Envelhecimento da população contribui para o aumento de casos de linfoma no País

ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO CONTRIBUI PARA O AUMENTO DE CASOS DE LINFOMA NO PAÍS

Na Campanha Agosto Verde Claro, a médica Luana Kelly Rocha, hematologista da Oncologia D’Or, fala sobre a incidência, a prevenção e o tratamento deste tipo de câncer, cujo número de casos duplicou nos últimos 25 anos, principalmente em idosos.

O linfoma é um dos dez tipos de câncer mais frequentes no País. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA)1 revelam que o número de casos da doença duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre as pessoas com 60 anos ou mais. Segundo a instituição, 15.120 pessoas deverão ser diagnosticadas com a enfermidade só em 2023. A hematologista Luana Kelly Rocha, da Oncologia D’Or, acredita que esse crescimento se deve também ao desenvolvimento de ferramentas diagnósticas mais eficazes e de tratamentos que reduziram as mortes precoces por infecções, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. “Hoje as pessoas vivem mais a ponto de desenvolver um câncer, por causa do envelhecimento do sistema imunológico”, afirma.

A boa notícia é que, nos últimos anos, houve grandes avanços nas opções de tratamento da enfermidade. O arsenal terapêutico do linfoma inclui quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo radioterapia, terapia celular, transplante de células-tronco e cirurgia. “Por mais que você tenha uma doença oncológica com a incidência em ascensão, as opções atuais de tratamento de sucesso são muito altas”, ressalta a médica Luana Kelly Rocha.

A Campanha do Agosto Verde de Conscientização e Combate ao Linfoma  é um momento importante para a disseminação de informações sobre este câncer que afeta o sistema linfático. Trata-se de uma rede de pequenos vasos e gânglios linfáticos, que integram os sistemas circulatório e imune. Sua função é coletar e filtrar o líquido que se acumula nos tecidos, reconduzindo-o à corrente sanguínea.

Os principais sintomas do linfoma são o surgimento de caroços e ínguas (gânglios inchados) na virilha, o pescoço e axilas; febre no final do dia sem motivo, suor noturno e perda de peso maior que 10% sem motivo aparente.  Não há formas de prevenção deste tipo de câncer.  “O ideal é a pessoa manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, bom sono e prática de atividade física”, afirma Luana Kelly Rocha. O acompanhamento médico regular favorece o diagnóstico precoce, porque muitos casos são descobertos em exames realizados para apurar a origem de outras queixas.

Tipos de linfoma

Os linfomas se dividem em dois tipos: linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin. O primeiro pode ocorrer em qualquer faixa etária, sendo mais comum em adolescentes e jovens – de 15 a 25 anos – e adultos após os 60 anos. O Instituto Nacional do Câncer (INCA)estima que este ano sejam diagnosticados 3.080 casos, dos quais em 1.500 homens e em 1.580  mulheres. “Por ter células mais sensíveis à quimioterapia, é o linfoma com melhor prognóstico e perspectiva de cura”, explica a médica Luana Kelly Rocha.

O linfoma não Hodgkin compreende mais de  50 neoplasias diferentes com origem nas células brancas do sangue, chamadas linfócitos.  Ocorre em crianças, adolescentes e adultos, tornando-se mais comum à medida que as pessoas envelhecem. Para 2023, as estimativas são de que sejam diagnosticados 12.040 casos, dos quais 6.420 em homens e 5.620 em mulheres.

Segundo o INCA2, os fatores de risco para o linfoma de Hogkin não estão bem estabelecidos. Alguns estudos associam este tipo de tumor a pessoas imunocomprometidas (infecção por HIV) e pacientes que fazem uso de drogas imunossupressoras, como os transplantados. Os grupos de risco para o linfoma de não Hodgkin é formado por pessoas com o sistema imune comprometido por doenças genéticas hereditárias, transplante de órgãos, doenças autoimunes ou infecção pelo HIV, uso de drogas imunossupressoras, presença do vírus Epstein-Barr (EBV), do vírus linfotrópico de células-T humanas do tipo 1 (HTLV-1) ou da bactéria Helicobacter pylori.

Estudos mostram que ter parentes de primeiro grau com linfoma não Hodgkin aumenta o risco de desenvolver a doença. Os riscos ocupacional e ambiental estão associados à exposição a substâncias químicas (pesticidas, benzeno), radiação ionizante e radiação ultravioleta.

Tratamento

Um dos exemplos dos avanços no tratamento do linfoma é o estudo apresentado recentemente no último Congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, em inglês) mostrando que o uso do medicamento nivolumabe, um tipo de imunoterapia, associado à quimioterapia melhorou a sobrevida livre da progressão da doença de crianças até 12 anos com linfoma de Hodgkin em comparação aos tratamentos atuais. A terapia ainda não tem aprovação para ser usada no Brasil.

Mas a terapia mais promissora para formas graves de linfoma é a terapia celular conhecida por CAR-T (em português, receptor quimérico de antígeno). Trata-se de uma tecnologia que reprograma as células de defesa do paciente para destruir as células tumorais, o que aumenta as chances de cura.

A quimioterapia é o tratamento mais frequente para o linfoma. Com o passar do tempo, surgiram outras terapias que agem de forma diferente dos quimioterápicos. Entre eles estão os  medicamentos conhecidos por terapia-alvo, que  inibem a ação de proteínas que contribuem para o crescimento das células cancerígenas. Já os imunoterápicos estimulam o sistema imunológico a reconhecer e eliminar  as células cancerígenas.

Na visão da médica Luana Kelly, o avanço dos estudos da biologia molecular dos pacientes propiciará tratamentos personalizados, com o aumento do uso da imunoterapia e a redução da quimioterapia tradicional. “Assim, poderemos aumentar a eficácia do tratamento com menos efeito colateral. O futuro será combinar terapias-alvo com  imunoterapias, tornando o tratamento baseado no tumor de cada paciente”, conclui a hematologista.

Referências

  1. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Disponível em https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/linfoma-nao-hodgkin
  2. Estimativa 2023 : incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer. Rio de Janeiro : INCA, 2022

Sobre a Oncologia D’Or

Criada em 2011, a Oncologia D’Or é o projeto de oncologia da Rede D’Or formada por clínicas especializadas no diagnóstico e tratamento oncológico e hematológico, com padrão de qualidade internacional e que, atualmente, está presente em onze estados brasileiros e Distrito Federal. O trabalho da Oncologia D’Or tem por objetivo proporcionar, não apenas serviços integrados e assistência ao paciente com câncer com elevados padrões de excelência médica, mas um ambiente de suporte humanizado e acolhimento.

A área de atuação da Oncologia D’Or conta com uma rede de mais de 55 clínicas, tem em seu corpo clínico mais de 500 médicos especialistas nas áreas de oncologia, radioterapia e hematologia e equipes multidisciplinares que trabalham em estreita parceria com o corpo clínico da maioria dos mais de 75 hospitais da Rede D’Or. Além disso, a presença das clínicas da Oncologia D’Or em mais de 20 hospitais da Rede, abrange a área de atuação em toda a linha de cuidados, seguindo os moldes mais avançados de assistência integrada, proporcionando maior agilidade no diagnóstico, mais conforto e eficiência para o tratamento completo dos pacientes.