A banda carioca Canto Cego utiliza sua arte como uma forma de resistência, e essa mensagem fica ainda mais evidente em seu pungente novo álbum, autointitulado e o terceiro da banda. Um dos destaques desse trabalho é a canção “Fogo”, que acaba de ganhar um clipe impactante lançado no Dia do Rock. O vídeo combina as altas temperaturas do rock do Canto Cego com sua potência lírica, abordando abertamente a forma como o prazer feminino é visto, frequentemente associado à loucura, ao perigo ou ao pecado. O clipe subverte essa narrativa ao apropriar-se de símbolos como a rosa e as bonecas de corpos perfeitos.
A música e o clipe podem ser apreciados nos seguintes links:
Assista ao clipe “Fogo”: https://youtu.be/1OHj-i1ATTk
Ouça o álbum “Canto Cego”: https://play.shakemusic.com.br/cantocego
A letra da música, construída com uma intensa poética pela cantora Roberta Dittz, destila versos como “eu sou o amor que arde no fogo / eu sou uma flor que nasce no fosso”. Embora a ambientação do vídeo remeta à era medieval, a instrumentação revela que “Fogo” é uma canção atual. Inspirado por bandas como The Mars Volta e Cordel do Fogo Encantado, o quarteto abraça temas poderosos nessa faixa, que se torna uma ode ao empoderamento feminino, às contradições da sexualidade e à repressão religiosa.
Canto Cego sempre esteve engajada em questões sociais e políticas, e essa mensagem também se reflete em seu novo trabalho. O álbum marca um momento de amadurecimento artístico e criativo para o grupo, celebrando a evolução musical e sua união ao longo de uma década. Com uma sonoridade plural, “Canto Cego” apresenta canções que exploram diversas potencialidades da banda, desde momentos mais poéticos com ambientações imersivas até explosões roqueiras e barulhentas, expressando a essência visceral do projeto.
“Ao lançar esse álbum homônimo, estamos fazendo um exercício muito especial de autoafirmação, colocando nosso nome em destaque, reafirmando nossa presença, sem medo de deixar uma marca”, afirma a vocalista Roberta Dittz. Além dela, a banda é formada por Rodrigo Solidade (guitarras), Ruth Rosa (bateria) e Magrão (baixo). A formação da banda se manteve estável ao longo dos últimos 10 anos, transmitindo uma mensagem de afeto, tolerância e amor em um mundo onde as individualidades ganham cada vez mais destaque.
A trajetória da Canto Cego é marcada por apresentações em palcos e festivais importantes, como Rock in Rio, Montreux Jazz Festival (Suíça), Porão do Rock, Circo Voador e Imperator. Seu primeiro álbum, “Valente” (2016), trouxe faixas compostas em parceria com o saudoso Marcelo Yuka, enquanto o segundo álbum, “Karma” (2019), integrou elementos de percussão e letras sociais e existencialistas.
Agora, com o lançamento de “Canto Cego”, a banda oferece um olhar renovado, influenciado pelos últimos anos do Brasil. O álbum, lançado pelo selo Machinna, é uma demonstração inegável da habilidade, versatilidade e potência do grupo, reafirmando sua relevância no cenário musical brasileiro.
O álbum já está disponível em todas as plataformas digitais. Além disso, a banda planeja anunciar em breve uma turnê para levar seu novo trabalho aos palcos e compartilhar sua música com o público ao vivo.
Ficha Técnica
Fotografia: Tuna Mayer
Direção e Edição: Roberta Dittz
Direção de Arte e Figurino: Bruno Maria Torres
Assistência de Arte e Figurino: Renato Barreto
Co-produção: Verama Filmes, QG Audiovisual, Canto Cego e Camila Mira.
Composição e Voz de Roberta Dittz, Magrão, Rodrigo Solidade e Ruth Rosa
Guitarras e Efeitos de Rodrigo Solidade
Bateria de Ruth Rosa, Baixo de Magrão
Percussões de Rodrigo Maré
Produzido por Canto Cego e Rodrigo Solidade
Gravado por Pedro Garcia no Estúdio Cantos do Trilho e Rodrigo Solidade no Kora Lab e Ópera 3
Edição de Rodrigo Solidade
Mixagem de Pedro Garcia
Masterização de Carlos Freitas
Conceito Gráfico Vinícius Tibuna
Selo Machinna
Distribuído por Shake Music
Letra
Bruta, fonte do sagrado e do profano
Dose do veneno mais cruel
Lentamente posso enlouquecer
Dualidade indomável
eu sou o amor que arde no fogo
eu sou uma flor que nasce no fosso
Louca, crenças cultivando minhas culpas
Bem e mal disputam meu prazer
Julgam o meu íntimo infiel
Delirante incansável
eu sou o amor que arde no fogo
eu sou uma flor que nasce no fosso
Confinada a sete chaves de mim
Acordada no breu da madrugada infinita
A verdade corroendo vazios
Eu através, inversa
feita de pequenos retalhos
Detalhes que iluminam versos e selvas para dentro do peito
do suspiro reinvento um eixo
finjo existir conexão, finjo estar em outro plano
finjo entender o que é o mundo estrangeiro
De estranhamentos em espantos,
de amor em desencantos, reluz um grão de areia em mim.
Da vida me enfureço, me mergulho, me ofereço
No fosso mais profundo adormeço
Sonho com um novo mundo
Revelando mundos, para revelar a mim.
Fogo, fogo, fogo, fogo
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