Por Ronald Lorentziadis*
A inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel relevante em várias áreas, uma delas é a saúde, principalmente para o rastreamento de demências, como o Alzheimer, uma doença debilitante que afeta a função cognitiva, e apresenta um desafio para o seu diagnóstico nos estágios iniciais.
No entanto, já existe uma tecnologia que ajuda nesse cenário, o ALTOIDA, que utiliza a inteligência artificial e os biomarcadores digitais para detectar microerros não perceptíveis à observação humana. Tudo acontece via tablet, ou seja, nada invasivo, em um tempo de 12 minutos, por meio de atividades que avaliam o rastreio ocular, a pressão e precisão do dedo na tela, o caminhar, e a memória. Traz ainda a realidade aumentada imersiva utilizada para que a pessoa esconda os objetos durante o teste. São avaliados mais de 850 parâmetros, que são convertidos em análise de domínios cognitivos, de fácil interpretação por especialistas.
Com essas informações em mãos, o paciente tem a possibilidade de ser orientado pelo seu médico a fazer mudanças de hábitos, passar por reabilitação e iniciar tratamento farmacológico.
Detalhe: o exame deve ser repetido periodicamente – assim como a pessoa faz o exame para controlar o colesterol -, pois os dados permitem uma comparação de como a pessoa estava e como ela está. O especialista também avalia se o tratamento proposto está fazendo efeito, e se o paciente está mantendo ou então retardando o surgimento de fases avançadas da doença.
Vale lembrar que esse exame é respaldado por pesquisas científicas publicadas em periódicos internacionais, e com mais de 120.000 pessoas testadas pelo mundo inteiro – só no Brasil já são cerca de 4.000 pessoas e esse número continua crescendo.
IA vai substituir os outros exames ou médicos?
Não tem fundamento e não vai acontecer. O profissional de saúde, com essas tecnologias, estará mais atento às questões integrativas. E quanto mais ferramentas ele tiver para facilitar a vida do paciente, melhor será para a acurácia do diagnóstico em comparação com os processos atuais.
Temos uma população que vem envelhecendo, e mensurar a degeneração cerebral é essencial para que as pessoas continuem tendo qualidade de vida. A cada ano, cerca de 350 mil pessoas desenvolvem demência de início precoce (antes dos 65 anos) em todo o mundo, de acordo com pesquisa publicada pela Alzheimer’s Association, que prevê ainda que os casos globais de demência tripliquem até 2050.
*Ronald Lorentziadis tem mais de 20 anos de atuação no setor da saúde, foi apontado como um dos 100 profissionais mais influentes da área. É sócio-diretor da BIOCARE | SPARKIA – Inovação em Saúde, empresa voltada ao setor de saúde e de healthcare, além de investidor e conselheiro de startups da área.