sábado, 22 fevereiro 2025
21.3 C
Curitiba

Olho seco e glaucoma podem comprometer cirurgia de catarata

Olho seco e glaucoma podem comprometer cirurgia de catarata

Esta semana, oftalmologista alerta sobre os riscos em palestra no maior congresso da América Latina sobre catarata e refrativa.

O maior congresso catarata e cirurgia refrativa da América Latina, BRASCRS 2023, promovido pela ABCCR (Associação Brasileira de Cirurgia de Catarata e Refrativa) acontece em São Paulo no Transamérica Expo Center, de 24 a 29 de maio, com a participação de mais de 500 palestrantes nacionais e internacionais que apresentam as principais atualizações nestas subespecialidades.

Na quarta (24), das 15 às 17 horas, o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas, apresenta palestra no bloco 4 sobre os riscos do olho seco e do glaucoma para a restauração da visão na cirurgia de catarata.

Queiroz Neto ressalta que a catarata é uma doença multifatorial que torna opaco nosso cristalino, lente interna do olho. A principal causa da doença, observa é o envelhecimento que avança no Brasil, a uma velocidade 4,5 vezes maior que o crescimento da população. A estimativa populacional do IBEG (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é de que entre 2019 e 2022   o número de brasileiros com 50 anos ou mais, faixa etária em que a catarata surge no País, teve um aumento de 9%. Passou de 51,2 milhões para 56,1 milhões. Já o crescimento populacional em todas as idades no mesmo período foi de 2% – 210,6 milhões para 214,7 milhões.  O oftalmologista afirma que hoje a cirurgia é bastante segura porque conta com um sistema de portabilidade que descarrega ao centro cirúrgico todas as informações sobre nosso olho coletadas antes da cirurgia. Isso evita falhas e explica porque a maioria das pessoas retomam as atividades no dia seguinte. Apesar disso chama a atenção para o controle do olho seco. Sem isso você pode viver no embaço o restante de seus dias.

Envelhecimento e olho seco

“A catarata causada pelo envelhecimento pode chegar junto com o olho seco. E acredite não é um mal menor. Diversas alterações no metabolismo e nas estruturas oculares podem levar à diminuição da produção de lágrima e à piora da qualidade do filme lacrimal que é a principal interface de nossa refração e por isso é tão essencial enxergamos”, pontua. Em mulheres os hormônios sempre permeiam o olho seco.  Mas, quando  entram na menopausa a diminuição dos estrogênios que reduz a lubrificação de todas as mucosas, também atinge os olhos”, salienta. Alguns medicamentos como ansiolíticos e anti-histamínicos, o mal funcionamento das glândulas de meibômio que produzem a camada lipídica da lágrima também são causas importantes da instabilidade do filme lacrimal. O tratamento, afirma, varia de acordo com a avaliação de cada paciente. Pode incluir desde uso de lágrima artificial, desobstrução das glândulas de meibômio com luz pulsada e até implante de um plugue no canal lacrimal. “Eliminar o olho seco é determinante para o sucesso da cirurgia de catarata porque a estabilidade do filme lacrimal garante o cálculo correto da lente intraocular a ser implantada” explica.

Olho seco decorrente da cirurgia de catarata

Queiroz Neto ressalta que as principais causas do olho seco decorrente da cirurgia de catarata são:

  1. Dano na incisão da córnea que leva à instabilidade do filme lacrimal.
  2. Reação ao uso dos colírios antibiótico e esteroide indicados no pós cirúrgico para ajudar na recuperação do olho e prevenir infecção.
  3. Diminuição da produção de mucina que ajuda hidratar o olho.
  4. Menor produção do filme lacrimal causada pela inflação ocular após à exposição à luz dos microscópios durante a cirurgia.
  5. Alternância frequente de ressecamento e irrigação da córnea durante a cirurgia.
  6. A técnica cirúrgica também pode induzir ao olho seco. No Brasil a facoemulsificação é a mais usada e induz menos ao olho seco.
  7. As lentes multifocais podem induzir mais ao olho seco pela exigência refrativa.

Por isso, o resultado da cirurgia é definido pela experiência do cirurgião e lente implantada, salienta.

Sintomas, diagnóstico e tratamento

O oftalmologista alerta que quem passa pela cirurgia e sente ardência, visão embaçada, flutuante ou lacrimejamento frequente deve consultar o oftalmologista. O diagnóstico do olho seco pós cirúrgico é feito com um equipamento que permite a visualização das camadas da lágrima e em qual delas está ocorrendo o desequilíbrio para estabelecer o tratamento mais adequado. O   especialista afirma que quem tem boa lubrificação nos olhos em uma semana já não sente os sintomas do olho seco.   Em muitos casos o desconforto só desaparece entre 1 e 3 meses.

 O risco do colírio para glaucoma

No Brasil a maioria dos casos de glaucoma são do tipo primário de ângulo aberto, caracterizado pelo aumento da pressão intraocular que têm como tratamento o uso contínuo de colírio para baixar a pressão interna do olho. Segundo Queiroz Neto o uso de colírios antiglaucomatosos podem ocasionar doenças na superfície dos olhos devido, principalmente, ao conservante.

“O conservante provoca um processo inflamatório da superfície ocular e o desequilíbrio na produção do filme lacrimal” afirma. Resultado: Cria um ciclo que se retroalimenta e potencializa o efeito do olho seco. Por isso, causa alterações biométricas que induzem a complicações após a cirurgia de catarata.

Segundo o especialista, diversos estudos indicam que os pacientes com glaucoma têm alta concentração na superfície do olho de metaloproteinases (MMPs), enzimas responsáveis pelo remodelamento tecidual e cicatrização de feridas.

Entre estas enzimas, Queiroz Neto destaca a MMP9 que desorganiza e afina a camada mais espessa da córnea, o estroma, que corresponde a 90% da espessura total. “O uso crônico de colírios com conservante para o tratamento do glaucoma antes da cirurgia de catarata pode aumentar a atividade da MMP-9 na córnea, Por isso, potencializa o risco de olho seco pós-cirúrgico, edema macular, inflamação intraocular, entre outras complicações.

Para evitar estes riscos que podem induzir à perda da visão consulte seu oftalmologista sobre outros tratamentos como colírio sem conservante para o glaucoma luz pulsada e suplementação com ômega 3 para olho seco.

Destaque da Semana

“Histórias: Show do Século” anuncia data em Curitiba com grandes nomes do sertanejo

Festival acontece no dia 1º de novembro na Ligga...

Beer & Beef, edição St. Patrick´s Day, acontece de 20 a 23 de março no Catuaí

Evento reúne o melhor da gastronomia local, com chope...

Tontura ou vertigem: como saber quando procurar ajuda médica?

Os sintomas podem se confundir e não ter muita...

Com impacto emocional, alopecia areata ganha novas opções de tratamento

Sociedade Brasileira de Dermatologia divulgou recomendações atualizadas para aprimorar...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Popular Categories

Mais artigos do autor