Marujos Pataxó apresenta samba indígena em álbum

Marujos Pataxó
Marujos Pataxó

Suprindo uma lacuna na história da MPB, Marujos Pataxó lança um álbum que reúne um repertório de samba indígena. Esta é uma parte da música brasileira que ganha o seu primeiro registro feito pelos seus criadores e celebrando seus encantados. Presentes na formação do gênero no sul da Bahia, as tradições percussivas e rítmicas do samba indígena seguem preservadas na Aldeia Mãe Barra Velha, no território Pataxó, onde o samba é um ritual sagrado no qual os indígenas expressam sua fé e cultura com originalidade, passando de geração em geração através de músicas que retratam a natureza e a vida no campo. Este é um registro histórico lançado pelos selos ybmusic e Sala da Toscaria.

Ouça “Marujos Pataxó”: https://lnk.fuga.com/marujospataxo_aforcadosencantados  

O álbum tem produção musical de Lenis Rino (Fernanda Takai, Matheus Aleluia, Tatá Aeroplano, Palavra Cantada), direção técnica de Tejo Damasceno (BNegão e os Seletores de Frequência, Sabotage, Instituto) e masterização de Fernando Sanches (Criolo, Baianasystem). O projeto, com apoio do Natura Musical, ainda ganhará um documentário que apresenta a história do grupo, do gênero musical e do próprio povo Pataxó, um clipe e um remix assinado pelo Tropkillaz.

A contribuição dos povos originários para o que consideramos brasileiro é muitas  vezes invisibilizada. Isso ocorre na vida pública, na língua, nos costumes, na culinária, na medicina, na arte e na música. O projeto visa a reconhecer a influência indígena na criação do samba brasileiro. Além de fortalecer e divulgar essa forma musical única, busca melhorar a qualidade de vida na Aldeia através da arte, gerando emprego, renda e preservando a cultura tradicional Pataxó. A marujada indígena se apresenta para o país todo compartilhando a memória, a luta e a cultura dos ancestrais de forma sustentável e global por meio da valorização de suas raízes na Aldeia Mãe Barra Velha.

O território, que conta com o Parque Nacional do Monte Pascoal e fica tão perto de onde começou a invasão em 1500, foi o primeiro aldeamento do Brasil e já consta com 523 anos de resistência. Depois do trágico massacre ocorrido em 1951, houve uma diáspora do povo Pataxó por diversos pontos do país, que ainda enxergam aquela aldeia e região como parte de suas raízes.

Um retrato da resiliência e da força, a cultura do povo Pataxó segue firme apesar de massacres, dores e de mais de quinhentos anos de invasões sofridas. O preconceito é uma forma constante e invisível de repressão, experimentada por muitos, mas debatida por poucos. A repressão ativa e violenta inclui a queima de casas, invasão de terras e até assassinato de indígenas. Permanecer nas terras, apesar de décadas de repressão cultural, é um ato de resistência em nome das gerações passadas e futuras. Por isso, o resgate cultural que ocorre por meio da valorização da identidade indígena é tão importante.

Marujos Pataxó foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura da Bahia (FazCultura), ao lado de Casa do Hip-Hop Bahia, Cronista do Morro, Festival Pagode Por Elas, Os Tincoãs e Ventura Profana. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos de música até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira, como Margareth Menezes, Luedji Luna, Mateus Aleluia, Mahal Pita e Casa do Hip Hop da Bahia.

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