Apesar do crescimento na última década, apenas 10,85% da força de trabalho formal na construção civil pertence às mulheres

Incorporadora Weefor é referência em liderança feminina no setor com 70% de mulheres em cargos de liderança

As vitórias rumo à equidade de gênero nos setores imobiliários e de construção civil estão em marcha, mesmo que ainda não tenham atingido velocidade máxima. No Brasil, a entrada das mulheres na profissão de corretor de imóveis só foi autorizada em março de 1958. 

Apesar de o número de corretoras tenha crescido impressionantes 144% na última década, elas ainda representam apenas 30% dos profissionais legalmente ativos na área, conforme revela a pesquisa mais recente do Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI).

No ramo da construção civil, 60% das novas contratações foram de pessoas do sexo feminino durante os primeiros cinco meses de 2023, como indicado pelo relatório do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). De acordo com os dados apresentados no Painel da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do Ministério do Trabalho, em 2010, apenas 7,8% da força de trabalho formal pertencia às mulheres nesse setor. Cerca de dez anos depois, em 2021, esse número subiu para 10,85%, representando aproximadamente 207 mil mulheres empregadas na construção civil.

Para a CEO da incorporadora Weefor, Maria Eugenia Fornea, embora haja avanços na conquista da equidade de gênero no mercado imobiliário, ainda há muito a ser feito.

“Nos canteiros de obras e na engenharia, o predomínio masculino persiste, dificultando a inclusão. Apesar de uma maior presença feminina em áreas como comercialização, marketing e desenvolvimento de produtos, é crucial avançar para garantir a participação de todos e reconhecer a sensibilidade feminina como um ativo valioso em setores tradicionais”, afirma a Maria Eugenia Fornea.

Desafios e oportunidades

De acordo com a CEO, um dos maiores desafios para as mulheres que atuam no mercado imobiliário é justamente lidar com esse ambiente formado majoritariamente por homens, que podem ser resistente à mudança e à inclusão.

“No entanto, estamos testemunhando uma mudança gradual, impulsionada por líderes femininas que estão conquistando espaço em posições estratégicas e promovendo uma cultura mais diversificada e inclusiva”, garante Maria Eugenia.

Paula Morais, arquiteta e fundadora do Estúdio Convexo Arquitetura, atua nesse ramo há 17 anos e conta que, quando era mais jovem, ao chegar no canteiro de obras, nem sempre se sentia confortável.

“No entanto, atualmente, isso já não me causa incômodo. Tornou-se tão natural para mim que, ao longo do tempo, desenvolvi tanta confiança quanto os homens, e a presença masculina já não me intimida.”

Vantagens da equidade de gênero

Maria Eugenia acredita que a equidade de gênero no setor imobiliário e de incorporação traz uma série de vantagens.

“Para o sucesso no desenvolvimento de projetos imobiliários é essencial ter uma compreensão abrangente dos impactos econômicos, sociais e ambientais envolvidos. Uma equipe diversificada está mais bem preparada para tomar decisões que atendam às necessidades dos clientes e demais partes interessadas, resultando em mais inovação, eficiência e resultados sustentáveis a longo prazo, garante a empresária.

Paula acrescenta que a perspectiva das mulheres tem um impacto direto nos projetos imobiliários, influenciando o produto final entregue ao mercado.

A abordagem inovadora e multidisciplinar das mulheres, aliada à agilidade nas tomadas de decisão, reflete nossa capacidade de lidar com múltiplas tarefas simultaneamente. Essa versatilidade, exigida pela demanda social, representa um diferencial no setor, ressaltando a diversidade de pensamento e a inovação nas decisões tomadas”, declara a arquiteta.

Maria Eugenia ressalta a Weefor como um exemplo do aumento da participação feminina e das contribuições desse fenômeno, uma vez que na empresa a presença feminina é significativa, ocupando 70% dos cargos de liderança em áreas-chave como engenharia, comercial e marketing. Além disso, a diretoria é exclusivamente composta por mulheres.

“Em nossos processos seletivos, valorizamos não apenas a competência técnica, mas também a afinidade com nossa missão. Naturalmente, as mulheres tendem a preencher esses requisitos de forma mais completa. Nossa empresa é centrada nas pessoas e valoriza as habilidades femininas, como a intuição. Com um time composto por 80% de mulheres, destacamos um diferencial significativo na construção de comunidades vibrantes.”

“Entendo que nós, mulheres que atuamos nesse setor imobiliário e da incorporação, somos pilares importantes para a criação de espaços inovadores e inclusivos. Consequentemente, contribuímos para o futuro das nossas comunidades”, acrescenta Paula.