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Alergia alimentar mais comum em bebês de até um ano: conheça a APLV

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Créditos: divulgação

De acordo com protocolo do Ministério da Saúde, diagnóstico é multifatorial e precisa ser feito com cuidado

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Vômito, constipação, diarreia, irritabilidade, anafilaxia. Todas essas são consequências da alergia à proteína do leite de vaca (APLV), tipo de alergia que, em casos graves, pode até levar a um choque anafilático. Diferente da intolerância à lactose – que é uma intolerância ao açúcar do leite por deficiência de lactase, proteína que dilui esse açúcar -, a APLV é a “reação adversa a alimentos mais comum na infância”, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria. Um relatório de 2022 da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), do Ministério da Saúde, também afirma que essa é a alergia alimentar mais frequente em crianças de até um ano.

Ainda segundo o relatório, a prevalência da doença no Brasil é de 5,4% e a incidência é de 2,2%, entre crianças com idade menor ou igual a 24 meses. “Os sintomas, em geral, se desenvolvem após a introdução do leite de vaca (LV), de fórmulas infantis para lactentes, ou de seguimento, a base de LV, ou alimentos à base de LV (por exemplo, mingau de aveia ou leite com outros tipos de engrossantes ou farinhas)”, afirma um trecho do documento. A APLV ocorre devido a uma resposta anormal do sistema imunológico às proteínas do leite de vaca, que são reconhecidas como uma ameaça pelo organismo. As causas são variadas e, embora esse evento seja pouco frequente, uma pequena parte dos bebês pode mesmo desenvolver a alergia ao entrar em contato com a proteína do leite por meio do leite materno, se a mãe que amamenta consumir leite e seus derivados.

Para a pediatra e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo, Gislayne Souza Nieto, esse não é motivo para adotar dietas restritivas indiscriminadamente. “Essa alergia depende de outros fatores. Eventualmente temos casos de crianças que apresentam sintomas de dificuldade de digestão se a mãe tomar muito excesso da proteína do leite de vaca, mas uma coisa não está diretamente ligada à outra, já que a maioria das crianças não desenvolve quadro de alergia à proteína”, explica.

Sintomas e diagnóstico

Variados, os sintomas da APLV podem se manifestar como um mal-estar depois das mamadas, ou como vômitos e diarreia, mas o contrário também acontece, com a criança apresentando constipação intestinal. Baixo ganho de peso, distensão abdominal e irritabilidade também estão na lista de possíveis sinais de alerta. Segundo a Conitec, os sintomas podem aparecer imediatamente ou levar até duas semanas para se apresentarem. Devido a esse quadro amplo de sintomas, o diagnóstico precisa ser feito combinando uma série de testes, como recomenda o relatório da Conitec.

Cuidados após o parto

“O que causa a alergia à proteína do leite de vaca em bebês é a exposição ao leite de vaca. Então, tentamos ao máximo não expor a criança ao leite de vaca no período neonatal para não sensibilizar essa criança e não causar essa alergia”, detalha Gislayne. As fórmulas infantis, embora industrializadas, são feitas à base da proteína do leite de vaca. Também por isso é tão importante, sempre que possível, manter os bebês em aleitamento materno exclusivo.

Como substituir o leite de vaca

Segundo a nutricionista e professora do curso de Nutrição da Universidade Positivo (UP) Camila Furtado, o leite de vaca pode ser substituído por leites vegetais, entre eles o de soja, amêndoa, aveia e castanha de caju, que costumam ser enriquecidos com nutrientes como o cálcio, presente no leite de vaca. “Também temos opções derivadas desses leites vegetais, como iogurtes, queijos e até tofu. Além disso, há outros alimentos que são fontes de cálcio e que podem ser inseridos no planejamento alimentar, entre eles vegetais verde escuros, leguminosas, oleaginosas, sementes e sardinha”, complementa. No entanto, é importante ressaltar que essas substituições só devem ser feitas quando se trata de crianças mais velhas e, no caso de bebês, é muito importante fazer o acompanhamento com pediatra para definir o melhor tratamento.

A especialista lembra, ainda, que, depois de completar um ano de vida, os bebês podem obter o cálcio e outros nutrientes essenciais de uma ampla variedade de fontes alimentares. “Se a criança tiver APLV ou intolerância à lactose, é importante garantir que a alimentação seja equilibrada e inclua outras fontes de cálcio. Também não podemos esquecer que ingredientes derivados do leite de vaca estão presentes em muitos alimentos processados e produtos embalados, o que torna importante verificar os rótulos antes de consumi-los”, afirma.

No caso dos lactentes, o tratamento para APLV é tirar o leite de vaca da dieta da mãe. Isso significa que ela não poderá ingerir nem leite e nem seus derivados. “Não se pode consumir alimentos que tenham traços de caseína e outros derivados do leite de vaca e, assim mesmo, há alimentos industrializados que têm traços. Isso faz com que a dieta seja muito difícil de ser seguida, o que às vezes nos obriga a abrir mão da amamentação para oferecer à criança fórmulas específicas à base de isenção ou hidrólise dessa proteína para essa criança não ter mais sintomas”, destaca a pediatra.

Camila ressalta a importância de ter um acompanhamento profissional para essa tomada de decisão. “A escolha entre continuar a amamentação, ajustando a alimentação da mãe para evitar traços de alérgenos, e a transição para fórmulas especiais deve ser tomada com o apoio de profissionais de saúde, considerando os benefícios da amamentação e as necessidades nutricionais individuais da criança”, completa.

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