Alergia à proteína de leite de vaca é desafio para o desenvolvimento nutricional de crianças

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Comum ao público infantil, doença conhecida como APLV exige uma série de cuidados alimentares para garantir pleno desenvolvimento físico e mental dos jovens pacientes

Crianças costumam ser mais suscetíveis a uma série de enfermidades, mas um dos problemas mais comuns é a alergia à proteína do leite de vaca, também conhecida como APLV. Trata-se de uma reação do sistema imunológico às proteínas do leite, principalmente à caseína, à beta-lactoglobulina e à alfa-lactoalbumina. Embora muitas pessoas confundam com a intolerância à lactose, comum em adultos, a doença tem causas e implicações diferentes, mas é perfeitamente curável com o tratamento adequado.

Uma pesquisa de 2019 do Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia (ACAAI) apontou o quanto a APLV é um problema comum ao público infantil. De acordo com o levantamento, mais de 2% de todas as crianças nascidas com menos de 5 anos possuem alergia ao leite de vaca. Quando estas crianças com menos de um ano têm outras alergias, um pouco mais da metade delas, 53%, também tem APLV. Segundo especialistas, os índices são muito semelhantes no Brasil.

A gastroenterologista pediátrica credenciada da Paraná Clínicas, Dra. Gislaine Strapasson Blum (CRM 22.036, RQE 15.325), explica que os principais sintomas da APLV são cólicas, diarréia, dor abdominal e prisão de ventre. Segundo ela, o diagnóstico da doença varia de acordo com a forma e a intensidade em que os sinais da alergia se manifestam logo após a criança ingerir leite de vaca: “Quando os sinais se apresentam imediatamente, é mais fácil determinar o problema, seja através de histórico clínico ou de exame físico. Nesses casos, existem exames laboratoriais que são úteis para o diagnóstico da alergia. Quando os sintomas aparecem de maneira mais tardia, eles se manifestam principalmente do trato gastrointestinal. Nestes casos, fazemos uma análise do histórico clínico, exame físico e, mediante a manutenção da suspeita da hipótese da alergia, é aplicada ao paciente uma dieta sem o consumo da proteína a fim de identificar se há ou não uma melhora dos sintomas. Este é chamado de teste terapêutico. Posteriormente nós fazemos um teste de provocação, onde o consumo da proteína do leite de vaca é retomado e o médico observa se haverá o retorno dos sintomas”, explica Gislaine.

Segundo especialistas, as alergias alimentares têm se tornado cada vez mais frequentes entre a população do mundo todo. Um estudo de 2022 da Universidade de Saint George, de Londres, mostrou que nos últimos 15 anos o número de crianças que buscaram tratamentos em hospitais do País para alergias aumentou em sete vezes. A influência genética/familiar, é o fato mais associado ao aparecimento deste tipo de problema de saúde, embora crianças sem o histórico familiar de alergia também possam apresentar a APLV. Ainda segundo especialistas, a exposição precoce à proteína do leite de vaca, a prematuridade, o uso excessivo de antibióticos e o não aleitamento materno, independentemente do motivo, são causas associadas ao possível desenvolvimento tanto da APLV quanto de outras alergias alimentares.

Comum em crianças nos primeiros anos de vida, a APLV precisa ser diagnosticada e tratada adequadamente a fim de não prejudicar o desenvolvimento físico e cognitivo do jovem paciente. A alergia afeta o apetite da criança, ocasiona perda de peso e dificulta o seu crescimento. No entanto, o próprio tratamento da doença que restringe o consumo de leite de forma temporária pode acabar gerando consequências ao seu desenvolvimento. Por isso, é recomendado que pacientes de APLV sejam acompanhados de forma multidisciplinar por pediatras e nutricionistas a fim de garantir uma dieta adequada e equilibrada que permita o desenvolvimento pleno da criança mesmo com algumas restrições.

O leite de vaca normalmente substitui o consumo do leite materno como principal fonte de nutrientes na rotina alimentar de crianças a partir de alguns meses de idade. Justamente por isso a APLV é considerada uma doença que requer ação rápida na medida em que atrapalha de forma considerável a progressão natural da alimentação do jovem paciente, principalmente no que diz respeito à sua calcificação óssea. “Quando nós temos a necessidade de substituir o leite de vaca, seja pelo motivo que for, é fundamental que seja feito o consumo de alimentos ricos em cálcio para garantirmos o aporte adequado deste nutriente mineral-ósseo dessa criança”, afirma a gastroenterologista.

Tratamento e cura

Embora afete um número significativo de crianças e traga problemas potencialmente sérios ao seu desenvolvimento, a APLV tem grandes chances de cura a partir da aplicação do tratamento adequado. Em até 75% dos casos, ela desaparece até os três anos de idade, e em 90% dos casos a cura acontece até os seis. Normalmente, em situações de manifestações de sintomas imediatos após o consumo da proteína do leite, podemos considerar que o caso é mais grave e irá demandar um tempo maior de tratamento.

O tratamento é simples e feito a partir de uma dieta de exclusão da proteína do leite de vaca da rotina alimentar do paciente. Nesses casos, é necessária a substituição por alimentos com fórmulas especialmente projetadas para o consumo nesses casos: “Hoje existem várias fórmulas no mercado, com proteínas extensamente hidrolisadas, com ou sem lactose, fórmulas a base de proteínas vegetais, com aminoácidos, entre outros. Cada paciente com APLV precisa ser avaliado individualmente, conforme a idade do diagnóstico e o tipo de alergia que se manifesta para que o médico possa receitar a ele o produto ideal. O tempo de tratamento também é individualizado de acordo com o caso”, conclui Gislaine.

 

Sobre a Paraná Clínicas

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