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Pesquisa aponta que 69% dos conteúdos sobre pornografia compartilhados em fóruns “chans” mencionam violências contra mulheres

69% dos conteúdos sobre pornografia compartilhados em fóruns “chans” mencionam violências contra mulheres
Foto de Anete Lusina: https://www.pexels.com/pt-br/foto/mulher-em-topless-segurando-a-mao-dela-5723194/

Cada vez mais populares no Brasil, o volume de mensagens destes fóruns anônimos passou de 19 por semana para 228 por hora em 2 anos (entre 2021 e 2023). Presença das mulheres é proibida e os frequentadores organizam ataques tendo como principais vítimas as influenciadoras, celebridades e pessoas com maior visibilidade no meio online. 

69% dos conteúdos sobre pornografia compartilhados em fóruns “chans” mencionam violências contra mulheres
Foto de Anete Lusina: https://www.pexels.com/pt-br/foto/mulher-em-topless-segurando-a-mao-dela-5723194/

O Instituto Avon divulgou essa semana os resultados da pesquisa “Misoginia e Violência contra mulheres na internet: um levantamento sobre fóruns anônimos” que teve como foco o mapeamento dos discursos misóginos e práticas de violência contra mulheres que acontecem dentro dos chamados “chans”. Chans, abreviação de ‘channels’ (canais), são espaços anônimos de comunicação, disponíveis majoritariamente na deep web, que têm como uma das regras principais a proibição da presença de mulheres.

Foram 9,5 milhões de posts analisados entre Junho/2021 e Junho/2023 dentro de 10 chans e 47 grupos em aplicativos de mensagens e um dos principais achados que o estudo demonstrou foi o aumento da popularidade destes espaços que reúnem discursos e práticas de desqualificação e violência contra mulheres. Inclusive, um dos dados que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a quantidade de conteúdos que mencionam violências: 46% em discussões sobre mulheres em geral e 69% em discussões sobre pornografia, sendo quase 18 mil comentários dedicados a vazamentos e/ou pedidos de vazamentos de nudes.

Objetos sexuais

Nestes fóruns, as mulheres são retratadas como objetos para satisfação sexual e denominadas como “depósito” (de esperma). Elas são a origem de profundo desconforto para os frequentadores que se escondem no anonimato para expor esses posicionamentos.

O perfil dos frequentadores é de homens heterossexuais, em sua maioria jovens, com idade entre 20 e 24 anos, que se identificam como conservadores e expressam grandes dificuldades socioafetivas, sentimentos de fracasso e rejeição, em especial em relação às mulheres. Inclusive, eles evidenciam posicionamentos misóginos, racistas, xenofóbicos (discursos de ódio de origens diversas) e de incitação à violência, em seu vocabulário. Termos como “churrascar”, que significa morrer, e “raid”, que significa expor intimidades, são frequentemente utilizados.

Apesar da imposição da regra de não compartilhar conteúdos sobre pornografia infantil dentro dos chans, existe uma alta demanda pelos usuários por conteúdos de meninas menores de idades, chamadas de “novinhas” e “jail bait”, que em tradução livre significa isca de cadeia. Nos grupos de aplicativos de mensagens monitorados pela pesquisa, 36% traziam como temática “vazamento” no próprio título, muitas vezes seguido pelo termo “novinhas”.

Além disso, durante a interação nos chans, os frequentadores, além de trocarem conteúdos de desqualificação de mulheres, produzem ataques organizados, com exposições de intimidade e perseguição moral tanto no mundo online quanto no mundo offline (‘real’). Nestes ataques reais às vítimas, algumas mulheres chegam a receber até ameaças de morte.

“Esses espaços online são críticos para o enfretamento das violências contra mulheres. Esses dados mostram como a misoginia toma forma e se materializa em discursos e práticas nesses espaços que são cada vez mais populares e acessíveis. É preciso que as autoridades e a sociedade passem a regulamentar, fiscalizar e punir os autores destes comportamentos para que a misoginia não seja normalizada”, afirma Daniela Grelin, diretora executiva do Instituto Avon.

Este levantamento traz um olhar qualitativo dos dados pesquisados pela Timelens, o parceiro desta pesquisa encomenda pelo Instituto Avon.

@webershandwick.com.br

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