, atividade física, sono reparador, evitar substâncias tóxicas como cigarro e álcool, distanciar-se de relações tóxicas, sejam pessoais ou profissionais. “E viver a vida com menos pressa, focada no momento, dar o devido tempo a tudo. O coração vai agradecer”.