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Homem-Aranha carioca: Filme vencedor em Cannes revela trilha

O artista carioca Igor Doval convida o Homem-Aranha para explorar as ruas do subúrbio do Rio de Janeiro, levando o herói para os cenários conflitantes de uma cidade soturna e sombria. O filme experimental de ação intitulado “Aranha: Sob a Sombra da Máscara”, dirigido por Doval e vencedor do prêmio de Melhor Diretor de Curta-Metragem no Cannes World Film Festival, agora tem sua trilha sonora disponível em todas as principais plataformas de streaming, complementando o universo do filme premiado.

Ouça a trilha sonora original de “Aranha: Sob a Sombra da Máscara”: https://onerpm.link/942617142485

A trilha sonora, composta por temas instrumentais e incidentais, desempenha um papel fundamental no filme, que tem uma duração total de 22 minutos. Com 15 minutos e 10 faixas, a trilha sonora é um guia para o desenvolvimento da história de Pedro Parques, uma versão inversa de Peter Parker, que tenta lidar com a culpa após um incidente nas ruas do Rio de Janeiro. Faixas como “Apresentando o herói”, “Poder e responsabilidade” e “Tudo ou Nada” retratam a crescente tensão ao longo do curta-metragem.

Confira o trailer do filme: https://youtu.be/Do2HPSIJuHw

Doval é um multiartista carioca, rapper, diretor e editor audiovisual, com trabalhos conceituados na TV, longas e curtas-metragens, publicidade e clipes. Ele assinou vídeos de renomados artistas da região, como Xamã, NaBrisa e Riko Viana. Com mais de 15 anos de experiência na área, ele também atuou como editor na TV Globo e fez participações em séries da Globoplay, Disney +, Amazon e Record. Agora, esse projeto que une seu universo ao do Homem-Aranha é mais um exemplo da sua versatilidade criativa.

A relação de Doval com o personagem aracnídeo coincide com a de muitos de sua geração: uma combinação de crescer lendo quadrinhos e se encantar com os filmes de Sam Raimi no início dos anos 2000, que ofereceram novas e modernas possibilidades visuais para o herói. No entanto, aqui, Pedro é um super-herói negro que enfrenta não apenas as lutas em prol dos necessitados, mas também os problemas cotidianos que afligem os brasileiros diariamente. É uma batalha externa e interna, familiar e individual.

“A ideia surgiu do meu amor pelo personagem do Homem-Aranha. Um herói fora dos padrões, com defeitos, que, apesar das dificuldades, não mede esforços para ajudar e fazer o bem. Sendo um amante de quadrinhos desde criança e tendo assistido a todos os outros filmes já feitos, eu pensei: ‘Por que não criar minha própria versão?’. E assim, surgiu a curiosidade de imaginar como seria uma versão do aracnídeo no Rio de Janeiro, com nossa arquitetura, nossos problemas e nossa cultura”, lembra Doval.

A partir daí, ele começou a desenvolver a história piloto dentro do contexto carioca, aproveitando a ampla possibilidade de trabalhar diferentes versões do mesmo personagem por meio dos multiversos. Doval se uniu a Raphael Lion, co-criador da história e ator, para aprimorar a ideia e iniciar o projeto. Foi Lion quem trouxe o ator Will Crispim para interpretar o personagem principal, conferindo uma identidade única ao curta-metragem. Um Homem-Aranha negro, no Rio de Janeiro, lidando com problemas reais.

Homem Aranha

“Aranha: Sob a Sombra da Máscara” segue a tradição de outros fan films tão comuns no mundo nerd e geek. Doval aproveitou a abertura proporcionada por outras adaptações cinematográficas para trazer sua experiência em filmes feitos por fãs nos universos de Star Wars, Batman, Mortal Kombat e do próprio Homem-Aranha. A liberdade criativa e o alto padrão de qualidade dessas produções serviram de inspiração para o projeto.

No entanto, o ponto principal era trazer um olhar local, suburbano e periférico para um herói que não é estranho às margens. Sob essa perspectiva, Doval incorporou sua experiência como criador audiovisual, enfrentando desafios desde a aquisição de equipamentos até o acesso a cursos profissionalizantes.

“Todos esses fatores dificultam e desanimam futuros cineastas, especialmente se você não tem recursos financeiros para entrar na área. Além de ser difícil aprender e começar, falando do aspecto individual, também é muito complicado reunir uma equipe profissional para coproduzir os filmes, já que todas essas dificuldades não contribuem para o desenvolvimento de uma cultura de produção cinematográfica nos arredores. Isso me levou a aprender diversas técnicas em diferentes áreas da produção, desde a redação de roteiros até a fotografia, som e edição final com efeitos especiais”, reflete o diretor.

Todo esse esforço começou a render frutos. Além de colaborar com grandes nomes da música, Doval recebeu um dos maiores reconhecimentos da área: o prêmio de Melhor Diretor no Cannes World Film Festival, na França.

“Receber esse prêmio é a recompensa e o reconhecimento pelo esforço dedicado ao trabalho. É gratificante como artista saber que competimos com países que têm tradição no cinema, como Estados Unidos e Inglaterra, sendo avaliados por profissionais de Hollywood e sairmos vitoriosos. Devo muito à nossa equipe, que esteve conosco desde o início e contribuiu para tornar o projeto realidade”, reconhece Doval.

Agora, o filme continua sua jornada pelos festivais antes de ser disponibilizado ao público. Enquanto isso, é possível conhecer a trilha sonora original em todas as principais plataformas de streaming.

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