quarta-feira, 22 janeiro 2025
20 C
Curitiba

A tecnologia ainda aguarda na sala de espera do médico

* Ieda Jatene e Guilherme Rabello

Telemedicina, sistemas de registros eletrônicos, holter, MAPA, telecardio e assim por diante. A tecnologia aplicável à medicina, sobretudo aquela disponível para o dia a dia da prática clínica e cirúrgica e que garante desde diagnósticos mais precisos até a otimização do tempo do profissional, ainda aguarda na sala de espera. A conclusão é de uma pesquisa realizada com participantes da última edição da Arena de Inovação e Tecnologia, que integrou o 43º Congresso da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, em junho de 2023. Entre os resultados, 81% não fizeram nenhum treinamento ou curso sobre tecnologia em saúde e 75,9% não pertencem a nenhuma organização ou grupo relacionado à tecnologia e inovação.

Já a telemedicina não é empregada por mais de ¼ dos consultados (26,9%) e 33,3% utilizam o recurso raramente (uma vez por mês ou menos). Outro achado preocupante: quando o assunto é conhecimentos de prontuários eletrônicos, os que se autointitulam iniciantes ou intermediários somam quase 60%.

Dispositivos tecnológicos desenvolvidos para facilitar ou aprimorar os atendimentos não integram a rotina da maioria. Tele-eletrocardiograma, monitores digitais de bioparâmetros, polissonografia e até smartphones e telefones voltados aos atendimentos são ferramentas para apenas 1,3% dos entrevistados. Próteses impressas em 3D têm a adesão de 2,6% e só 6,4% usam o sensor de glicose. Entre os que foram inqueridos, ninguém havia empregado cirurgia robótica.

O questionário também avaliou a familiarização dos profissionais com as tecnologias emergentes, como inteligência artificial (IA) em diagnóstico e tratamento; blockchain na gestão de dados de saúde; realidade virtual (RV) para reabilitação e terapia do paciente e monitoramento remoto por meio de dispositivos de internet das coisas. E 65% admitiram não ter contato com nenhum desses sistemas.

Para 77,2%, a justificativa para esta falta de intimidade com as novas tecnologias é a ausência de treinamento e recursos e 44,3% responsabilizaram a restrição de custos e o orçamento. Já 30,4% apontaram a resistência dos colegas ou da gerência dos locais de trabalho e 22,8% atribuíram ao receio com a manutenção da privacidade dos dados.

Mas há luz no fim do túnel: apesar de, por enquanto, não serem recursos presentes na rotina clínica e cirúrgica, cerca de 85% afirmaram que gostariam de ter mais informações sobre a incorporação das novas tecnologias na saúde.

Perfil dos entrevistados
38% dos respondentes tinham entre 25 e 34 anos; 26,6% entre 35 e 44 anos; 13,9% de 45 a 54 anos e outros 13,9 de 55 a 64 anos. Os especialistas formaram a maioria com 45,6% do total; 16,5% eram estudantes de pós-graduação ou residência; 13,9% eram mestres e 8,9% universitários. Os consultados atuam em medicina, enfermagem, nutrição, educação física, fisioterapia, tecnologia e consultoria médica.

O Congresso da SOCESP de 2023 contou com 760 conferencistas dos Estados Unidos, Canadá, Itália, além de lideranças acadêmicas da Cardiologia e profissionais de educação física, enfermagem, farmacologia, fisioterapia, nutrição, odontologia, psicologia e serviço social e um grupo de estudos em cuidados paliativos em mais de 800 palestras e debates. Foram 7.684 pessoas vindas de todos os estados brasileiros, sendo 6.327 médicos, residentes e acadêmicos de medicina, 1.083 de áreas interdisciplinares da saúde e 74 de outros segmentos.

Medicina de hoje
A Arena de Inovação e Tecnologia da SOCESP contribuiu para ampliar conhecimento científico ao abordar temas de fundamental importância para o avanço da medicina. Presente no Congresso da SOCESP há duas edições, trata-se de um evento dentro do evento, com grade de programação própria e específica, com conteúdo sobre novas tecnologias aplicáveis à cardiologia em particular e à medicina em geral. ChatGPT, IA e seu impacto na cardiologia; tele monitoramento assistido; impressão 3D do coração e o ecossistema das HealthTechs foram algumas das oficinas da última edição.

As aulas da arena são verdadeiros catalisadores e proporcionam um ambiente inspirador para aprendizado, networking e divulgação do conhecimento. E isso vai de encontro à expectativa de 85% dos entrevistados, que gostariam de ter acesso a informações sobre este universo. Para este grupo, o convite da SOCESP é oportuno: o time técnico e científico da Arena de Inovação e Tecnologia já está desenvolvendo a versão 2024 do encontro. Porque o futuro já chegou e tecnologia não é ficção científica: é instrumento de trabalho do médico do século 21.

*Ieda Jatene é presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP (gestão 2022/2023) e Guilherme Rabello é head de inovação do Instituto do Coração (InCor) e coordenador da Arena de Inovação do Congresso da SOCESP.

 

Destaque da Semana

Café Curaçao encerra Verão em Guaratuba

“Para fechar a temporada de shows do verão 2025,...

Ponte de Guaratuba ganha forma com instalação de vigas longarinas

Até o momento, 29 vigas longarinas, que são as...

Trajeto de trem Curitiba-Morretes supera roteiros ferroviários da Suíça, Itália e Japão

Curitiba consolida sua posição como destaque do turismo. Reconhecida...

Jovens que fumam “vape” têm pior desempenho em exercícios físicos

Estudo britânico mostra que tanto fumantes de cigarro eletrônico...

Artigos Relacionados

Destaque do Editor

Popular Categories

Mais artigos do autor