A beleza de peças exclusivas para o décor de interiores

Arquiteta Patricia Miranda, do escritório Raízes Arquitetos, explica como o design de peças decorativas e mobiliários adicionam valor aos projetos residenciais

A beleza de peças exclusivas para o décor de interiores
A mesa Equilíbrio, assinada pela arquiteta Patricia Miranda, compõe a sala de estar projetada especialmente para os moradores. A peça, que já foi exibida no 3º Prêmio Liceu de Design em Salvador (BA), em junho de 2000, foi elaborada como um item de um só pé. De madeira laminada prensada e vidro, o desafio foi transformá-la para obter sustentação e teve como referência nomes importantes do século XVIII e XX, como Michael Thonet e Alvar Aalto | Fotos: Patricia Miranda / Cacá Bratke

arte é um elemento poderoso na decoração de interiores e capaz de transformar um ambiente comum em uma ambientação verdadeiramente excepcional. A arquiteta Patricia Miranda, à frente do escritório Raízes Arquitetos, compartilha sua expertise sobre como planejar um ambiente com esculturas e peças decorativas. Junto com os projetos de arquitetura de interiores, a profissional adiciona o seu olhar como designer e o senso de exclusividade por meio da criação de objetos decorativos e mobiliários.

De acordo com ela, o resultado está diretamente ligado à escolha certa e, por isso, enfatiza a importância de produzir e selecionar itens que ressoem a personalidade do cliente e esteja em consonância com a estética geral do espaço. “Cada peça deve contar uma história e se integrar ao ambiente de forma orgânica”, acrescenta. Acompanhe as diversas possibilidades que podem ser incorporadas nos projetos de interiores:

Cadeira Ginga

A cadeira Ginga, criada por Patricia Miranda e Esperança Leria, é fruto de um curso de design que as amigas participaram. O mobiliário exala uma peça única e produzida com madeira laminada prensada que combina imbuia e marfim. Para o projeto, ambas mergulharam em referências de Michael Thonet e Eero Saarinen, contrabalanceando sua linha curva única com os traços retos | Foto: Patricia Miranda

Em sua veia de designer, a arquiteta Patricia Miranda ressalta seu apreço por artistas que viveram e atuaram no século XX, sem descartar as atualidades e tecnologias do século XXI. “Ao longo desses períodos, constatamos fases de proporção e coerência de materiais com ergonomia, características relevantes para qualquer época. Além disso, a arquitetura desse período também me inspira”, conta.

Grandes nomes como o arquiteto fino-americano Eero Saarinen, o finlandês Alvar Aalto, os brasileiros Sergio Rodrigues e Zanine Caldas, além do grupo de arquitetos Carlos Milan, Jacob Ruchti, Miguel Forte, Plínio Croce, Roberto Aflalo e o chinês Chen Y Hwa, que, juntos, criaram a Branco e Preto, uma loja de móveis que traduzia a arquitetura moderna e sofisticada praticada por eles na década de 1950, são algumas das principais referências que inspiram a arquiteta Patricia Miranda nestes projetos destacados.

Descanso de talher Folha

O descanso de talher criado pela arquiteta Patricia Miranda é sutil e elegante. Em porcelana, o Talher Folha foi desenhado e concebido a partir de uma relação poética entre a folha sulfite e as curvas do pensamento, a partir das obras literárias de Clarice Lispector. Dessa forma, a peça tece uma conexão entre elementos naturais, como folhas, e o pensamento humano | Foto: Patricia Miranda

Para Patricia, esculturas e peças decorativas permitem que os proprietários expressem sua personalidade, gostos e interesses de forma única. “Cada peça pode contar uma história ou transmitir uma mensagem pessoal. Além, é claro, de ser uma exclusividade, quando pensada para um ambiente específico”, detalha. Em um mundo onde o design de interiores se tornou uma forma de arte por si só, a orientação de especialistas como Patricia Miranda é inestimável, e planejar os projetos de interiores com esculturas e peças decorativas exige cuidado, visão e conhecimento, ressalta a arquiteta.

Escultura Onda

A beleza de peças exclusivas para o décor de interiores
A escultura Onda desenhada pela arquiteta Patricia Miranda, foi produzida em cerâmica esmaltada em tom azul. Nesta peça, a profissional idealizou uma mistura da presença do mar e a proporção do cheio e vazio. Ao longo da execução da obra, a escultura sofreu diversas alterações, uma vez que cada curva que era modificada fazia com que a escultura mudasse constantemente — e sempre de forma interessante | Fotógrafo Gil

Erros comuns ao planejar um ambiente com peças esculturais

Segundo a arquiteta, é fundamental evitar alguns erros comuns que comprometem a estética e a funcionalidade do espaço, como a disposição de peças muito grandes ou muito pequenas em relação ao ambiente, resultando em um visual desequilibrado. “Sempre considero a escala das peças e o respeito à proporcionalidade”, avalia. Ainda de acordo com ela, esses móveis personalizados e as peças esculturais devem revelar sua harmonia com o estilo do décor, uma vez que a mistura aleatória gera um senso de desorganização.

Buffet

Projetada pela arquiteta Patricia Miranda, a sala de jantar ganhou destaque com Buffet que foi idealizado por ela para dinamizar e dar leveza ao ambiente. Amplo e composto por madeira (freijó) e laca branca, de altura baixa, seu desejo foi o de não sobrecarregar o ambiente. Outras características interessantes dizem respeito ao jogo de espaços cheios e vazios, com a utilização de portas e nichos e a sustentação com apenas duas estruturas de perfil metálico | Foto: Cacá Bratke

A composição adequada é fundamental para o sucesso do design artístico. Patricia destaca que é essencial equilibrar o tamanho, forma e cor das esculturas e peças decorativas com demais elementos do ambiente como móveis e iluminação. “Sem dúvidas, o exercício de incorporar a arte com essa personalização é uma tendência crescente na arquitetura de interiores contemporânea”, avalia.

Escultura Relíquia

A escultura Relíquia executada em porcelana pela arquiteta Patricia Miranda, contém palavras em baixo-relevo relacionadas à vida. A peça, cujo conceito leva à disposição de relíquias em um museu, convida as pessoas para uma atitude mais sensível e contemplativa que pode surgir a partir da observação da própria escultura | Foto: Patricia Miranda

E como combinar esculturas com outros elementos na decoração?

Para Patricia, a resposta é simples! O caminho é respeitar a concordância, pois peças demasiadamente grandes podem dominar um espaço, enquanto peças muito pequenas podem passar despercebidas. “Sejam esculturas ou mobiliários, meu propósito é sempre implementar pontos focais em espaços específicos. Por exemplo, uma escultura intrigante pode protagonizar em uma parede vazia”, esclarece. No quesito iluminação, a luz deve ser adequada para destacá-las, podendo ser indireta quando as sombras atrapalham ou voltada diretamente para o objeto realçado.

Escultura Silêncio

Resultado do mestrado em poéticas visuais, a arquiteta Patricia Miranda imergiu na concepção das linhas para dar forma à escultura Silêncio. Novamente idealizada a partir da obra de Clarice Lispector, a ideia foi que a peça estivesse em transformação a partir do fluxo de pensamento, onde a observação pode desencadear uma série de reflexões profundas sobre a vida e a existência. Em cada uma das folhas, trechos em baixo-relevo de obras da escritora que fazem menção ao silêncio | Foto: Patricia Miranda

Por fim, a seleção de materiais e texturas desempenha um papel crucial na produção de um ambiente envolvente. Patricia sugere misturar materiais contrastantes para adicionar interesse visual. “Madeira, metal, vidro e cerâmica podem coexistir maravilhosamente, adicionando dimensão à decoração”, finaliza.

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