Para a arquiteta Júlia Guadix, decisões bem pensadas no projeto ajudam na faxina do dia a dia. Confira as dicas para deixar a casa sempre em ordem
“Não repara qualquer coisa”. É comum ouvirmos essa frase quando chegamos na residência de algum familiar ou amigo, pois nós, brasileiros, temos essa preocupação e os cuidados constantes com a organização e limpeza de nossas casas. Junto com esse prazer de ver os ambientes com tudo em seu devido lugar, existe outro motivo bastante relevante para não deixarmos esse hábito de lado: o impacto direto com nossa saúde física e mental.
“A atenção dedicada à morada nada mais é que uma gentileza consigo mesmo, sem contar que os espaços se tornam mais agradáveis e nos dão mais disposição para as nossas tarefas cotidianas, inclusive as profissionais”, afirma a arquiteta Júlia Guadix, à frente do escritório Studio Guadix. Ainda de acordo com ela, as dificuldades que muitas vezes nos deparamos tem um motivo: as escolhas realizadas para o projeto de arquitetura de interiores do imóvel podem (ou não) facilitar o momento da faxina. Acompanhe as dicas da profissional:
Projeto e limpeza unidos
A distribuição do layout é um fator que favorece o processo. A arquiteta exemplifica uma situação corriqueira nos ambientes, como o vão entre um móvel e a cortina. “Sempre deixo no mínimo 15cm para a cortina ter o caimento correto e para facilitar o uso de vassouras, aspiradores e afins”, avalia. No quesito mobiliário, sofás com pés muito baixos cooperam para acumular sujeira e os nichos, que visualmente podem proporcionar uma estética interessante na, podem ser vilões para quem deseja praticidade – nesse caso, ela indica optar por prateleiras retas e fluidas, pois basta passar um pano para retirar o pó. “E outra, quem não quer perder muito tempo nas tarefas de casa deve evitar o acúmulo de muitas peças decorativas”, adverte.
Escolha de materiais
De acordo com Júlia, a atenção com as possibilidades de materiais não fica concentrada somente na etapa decorativa. Pelo contrário, é recomendado pensar desde o período do projeto, como os revestimentos. Entre as indicações, o piso com toque acetinado torna a limpeza mais fácil quando comparado ao modelo com acabamento polido e brilhante. E nas casas com pets, sem dúvidas, o porcelanato lidera o ranking por sua resistência e processo prático para higienizar. “Também vale ressaltar que as peças maiores são excelentes para ter menos rejunte para limpar”, orienta.
No capítulo móveis, aqueles revestidos com acabamento melamínico ou MDF são mais eficientes e resistentes às manchas ocasionadas por produtos diversos, além de quase não riscarem – o mesmo não acontece com a laca, seja brilhante ou acetinada. Quanto aos materiais para as bancadas, o granito, quartzo ou neolith são menos propensos a problemas e são limpos de forma descomplicada. Sobre as tintas, ambientes com maior propensão ao mofo, com os banheiros, requerem tinta acetinadas ou específicas.
Por onde começar a limpeza?
É comum não sabermos por onde iniciar o processo de limpeza da casa, mas de modo geral o fio condutor segue uma leitura mais prática de acordo com a planta baixa do imóvel. Com sua experiência, Júlia afirma que a cozinha é um bom começo, pois além de ser uma dos ambientes que mais acumulam funções, a organização do cômodo passa uma sensação positiva e que nos inspira a continuar. “Ainda mais, se tivermos uma rotina de manutenção constante, a tarefa fica ainda mais automática”, recomenda a arquiteta. Na sequência, tanto na área social, como na ala íntima, tirar o pó já deixa os cômodos com outro aspecto. “Parece um detalhe simples, mas o sentido do processo também é importante. Assim, fazê-lo de cima para baixo para que o pó de uma superfície não suje outra já limpa. E o chão fica sempre por último: basta passar aspirador e um pano úmido”, instrui.
Dica da arquiteta: estabelecer com cronograma das tarefas domésticas diárias simplifica o dia ‘D’ da faxina completa. Comece listando as tarefas e categorizando-as em diárias, semanais, quinzenais, mensais, anuais, etc. Depois distribua-as em sua agenda como for mais factível. Uma sugestão é separar pelo menos 15 minutos de manhã e 15 no final do dia para organizar a casa, devolver as coisas para seus devidos lugares, lavar/guardar roupa e louça, tirar lixo, etc. O segredo é fazer um pouco todo dia para não viver no caos e para que você não entre em um comportamento de esquiva dos cuidados domésticos. Lembre-se que todos da casa devem colaborar, cada um de acordo com sua idade e disponibilidade, assim fica mais leve para todos.
Limpando móveis e outros itens
De maneira geral, um pano seco e macio é o suficiente para retirar o pó, mas em locais com gordura, por exemplo, a utilização de um pano úmido com sabão neutro precisa ser acompanhado pela finalização com um material seco para evitar o estufamento ou manchas no mobiliário. A profissional faz um alerta sobre os os produtos a serem empregados: detergentes coloridos, limpadores multiuso e esponjas ásperas podem riscar ou manchar as superfícies. Sempre se atente à recomendação do fornecedor de cada peça.
Muitas vezes esquecidas, as cortinas devem ser lavadas periodicamente – seja na lavadora ou em locais especializados, quando o tecido tem características mais delicadas. O mesmo acontece com o tapete, que merece uma lavagem anual desde que a limpeza com o aspirador seja efetuada com regularidade. Para não correr o risco de estragar suas peças, siga à risca as instruções de lavagem da etiqueta ou manual da mesma.
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