Pesquisa mostra que 41% das empresas brasileiras já usam a Inteligência Artificial ativamente em seus negócios; especialista aponta habilidades profissionais fundamentais para quem quer ingressar na área
Dados da pesquisa de mercado da NYSE para a IBM, realizada em setembro de 2022, mostram que a adoção global da Inteligência Artificial (IA) cresceu mundialmente de forma constante, sendo que, no Brasil, 41% das empresas indicam que implementaram ativamente a tecnologia em seus processos. Os dados também apontam sobre os planos das empresas com relação à incorporação da IA em iniciativas de sustentabilidade, mostrando que a tecnologia está pronta também para desempenhar um papel importante nessa área, já que 66% dos profissionais de TICs no Brasil indicam que, em busca de acelerarem as iniciativas de ESG, suas empresas estão implementando a IA. Esses dados mostram um panorama de constante crescimento na área de tecnologia, que demanda cada vez mais profissionais capacitados.
“A Inteligência Artificial (IA) tornou-se uma força transformadora em quase todos os setores da economia. Desde a automação de tarefas até a tomada de decisões baseadas em dados, a IA está redefinindo a maneira como as empresas operam. Com essa revolução tecnológica em curso, as habilidades profissionais necessárias para trabalhar com a IA também estão mudando e ganhando cada vez mais espaço”, explica o consultor de carreira da ESIC Internacional, Alexandre Weiler.
Weiler conta que a Inteligência Artificial já está cada vez mais profundamente integrada em nosso mundo atual, operando silenciosamente por trás de diversas ferramentas e serviços essenciais que utilizamos em nosso cotidiano, como por exemplo pelo uso de ferramentas como Google, Uber, Amazon, etc. Porém a evidência dessa ferramenta ganhou destaque com a ascensão de aplicativos como o ChatGPT e Dall-E. “Essas aplicações de IA generativa proporcionaram a capacidade de qualquer pessoa utilizar a inteligência artificial de maneira prática. Ainda não é possível dimensionar todas as formas como essa tecnologia afetará a forma como trabalhamos e o seu impacto nos negócios, porém já podemos afirmar que quem souber aproveitar a IA, seja na execução de tarefas, seja se profissionalizando na área, estará em vantagem de prosperar no futuro”, afirma o consultor.
Habilidades profissionais essenciais para ter sucesso em um ambiente impulsionado pela IA
Weiler conta que para que os profissionais possam aproveitar a onda tecnológica, é preciso uma compreensão do potencial dessa tecnologia, entendendo como ela se relaciona com a sua profissão, ou setor, e uma busca por desenvolver habilidades necessárias para que seja possível aproveitar as oportunidades que ela proporciona num mundo cada vez mais digital. Segundo o consultor, as principais habilidades são:
Conhecimento e letramento em ciência de dados
A base da IA é a ciência de dados, sendo assim os profissionais que desejam trabalhar com essa tecnologia devem ter um sólido entendimento de estatísticas, análise de dados e aprendizado de máquina. Isso inclui a capacidade de coletar, limpar, analisar e interpretar dados para criar modelos preditivos e tomar decisões informadas. “Aproveite a abundância de cursos online gratuitos disponíveis sobre análise estatística, visualização de dados e interpretação de informações. Ao combinar esses cursos com experiências práticas na análise de dados do mundo real, qualquer indivíduo pode adquirir as habilidades e conhecimentos essenciais para se destacar na manipulação de informações de maneira eficaz”, conta.
Programação
A programação é fundamental para desenvolver e implementar algoritmos de IA, sendo assim, é importante saber linguagens como Python e R, que são usadas no desenvolvimento de modelos de aprendizado de máquina. “Ter habilidades de programação permite que os profissionais personalizem algoritmos, criem soluções sob medida e resolvam problemas complexos”, afirma Weiler.
Conhecimento em aprendizado de máquina ML Machine Learning
O entendimento aprofundado de algoritmos de aprendizado de máquina é crucial, isso inclui algoritmos de regressão, classificação, clustering, redes neurais, entre outros. “Saber como esses algoritmos funcionam e quando aplicá-los é fundamental para criar modelos eficazes de IA”, conta.
Linguagem natural e Processamento de Linguagem Natural (NLP)
Com a crescente aplicação de IA em chatbots, assistentes virtuais e análise de texto, o conhecimento em NLP se tornou um diferencial importante. “São profissionais com a capacidade de programar os computadores para que eles possam entender e gerar uma linguagem próxima à humana de forma eficaz e natural”, afirma o consultor.
Conhecimento em visão computacional
Para áreas que envolvem análise de imagens e vídeos, como diagnóstico médico, reconhecimento facial e veículos autônomos, o conhecimento em visão computacional é essencial. “Isso inclui a compreensão de algoritmos de processamento de imagem e técnicas de visão por computador, algo muito técnico que certamente vai ajudar em questões importantes para a sociedade como sustentabilidade, saúde e bem-estar”, explica.
Habilidades de comunicação e colaboração
A IA frequentemente envolve equipes multidisciplinares, incluindo cientistas de dados, engenheiros, designers e especialistas em domínio. “A capacidade de se comunicar de forma eficaz, traduzir resultados técnicos para não técnicos e colaborar com colegas de diferentes áreas é fundamental para o desenvolvimento de projetos que fazem uso da IA”, conta Weiler.
Ética, responsabilidade e segurança
À medida que a IA se torna mais poderosa, a consideração ética se torna ponto fundamental, com isso os profissionais devem compreender as implicações éticas da IA e serem capazes de tomar decisões responsáveis ao desenvolver e implantar soluções de IA. Além disso, à medida que a tecnologia avança, novas vulnerabilidades surgem, tornando-nos mais suscetíveis a ameaças digitais. “Já testemunhamos como vídeos deepfake podem facilmente convencer as pessoas de que estão visualizando imagens autênticas. Também não podemos ignorar o uso de vozes sintetizadas por meio da IA para a realização de fraudes e ataques de phishing. Nesse cenário as indústrias enfrentam um déficit significativo de profissionais especializados em segurança cibernética, sendo que o desenvolvimento de habilidades voltadas para a detecção e prevenção de ameaças relacionadas à IA, representam habilidades fundamentais”, reforça o consultor.
Pensamento criativo
A IA é uma ferramenta poderosa que requer pensamento criativo para resolver problemas complexos, com isso os profissionais devem ser capazes de pensar fora da caixa, experimentar abordagens inovadoras e encontrar soluções únicas para desafios específicos. “A IA generativa tem uma alta capacidade de criar conteúdo inovador, porém são conteúdos que combinam elementos de conceitos já existentes para gerar algo aparentemente novo (como é o caso de ferramentas como ChatGPT e Dall-E). Sendo assim, a verdadeira criatividade permanece como uma habilidade exclusivamente humana e aqueles que conseguirem utilizar a criatividade a seu favor continuarão sendo altamente valorizados por um longo período de tempo”, conta.
Resolução de problemas
A IA é frequentemente usada para resolver problemas complexos e os profissionais precisam ter habilidades sólidas de resolução de problemas, identificando questões, propondo soluções e refinando modelos de IA conforme necessário. “Profissionais de IA precisam ser capazes de analisar problemas, identificar padrões e desenvolver algoritmos eficazes para resolver questões específicas. Essa habilidade vai além de simplesmente aplicar modelos de IA existentes, trata-se de adaptar e personalizar esses modelos para atender às necessidades únicas de cada situação”, afirma Weiler.
Adaptabilidade e aprendizado contínuo
A IA é uma área em constante evolução e os profissionais devem estar dispostos a aprender continuamente, acompanhar as últimas tendências e ajustar suas habilidades à medida que a tecnologia avança. “As máquinas não possuem uma sede natural pelo conhecimento. Elas adquirem informações apenas quando são programadas para tal. Portanto, uma habilidade que eu enfatizaria para todos é a capacidade de questionar constantemente o ambiente que nos cerca e cultivar um forte desejo por novos aprendizados e informações”.
Importante frisar que este conjunto de habilidades e competências seguramente receberá adaptações ao longo do tempo e que não é mandatório que um profissional domine todas estas áreas na sua totalidade, até porque cada área de atuação demandará conhecimento em diferentes níveis. Um executivo da área de dados, por exemplo, não necessitará de profundo conhecimento técnico operacional em linguagem de programação, mas seguramente precisará ter muito bem desenvolvidas as habilidades de comunicação, colaboração, gestão de equipes, pensamento criativo e resolução de problemas, entre outras. Fundamental levar a sério o processo de Life Long Learning e avançar no processo continuado de desenvolvimento e formação pessoal, este será o grande diferencial a médio e longo prazo para profissionais que queiram se manter no mercado de forma competitiva”, finaliza Weiler.