A primeira padaria da cidade, fundada pela família Kleber chega à 3ª geração com inovação sem perder a tradição
A Panificadora e Confeitaria Central é aquele lugar onde o tradicional e o novo se encontram. Foi pioneira em vários serviços e inovações, mantendo sua base familiar no mesmo endereço em uma esquina movimentada da Vila Casoni, e segue em frente como o estabelecimento mais longevo da cidade.
Fundada pelo casal Ernestina e Osmar Kleber, a Panificadora Central abriu suas portas em fevereiro de 1960 na Rua Caraíbas, 199, em um tempo em que Londrina seguia os dias no ritmo de uma típica cidade do interior.
“A rua da frente era de paralelepípedos e a lateral era de terra batida. Convivíamos com o barro em dias de chuva e com a poeira em períodos mais secos. Tinha que usar o espanador para limpar o balcão o dia todo”, relembra Lauro Kleber, filho de Osmar e Ernestina que assumiu o comando da panificadora ao lado do irmão Valdemar.
O empresário conta que o pai aprendeu o ofício de padeiro ainda menino. Anos depois, trabalhou na Padaria Cristal na Rua Guaporé e em seguida, abriu seu próprio negócio. Já casado e com filhos, todos trabalhavam no estabelecimento. “Além da família toda atrás do balcão, a Central tinha mais de 50 carrinheiros que faziam a entrega de pão e leite por toda a cidade.”
Pioneirismo e tradição
Mesmo sendo a mais antiga da cidade, a Panificadora Central foi a primeira panificadora do interior do estado a informatizar o atendimento. “Também inovamos no projeto de interiores com um design moderno para a época, nas entregas com o “Disk Central”, e com o inédito serviço de coffee break e coquetel, algo que somente buffets faziam. Hoje, todo mundo oferece o serviço, mas na época, somente a Central fazia essa entrega com garçom e bebidas.”
A inovação anda junto com a tradição na Central, conhecida por manter em seu cardápio, algumas preciosidades como os quindins, os pudins, tortas com chantily, maria mole, bolos floresta negra e de frutas cristalizadas, bombas, entre outras delícias.
“Oferecemos pão, doces e bolos com sabor de infância”, conta Lígia Kleber, uma das filhas de Lauro que estão assumindo a administração da panificadora. “Nosso foco é seguir inovando, mas sem perder a tradição.”
Mulheres no comando
Há dois anos, durante o período da pandemia, as filhas de Magali e Lauro Kleber, Lígia e Beatriz, começaram a se aproximar dos negócios. Até então elas viviam fora de Londrina quando a pandemia as trouxe de volta à cidade.
“Fomos atrás de nossos sonhos, atuamos em outras áreas, e a vida nos trouxe de volta. Nós crescemos convivendo com a rotina da padaria. Brincávamos com a massa de pão e agora voltamos às nossas raízes”, comenta Beatriz Kleber.
Se Beatriz dedica-se à linha de produção, o foco de Lígia é a área administrativa. “Trabalhei oito anos com gestão de projetos internacionais, então pude trazer planejamento estratégico e visão de futuro para os negócios. No começo houve resistência com as novidades que estávamos propondo. Com as melhorias e o resultado no faturamento, conseguimos vencer todas as barreiras”, explica Lígia Kleber.
Elas contam que ainda têm um caminho para seguir, mas que estão conseguindo trazer novos olhares para os negócios. “Me incomoda quando se usa o termo “dar o sangue” pela empresa. Eu acredito que o sucesso pode ser algo saudável, sem sacrifício e leve. Não quero mais que meu pai e meu tio trabalhem 12 horas por dia, algo comum no segmento nos anos 1980, 1990. Hoje é possível ter soluções que ofereçam qualidade de vida. Minha meta é fazer uma gestão à distância.”
Neste processo, as irmãs já conseguiram por exemplo, que o pai e o tio diminuíssem o tempo de permanência na padaria. “Eles estão conseguindo descansar, viajar de férias, ter tempo para outras atividades fora o trabalho. Conseguimos implantar diversos serviços como o iFood e delivery, reestruturamos o cardápio para oferecer café, colocamos som ambiente… São medidas que estão contribuindo para aumentar o movimento da loja.”
Bons olhos
Os irmãos Lauro e Valdemar Kleber estão vendo a renovação com bons olhos. “Começamos com nossos pais, nós demos continuidade ao que eles fizeram, e agora chegamos à 3ª geração. As meninas trazem novos olhares, novos processos e isso é muito bom. Meus pais iriam gostar de ver essa transição.”