Somente no Brasil, calcula-se entre 9 e 10 milhões de pessoas infectadas pelo papilomavírus humano (HPV) e 700 mil novos casos a cada ano, informa o Instituto Butantan. Existem mais de 200 tipos de HPV, categorizados em alto e baixo risco para o surgimento de cânceres. Enquanto os HPV de alto risco apresentam um grande potencial oncogênico, o contrário ocorre com o segundo grupo, composto pelos vírus tipo 6, 11, 40, 42, 43, 54, 61, 70, 72, 81 e CP6 108. Mesmo assim, eles não devem ser subestimados.
O alerta é de Jordana Nascimento Pereira, ginecologista do Hospital VITA Batel, endoscopista ginecológica: “Essas cepas do vírus estão associadas principalmente ao desenvolvimento de verrugas genitais (condilomas) e outras lesões benignas na pele e mucosas. Ao contrário do HPV de alto risco, que está mais diretamente ligado ao câncer cervical e a outros tipos de câncer, as cepas de baixo risco geralmente não apresentam um risco significativo de malignização. No entanto, embora o risco de câncer seja baixo, o HPV de baixo risco ainda pode causar desconforto e lesões na área genital além de ser altamente contagioso”.
“É importante entender que existem tipos diferentes de HPV, cada um com suas próprias características e potenciais complicações. Embora o risco de câncer seja considerado baixo com essas cepas virais, em casos raros, pode ocorrer malignização, principalmente se houver lesões persistentes”, adiciona a médica.
As verrugas podem aparecer na região genital, no ânus, na boca, na garganta e em outras áreas íntimas. Nas mulheres, elas também podem surgir no colo do útero e na região vaginal. A ginecologista explica que as verrugas podem ser únicas ou múltiplas, variando em tamanho e aparência: planas, elevadas ou semelhantes a uma couve-flor. Os sintomas do HPV de baixo risco que são comuns a homens e mulheres incluem coceira, desconforto ou sensação de queimação na área afetada, mas a infecção também pode ser assintomática, ou seja, muitas pessoas podem ter o vírus sem apresentar sintomas visíveis.
“O HPV é considerado de ‘baixo risco’ em comparação com o HPV de ‘alto risco’ devido à probabilidade estatística de causar câncer. No entanto, é importante entender que o termo ‘baixo risco’ se refere principalmente à capacidade relativa do vírus de causar câncer, em comparação com certas cepas de HPV que são conhecidas por serem mais propensas a desencadear câncer. Portanto, enquanto o HPV de baixo risco é menos preocupante em relação ao câncer, não deve ser subestimado”, observa Jordana.
Homens e mulheres são igualmente suscetíveis à infecção pelo HPV, que é transmitido principalmente por meio do contato direto com a pele ou mucosas infectadas, normalmente durante a atividade sexual, incluindo relações sexuais vaginais, anais e orais. Entretanto, a transmissão não requer penetração sexual completa: o simples contato com áreas infectadas é suficiente para a transmissão do vírus.
Medidas preventivas como vacinação e uso de preservativos reduzem transmissão
Como não existe um tratamento específico contra o HPV e as lesões provocadas pelo vírus podem evoluir para doenças graves, é importante adotar medidas preventivas para reduzir o risco de contaminação. Algumas delas são a vacinação, a realização de exames médicos regularmente, o uso consistente e correto de preservativos durante a atividade sexual (embora não ofereça proteção total, pois o vírus pode estar presente em áreas desprotegidas pelo preservativo), a limitação do número de parceiros sexuais para diminuir o risco de exposição ao HPV e a outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), educação sexual abrangente e conscientização sobre o HPV e suas formas de transmissão e evitar o tabagismo.
Realizar exames médicos de rotina é importante para detectar precocemente infecções por HPV, incluindo verrugas genitais e outras lesões relacionadas ao vírus. Isso evita complicações e a disseminação da infecção. Segundo Jordana, as mulheres devem fazer o exame de Papanicolau para detectar alterações nas células cervicais relacionadas ao HPV e ao câncer cervical e a colposcopia para avaliar o colo do útero em detalhes. Já os homens que praticam sexo anal receptivo precisam fazer anuscopia, que possibilita a avaliação do ânus e do reto e a busca de lesões relacionadas ao HPV. Além disso, os médicos podem fazer exames clínicos para avaliar a presença de verrugas genitais.
Tratamento
Para o HPV de baixo risco, as opções incluem tratamentos tópicos, que podem ter aplicação de substâncias químicas, como ácido tricloroacético (TCA) ou podofilina para ajudar a destruir as verrugas, crioterapia, procedimentos cirúrgicos, que podem ser realizados em casos de verrugas genitais extensas ou que não respondem a outras terapias, tratamentos a laser e imunoterapia, que se refere ao estímulo do sistema imunológico do paciente para combater a infecção.
“É importante que o tratamento seja determinado por um profissional de saúde, que avaliará o tipo e a extensão das lesões, bem como as preferências e necessidades individuais do paciente”, ressalta Jordana.
Exames moleculares previnem complicações do papilomavírus humano
Uma das soluções mais indicadas é a biologia molecular, que oferece respaldo para pacientes e profissionais e identifica a presença do vírus até mesmo em pacientes assintomáticos, classificando-os em casos de HPV de baixo e alto risco, o que não é possível com outros métodos de diagnóstico. Outros benefícios dos testes moleculares são rapidez (o resultado sai em poucas horas), grande sensibilidade e especificidade.
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