Estatísticas do Instituto Nacional de Câncer – INCA mostram que o câncer de pulmão é o segundo tipo mais comum entre homens e mulheres no Brasil (exceção do câncer de pele não melanoma), atingindo cerca de 30 mil brasileiros anualmente. Em 90% dos casos esse tumor está relacionado ao tabagismo. Além disso, há, também, fatores ligados à poluição do ar e à exposição a agentes químicos ou físicos.
As estimativas do INCA reforçam a importância de conscientizar a população sobre esse tipo de câncer que afetará cerca de 18 mil homens e 14 mil mulheres. Uma das melhores formas de prevenção é evitar o consumo de tabaco e manter o distanciamento de pessoas que fumam, evitando a exposição passiva.
Os dois principais tipos de câncer de pulmão são o carcinoma de pequenas células e o carcinoma de não pequenas células. Eles se diferenciam pela aparência de suas células. O carcinoma de pequenas células é o tipo mais agressivo de câncer e pode se disseminar rapidamente para outras partes do corpo, gerando metástases. Está fortemente vinculado ao consumo de tabaco. Já o carcinoma de não pequenas células é o tipo mais frequente, sendo responsável por 90% dos casos.
Ao perceber algum sintoma, busque um especialista
Os sintomas do câncer de pulmão costumam aparecer quando a doença já está em um estágio avançado, como tosse ou rouquidão persistentes, escarro com sangue, cansaço e falta de ar, dor no peito e perda de peso e apetite. Ao sentir alguns desses sintomas, é recomendado procurar orientação médica imediatamente. Caso o diagnóstico da doença se confirme, é preciso dar início ao tratamento, visando um melhor prognóstico.
Pessoas que fumam devem estar em alerta e fazer os exames de rotina regularmente. Para fumantes acima de 50 anos é recomendado, como forma de rastreamento, a Tomografia Computadorizada de Tórax com baixa dose de radiação (TCBD), que deverá ser feita anualmente. A TCBD deverá ser indicada sob orientação médica.
Tratamento pode ser feito com radioterapia
Assim como qualquer tipo de câncer, o tratamento vai depender do estágio da doença, podendo ser utilizadas a cirurgia, quimioterapia, imunoterapia e radioterapia. O físico-médico Paulo Petchevist, do Oncoville, explica que as sessões de radioterapia para esse tipo de tumor são para atingir o local afetado para o controle da doença, com o objetivo de reduzir os sintomas e diminuir a possibilidade de progressão.
“Hoje em dia, os serviços de radioterapia dispõem de alta tecnologia para estudar o movimento do tumor de pulmão no momento da tomografia computadorizada de simulação. Neste estudo é possível entender como o tumor se movimenta durante o ciclo respiratório e assim irradiá-lo de forma focada, precisa e em poucas aplicações. A técnica utilizada é a SBRT (Radioterapia Estereotáxica do Corpo), onde muitos campos pequenos de irradiação são dispostos para entregar altas de doses de tratamento em até 5 frações ao volume-alvo no pulmão”.
Ao realizar a programação do tratamento, que é feita inicialmente antes do tratamento propriamente dito, também é realizado um estudo do movimento do tumor de pulmão no momento da tomografia computadorizada de simulação, assim é possível entender como ele se movimenta durante o ciclo respiratório e possibilitando a irradiação de forma focada, precisa e com poucas aplicações. “Técnicas que conformam e/ou modulam o feixe de radiação quando associadas a técnicas de localização, como a IGRT (Radioterapia Guiada por imagem), trazem resultados muito consistentes, pois têm a capacidade de entregar altas doses ao volume-alvo, preservando muito os tecidos e órgãos circunvizinhos a ele. Outra possibilidade é usar a tomografia 4DCT aliada à Radioterapia, então chamada de técnica de Radioterapia 4D, torna possível tratar um alvo móvel num instante específico em que ele se afasta dos órgãos sadios próximos. Para isso, esta técnica utiliza o próprio movimento respiratório do paciente para ligar e desligar o feixe de radiação de acordo com a posição do volume-alvo”, ressalta.
Hábitos saudáveis devem permanecer após o tratamento
Estudos indicam que a probabilidade de retorno da doença varia de acordo com o estágio, de 1 a 4, com o tipo de câncer e com os hábitos da pessoa. Essa possibilidade de o tumor voltar não é exclusivo do câncer de pulmão. No entanto, esses pacientes, em alguns casos, voltam a fumar após o tratamento, contribuindo para o retorno da doença. Mesmo depois do tratamento, é fundamental a pessoa manter hábitos saudáveis e não deixar de realizar exames de rotina indicados pelos médicos.