15 anos de superação: mãe e filha comemoram sucesso do transplante

Samila Rocha foi uma das primeiras pessoas a receber um transplante renal no Hospital São Vicente, que neste mês completou 1.000 procedimentos realizados; A mãe foi a doadora da filha

Receber a notícia de que precisa realizar um transplante para seguir a vida é uma realidade para mais de 40 mil pessoas no Brasil. Recentemente, o país foi impactado pela história envolvendo o apresentador Fausto Silva, o que reacendeu a visibilidade das campanhas para doação de órgãos.

Neste mês, além do Dia Nacional da Doação de Órgãos (27 de setembro), a data também foi utilizada para comemorar a marca dos mais de 1.000 procedimentos realizados Hospital São Vicente, que é uma referência em transplantes renais e hepáticos, em um jantar comemorativo no restaurante Mezza Notte.

São muitas as histórias colecionadas nestes 15 anos realizando transplantes, entre elas a de Samila Neri Rocha, hoje com 36 anos e gerente farmacêutica, que foi terceiro transplante realizado no hospital, mas o primeiro entre uma mãe e filha.

“Meu problema de saúde não definiu o caminho que eu quis trilhar”

Samila nasceu no interior do Paraná, em uma cidade chamada Altônia, e aos 15 anos, começou a ter problemas de saúde, que culminaram na deficiência das funções renais e a necessidade de enfrentar sessões de hemodiálise, algo que ainda assim, não a fez desistir do sonho de estudar. Em 2006, uma colega com a qual fazia hemodiálise foi para Curitiba para realizar um transplante renal, o que a incentivou a buscar pela mesma solução na capital do Estado.

Em Curitiba, conheceu a Dra. Luciana Percegona, nefrologista do Hospital São Vicente, que deu continuidade aos exames e os tratamentos para a tornar elegível ao cadastro de transplantes. Nesse meio tempo, surgiu então a possibilidade de que a doadora fosse a própria mãe, a dona Inez.

Aceitar a mãe como doadora passou a ser uma das maiores resistências de Samila, por medo de que a escolha pudesse causar prejuízo à saúde da mãe. Porém, depois de entender os procedimentos e riscos, essa foi a melhor solução para mudar a vida de Samila. E assim, ela e a mãe se submeteram à cirurgia, parte dela de mãos dadas, um subterfúgio utilizado pelos médicos para manter calma e minimizar a ansiedade durante o procedimento.

Agora com 36 anos, 15 anos após o transplante, ela tem como próximo sonho ser mãe. “A mensagem que eu deixo é que um problema de saúde não define o caminho que queremos trilhar e os sonhos que queremos alcançar. Por mais que eu tenha passado por diversos desafios e muitos cuidados, nunca deixei ser um empecilho para realizar meus sonhos, pois tive muito apoio e estrutura familiar”, completa Samila.

Responsável pelo tratamento e transplante, a Dra. Luciana Percegona, acompanha o caso desde o início e aponta que, apesar dos desafios e obstáculos, temos uma paciente saudável depois de 15 anos do transplante. “De lá para cá, já tivemos importantes avanços na área de imunologia, o que nos possibilita escolher doadores com menores riscos de rejeição”, explica.

Paraná é líder em número de doações

Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou que foram realizados mais de 4,3 mil transplantes no país entre janeiro a julho de 2023, o que representa um aumento de 16%, na comparação com o mesmo período de 2022.

O relatório semestral da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) indica que o Paraná é o estado brasileiro com maior número de doações de órgãos efetivas, com índice de 42,5 doadores por milhão de população (pmp) e que os transplantes mais realizados são os de rim e de fígado, que representam 2.847 e 1.103 procedimentos, respectivamente.

Festividade e comemoração

Para comemorar com médicos, pacientes e comunidade, o Hospital São Vicente realizou um jantar para cerca de 170 pessoas para homenagear as famílias doadoras e o marco de mais de 1.000 transplantes realizados.

Segundo o diretor-presidente do Hospital São Vicente, Dr. Charles London, a comemoração é uma forma de demonstrar a importância do ato de ser um doador de órgãos e oferecer a oportunidade de recomeço em muitas vidas. “Ao longo desses anos, tivemos a honra de fazer parte de muitas histórias. Por isso, esse encontro é também para celebrarmos a generosidade das famílias doadoras e a força de cada um que deu mais uma chance a vida”, completa.

O jantar contou com a presença da secretária municipal da saúde, Beatriz Battistella, representante do prefeito de Curitiba Rafael Greca; o secretário do Estado da saúde, Beto Preto, representante do governador do Paraná Carlos Massa Ratinho Junior; entre outras autoridades e demais convidados.