Estatísticas da Sociedade Brasileira de Reumatologia apontam que cerca de 65 mil pessoas convivem com o lúpus no país. A maioria é formada por mulheres. Os números mostram que elas são nove vezes mais atingidas do que os homens. Atualmente, uma em cada 1.700 mulheres brasileiras tem o diagnóstico de lúpus. A doença costuma se manifestar geralmente entre os 20 e os 45 anos de idade. Não se sabe ao certo que causa o lúpus em mulheres e na população em geral, porém, estudos de destaque na literatura médica e científica nacional e mundial apontam que as doenças autoimunes, incluindo o lúpus, podem ser uma combinação de fatores como ambientais; genéticos; infecciosos e hormonais.
A reumatologista Maria Gabriela Lang, do Instituto de Oncologia do Paraná – IOP, ressalta que o lúpus é uma doença sistêmica (colagenose) autoimune em que o corpo produz anticorpos que atacam as células e os órgãos do próprio corpo – o sistema de defesa imunológico fica desregulado. Não tem cura, mas a doença pode ser controlada com acompanhamento médico e tratamento adequado. Existem diversas apresentações, desde as localizadas até as sistêmicas. Desse modo, pode variar desde um quadro localizado exclusivamente à pele ou de forma mais abrangente, acometendo articulações, pulmões, rins, sistema nervoso, sangue. “O importante é o diagnóstico precoce, para evitar a progressão da doença e reduzir risco de reativações (flares). Por isso, a recomendação é ficar atento aos sintomas, que são diversos, variando entre os pacientes, já que não são necessariamente os mesmos órgãos acometidos em todos os pacientes”, aponta.
Existem dois tipos principais de lúpus, o chamado cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas e daí o nome lúpus eritematoso), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto, orelhas, colo (“V” do decote) e nos braços) e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos.
Sintomas da doença e diagnóstico
Dra. Maria Gabriela Lang cita os principais sintomas da doença, como fotossensibilidade (sensibilidade aumentada à exposição solar); lesões cutâneas em áreas de maior exposição solar; queda de cabelo; úlceras na boca ou nariz; falta de ar; cansaço; febre; perda de peso; artrite; dor abdominal; convulsões; psicose; anemia; sangramentos/hemorragias e manifestações decorrentes de acometimento renal, como elevação da pressão arterial, edema generalizado e redução do volume de urina.
O lúpus é diagnóstico com a execução de vários testes. “O médico fará uma análise da história clínica e dos sintomas. Além disso, são solicitados exames de sangue para avaliar a inflamação, o número de glóbulos brancos e vermelhos e outras anormalidades. Poderão ser feitos outros testes também, como exames de imagem, para verificar se há algum dano nos órgãos afetados.”
Tratamento
O tratamento para o lúpus depende da gravidade da doença e dos órgãos afetados e pode incluir medicação para reduzir a inflamação, como anti-inflamatórios, imunossupressores e drogas à base de esteroides. “No caso de algum órgão já tenha disso afetado, causando dano, o tratamento pode incluir drogas para prevenir ou minimizar os sintomas e controlar a dor”, ressalta Maria Gabriela.
Convivendo com o lúpus
“Viver com lúpus exige que os pacientes sejam muito atenciosos com seu autocuidado. É preciso seguir corretamente os conselhos médicos, tomar a medicação prescrita, usar protetor solar com fator mínimo de 30 – a exposição solar pode desencadear uma reação inflamatória no organismo –, fazer o monitoramento de sintomas e se possível fazer terapia com um psicólogo. Tudo se baseia na autodisciplina, o cuidado consigo mesmo”, destaca a reumatologista.