Hospital adotou software que acelera a interpretação de exames para avaliação do AVC agudo no pronto atendimento e o início do tratamento para o paciente
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é a doença que causa as maiores incapacidades neurológicas e sequelas, muitas vezes, irreversíveis. É a principal causa de mortes no Brasil. De acordo com o portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela ARPEN Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais), o AVC leva a óbito 12 pessoas por hora, em média, ou seja, é responsável por 307 mortes todos os dias, no país. No mundo, é a segunda causa de morte, responde por 11% das mortes totais, de acordo com o grupo Global Burden of Diseases (GBD) Study.
Quando um paciente com suspeita de AVC chega ao pronto atendimento e emergências, a avaliação precisa ser muito rápida para iniciar o tratamento. A cada minuto que o cérebro passa em isquemia (sem o fluxo sanguíneo), cerca de 2 milhões de neurônios são perdidos. Por isso, a velocidade no atendimento pode salvar vidas, prevenir a evolução da lesão cerebral ou reduzir o risco de sequelas.
Referência no atendimento especializado ao AVC, com equipe de neurologia e neurocirurgia disponível no Pronto Atendimento, 24 horas por dia, o Hospital INC (Instituto de Neurologia de Curitiba) deu mais um passo para acelerar o diagnóstico de AVC agudo: conta com o auxílio de inteligência artificial para avaliar e processar de forma instantânea a imagem da tomografia – e, em breve, da ressonância – permitindo que o paciente receba o tratamento adequado no menor tempo possível.
Utilizado também em outros lugares do mundo, esse software, chamado RAPID, reduz para cinco minutos o tempo de interpretação das imagens de tomografia. “Em poucos minutos, ele já nos fornece todas as respostas sobre o tipo de AVC, o tamanho da área acometida e se há alguma obstrução de vasos grandes que possa requerer um procedimento de cateterismo imediato. Essa ferramenta facilita a avaliação do paciente porque diminui o tempo de interpretação dos exames, adiantando o momento em que o paciente receberá o tratamento trombolítico ou a trombectomia”, explica a neurologista Dra Vanessa Rizelio, diretora Clínica do INC. “Os resultados avaliados pelo software são muito consistentes com a avaliação real feita pelos médicos e radiologistas”.
O INC é o único hospital no Paraná que utiliza este tipo de inteligência artificial para dar suporte na avaliação dos casos de AVC. A instituição começou a trabalhar com este software em dezembro de 2022, quando foi feita a implantação e o treinamento da equipe. De lá pra cá, todos os casos de AVC atendidos no INC foram avaliados com o apoio dessa ferramenta. Importante pontuar que toda equipe especializada é notificada toda vez que é iniciado um protocolo de AVC no hospital e, mesmo de longe, todos os profissionais podem contribuir com a equipe que está realizando o atendimento do paciente.
Como é o fluxo de atendimento ao AVC
A partir do momento em que um paciente com suspeita de AVC dá entrada no pronto atendimento, são aferidos os sinais vitais e a pressão arterial, e o médico já começa a investigar os sintomas. “É fundamental fazer um estudo de imagem do cérebro para saber se é um AVC isquêmico, hemorrágico ou se é outro diagnóstico. As condutas são diferentes para o AVC isquêmico e hemorrágico. Dentre os métodos de imagens do cérebro, a tomografia é mais rápida para a investigação do AVC”, informa a neurologista.
No entanto, não se trata de uma tomografia simples. É preciso fazer a injeção de contraste para poder avaliar os vasos do cérebro, observar quais estão obstruídos e indicar se o paciente precisa fazer um cateterismo para remover o coágulo (trombectomia). “Quando se usa o contraste, também é feita a perfusão, uma leitura, em diferentes tempos, que mostra como o sangue está chegando ao cérebro para identificar áreas com menor fluxo de sangue, as quais chamamos de penumbra, e têm o potencial de evoluir para isquemia nos próximos minutos”, explica Dra Vanessa.
O objetivo do tratamento do AVC, de acordo com a neurologista, é justamente retomar o fluxo sanguíneo correto nessa área do cérebro. Por isso a interpretação desses exames precisa ser assertiva e rápida. “Não é um tipo de exame em que podemos aguardar o laudo do radiologista, o qual poderia demorar. O exame precisa ser interpretado pelos médicos que estão atendendo o paciente naquele momento. E quanto antes esse paciente receber o tratamento, melhor é o desfecho desse caso e da recuperação do AVC”.
Aplicativo e Disk AVC
Além de contar com um telefone específico para atendimentos de AVC, o Hospital INC também disponibiliza um aplicativo, o INC-AVC, tanto para Android quanto IOS. O App possibilita obter mais informações sobre a doença, agendar consultas, além de orientar quem está diante de uma pessoa que pode estar sofrendo um AVC. O aplicativo instrui o usuário a avaliar se há sinais físicos de AVC, os quais podem ser identificados pela sigla FAST: F para dificuldade em falar, A para perda de movimentos de braço (abraçar) e S para assimetria do sorriso. A letra T verifica se o tempo de sintomas é inferior a seis horas. Se o aplicativo detectar sinais de AVC, é possível ligar diretamente para o pronto atendimento do INC, que vai direcionar os passos necessários para que o atendimento seja ágil e eficaz.
Sobre o Hospital INC Sobre o Hospital INC
O Instituto de Neurologia de Curitiba (INC) é uma instituição hospitalar referência no atendimento de pacientes neurocirúrgicos, neurológicos e cardiológicos de alta complexidade. Possui Centros de Tratamento completos em Tumores Cerebrais, AVC, Parkinson, Epilepsia, Doenças da Coluna, Neuroimunologia, Demência, além de áreas de cardiologia clínica, hemodinâmica e cardiologia intervencionista e cirurgia cardíaca. O centro neurocirúrgico é o mais tecnológico do país, sendo pioneiro na América Latina com Ressonância Magnética intraoperatória de alto campo e no uso do corante 5-ALA em cirurgias de tumores cerebrais. Também foi o primeiro hospital do Brasil a contar com a tecnologia Gamma Knife Perfexion (cirurgias cerebrais sem corte). Seu corpo clínico é composto por mais de 300 profissionais responsáveis pelo atendimento a pacientes de todo o Brasil e de diversos países da América Latina.
O INC também é um hospital-escola, com o Centro de Estudos e Pesquisas integrado à instituição. É referência em Residência Médica nas áreas de anestesiologia, neurologia, neurocirurgia, cardiologia e cirurgia cardíaca. Além disso, o Centro de Educação Profissional INC (CEPI) forma, desde 2020, técnicos em Enfermagem e está em constante expansão na formação de novos profissionais.