A definição de cuidados paliativos foi atualizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017, sendo que o conceito existe desde 1990, ou seja, são ações que consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, ou seja, como uma forma de aliviar o sofrimento com compaixão, controlando os sintomas e a dor, buscando oferecer qualidade e bem-estar enquanto o paciente estiver sendo assistido. Mesmo assim, com mais de três décadas de existência, os cuidados paliativos ainda são um tabu na sociedade que, por muitas, vezes desconhece quando essa assistência com o paciente deve ser aplicada durante o tratamento.
A médica clínica com especialização em medicina paliativa e em dor Lisiê Cristini Bicalho, do COP – Centro de Oncologia do Paraná, explica que os cuidados paliativos não se tratam de um tratamento, mas sim de uma abordagem que cuida de pacientes com doenças graves, como o câncer. “É uma interpretação que visa promover a qualidade de vida, melhorar o controle de sintomas e tudo aquilo que uma doença grave pode trazer para a rotina do indivíduo, seja ela curável ou não, reversível ou não. É uma filosofia onde o centro do cuidado é a pessoa em seu âmbito social, físico, espiritual e psicológico, para que ela sempre seja vista como um todo.”
Em uma consulta com o médico paliativista será possível realizar o manejo de sintomas difíceis que possam ocorrer, como dor, dificuldade em respirar, falta de apetite, náuseas decorrentes da doença ou do tratamento, cansaço, e outros que afetem prejudiquem a qualidade de vida. O cuidado paliativo está diretamente relacionado à decisão compartilhada e deve ser realizado idealmente pela equipe multiprofissional que acompanha o médico durante o tratamento, de preferência, desde o momento do diagnóstico.
A equipe normalmente é composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, assistentes sociais e outros profissionais que atuem em atividades ligadas às necessidades do paciente e de seus familiares. Um rigoroso controle de sintomas promove a qualidade de vida e ajuda a pessoa a exercer a sua dignidade. Também faz parte do acompanhamento com o médico paliativista uma comunicação assertiva e acolhedora, onde notícias difíceis sejam passadas de forma conjunta com o paciente e sua família e que as decisões em respeito ao cuidado sejam tomadas conjuntamente.
O objetivo do acompanhamento é fazer com que as ações escolhidas estejam de acordo com o que o paciente deseja e como gostaria de ser cuidado. “Se um dia você ou alguém que ama apresentar uma doença grave, peça por cuidados paliativos”, ressalta a médica paliativista Lisiê Cristini Bicalho.