Objetivo de Moeses Fiamoncini é se tornar a vigésima pessoa no planeta a conquistar as 14 montanhas mais altas sem auxílio de oxigênio suplementar
O paranaense Moeses Fiamoncini tem o sonho de se tornar o primeiro brasileiro a chegar ao cume das 14 montanhas do mundo com mais de 8 mil metros de altitude. E mais: sem ajuda de oxigênio suplementar. Isso torna o desafio mais difícil, uma vez que, quanto mais alto é o pico, mais rarefeito é o ar e mais complicado é alcançá-lo sem ajuda do equipamento.
O desafio, batizado de Projeto Himalaias 8000, no entanto, já está andamento. Em agosto deste ano, o atleta conseguiu ser o primeiro brasileiro a conquistar as cinco montanhas de 8 mil metros de altitude localizadas no Paquistão.
A última expedição explorou o Gasherbrum I (8.068 metros), considerada a montanha de 8 mil metros de altitude mais remota do planeta. A empreitada começou em 26 de junho e a ideia era chegar ao cume em meados de julho, mas um acidente atrasou os planos do atleta.
“Quando estava fazendo a rotação de aclimatação, subi para o Campo 2, a cerca de 6 mil metros de altitude. Na volta, cai em uma greta e acabei enfiando um crampon no joelho”, lembra o alpinista. “Desci para o campo-base, andando com muita dor, e tive de decidir se desistia da expedição ou se tentava cuidar do ferimento por ali mesmo, para fazer uma segunda tentativa”, completa.
Fiamoncini optou pela recuperação de 14 dias no campo-base. Como não apresentou inflamações ou infecções, o atleta partiu rumo ao cume em 29 de julho. E, assim, em 2 de agosto, se tornou o primeiro brasileiro a conquistar a montanha mais remota do mundo.
“A subida não foi nada fácil. Mesmo a ferida tendo fechado, ainda doía muito porque o crampon afetou a parte muscular. Ainda assim, consegui atacar o cume sem uso de oxigênio suplementar, mas com muita dor no joelho”, comenta o paranaense.
É válido destacar que o circuito das cinco montanhas de 8 mil metros de altitude localizadas no Paquistão começou em 2019, com a conquista da Nanga Parbat (8.126 metros) e da K2 (8.611 metros). Depois, em 2022, foi a vez da Broad Peak (8.051 metros) e da Gasherbrum II (8.035 metros).
Paixão pela altitude
Fiamoncini descobriu a escalada e o montanhismo enquanto morava em Portugal. À época, poupava a maior parte do salário que ganhava como garçom, lavador de carro e pintor, para gastar em aprimoramento técnico e condicionamento físico. O objetivo sempre foi conquistar vários cumes ao redor do mundo.
A primeira montanha com mais de 8 mil metros de altitude que escalou foi o Manaslu, em 2018. A empreitada deu confiança para, no ano seguinte, conquistar o Everest, o Nanga Parbat e o K2. O alpinista escalou os três montes em um período de 62 dias – um recorde mundial. Também foi nesse momento que percebeu que tinha condições para realizar o esporte sem auxílio de oxigênio suplementar.
Desde janeiro de 2022, Fiamoncini largou os trabalhos paralelos e voltou para o Brasil, onde montou a empresa Vertex Treks. Com o alpinista como guia, a companhia organiza expedições de trekking e escalada em seis destinos espalhados pelo planeta. Todo o valor arrecadado com as viagens é revertido para a realização do Projeto Himalaias 8000.
Próximos passos
Estima-se que o custo total do Projeto Himalaias 8000 fique em torno de US$ 212.500 (cerca de R$ 1 milhão). Logo, a obtenção de patrocínio se torna uma condição essencial para realizar o circuito.
“Caso consiga novos patrocínios ainda este ano, a ideia é escalar, em setembro, uma ou duas montanhas de 8 mil metros de altitude. Caso contrário, o projeto ficará para maio do ano que vem”, diz Fiamoncini.