Páscoa: quais os riscos associados ao consumo excessivo de chocolate por crianças e adolescentes?

Entre os diferentes tipos de chocolate, o mais saudável é o amargo que possui quantidades de cacau maiores (Crédito: Envato Elements)

A Páscoa é uma data esperada por muita gente, especialmente por crianças ansiosas pela visita do coelhinho e seus apetitosos presentes. A tradição secular segue intacta, mas em uma sociedade cada vez mais antenada a questões de saúde muitas pessoas têm questionado os riscos do consumo excessivo de chocolate por parte destes jovens. E não se trata de uma preocupação vazia: pais e responsáveis podem e precisam ficar atentos ao consumo excessivo destes doces, sobretudo durante este período festivo.

Órgãos de saúde tem recomendações específicas sobre o tema: segundo o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria, não é recomendado o consumo de chocolates e outros tipos de produtos contendo açucares refinados até os 2 anos de idade. Acima desta idade, é indicado que crianças comam até 25g do produto por dia, o equivalente a 5% das calorias diárias ingeridas em uma dieta recomendada a alguém nesta faixa etária, algo próximo a 40g de chocolate ao leite, por exemplo.

A nutróloga credenciada da Paraná Clínicas, Dra. Bianca Ohde Dalledone (CRM 36.125), explica os riscos associados ao consumo excessivo de chocolate por crianças e adolescentes: “O açúcar refinado, um ingrediente muito comum nestes alimentos, possui alto impacto na saúde cardiovascular destes jovens, aumentando o risco do desenvolvimento de obesidade, diabetes, hipertensão arterial e alteração nos níveis de colesterol, tanto ao longo da infância como na vida adulta”, conta. Outro problema menos óbvio destacado pela médica é que o consumo exagerado de alimentos ricos em açúcar pode influenciar negativamente o desenvolvimento do paladar da criança, uma consequência altamente prejudicial ao seu estado nutricional: “Ela terá maior resistência a consumir alimentos que não apresentem estas características”, explica.

Um estudo publicado no “International Journal of Obesity” em 2017, indicou que o consumo frequente de alimentos ricos em açúcar, como o chocolate, está relacionado à obesidade e ao aumento do índice de massa corporal (IMC) em crianças e adolescentes. Outra pesquisa divulgada no “Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism”, em 2018, apontou que o excessivo consumo de açúcar refinado pode levar a um crescimento dos níveis de insulina no organismo, aumentando o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2.

Diante deste cenário, é importante que pais e responsáveis saibam tanto dosar o consumo, quanto escolher o tipo de chocolate mais adequado à criança: “O chocolate é um alimento muito calórico e rico em gorduras, principalmente o chocolate ao leite e branco. Seu consumo em excesso pode levar não apenas à restrição do paladar e à má nutrição, mas também influenciar no aumento de peso e desenvolvimento de doenças crônicas associadas à obesidade. Já o chocolate amargo, apesar de não ser o mais apetitoso ao paladar infantil, costuma apresentar uma concentração de cacau entre 50% e 100% e é o mais indicado. Quanto maior o teor de cacau, menos gordura e açúcar são adicionados, deixando-o mais puro e rico em nutrientes”, afirma Bianca.

Benefícios do chocolate

Mas não são só de riscos à saúde que é feito o chocolate. O cacau, ingrediente fundamental da em sua composição, é rico em fitoquímicos, substâncias antioxidantes e anti-inflamatórias que atuam na prevenção de doenças cardíacas a partir do controle da pressão arterial e dos níveis de colesterol, principalmente quando presente em níveis acima dos 70%. Além disso, eles podem fortalecer o sistema imunológico e auxiliar na regulação hormonal.

Longe de ser um vilão, o chocolate pode ser benéfico se consumido em quantidades adequadas e já há pesquisas que atestam tais benefícios. Segundo a Dra. Bianca, parte do segredo é associar o consumo do doce à prática de atividades físicas entre os infantes: “Além de ser um excelente meio de estimular o convívio social das crianças e adolescentes, a atividade física regular impacta positivamente em diversas funções do organismo, como controle da pressão arterial, metabolismo de açúcares e gorduras, funcionamento intestinal e qualidade do sono e humor. Além disso, uma prática regular de exercícios contribuiu para a manutenção do peso adequado durante seu desenvolvimento e crescimento”, completa.

Palavra da especialista: quais as principais características diferenças entre os tipos de chocolate?

CHOCOLATE AMARGO
“É considerado aquele com maiores concentrações de concentração de cacau, variando entre entre 50% e 100. São os mais saudáveis por possuírem menor quantidade de manteiga de cacau (gordura) e açúcar, deixando o mais puro e rico em nutrientes”.

CHOCOLATE AO LEITE
“Contém os mesmos ingredientes que o chocolate amargo, mas com adição de leite e menor concentração de cacau. Por consequência, tem maior adição de açúcar e gordura, deixando-o menos saudável”.

CHOCOLATE BRANCO
“Não leva cacau em sua composição, sendo constituído apenas por açúcar, gordura e leite. Seu consumo não proporciona benefício algum à saúde. É o mais contraindicado de todos”.

Sobre a Paraná Clínicas
Fundada em 1970, a Paraná Clínicas é referência em planos de saúde empresariais e também atua na modalidade coletivo por adesão. Carrega a missão de cuidar com excelência de empresas e pessoas, oferecendo como diferencial os programas de saúde preventiva e promoção de qualidade de vida. Com uma infraestrutura moderna e planejada em uma rede interligada, a Paraná Clínicas conta com sete unidades próprias em Curitiba e Região Metropolitana, chamadas de Centros Integrados de Medicina: CIM Araucária; CIM CIC – 24h; CIM Fazenda Rio Grande; CIM Rio Branco do Sul; CIM São José dos Pinhais; CIM Unidade Infantil – 24h (ao lado do Hospital Santa Cruz) e CIM Água Verde. Mais informações em panaclinicas.com.br